Depois que voltei de viagem em meados de Outubro consegui escalar algumas vezes, mas não tive tempo de reportar aqui no blog. Numa das ocasiões foi a reestréia do Kostas na rocha, diga-se de passagem, um mês antes do recomendado pelo médico, é claro. Eu estava meio travado e como ele, apesar de não reconhecer abertamente, sentiu dor ao escalar, nos contivemos e escalamos apenas duas vias, a Louki Look (V) e a Mávri (VI). Esta segunda ele fez só em top-rope e claramente passou dos limites dele (mais uma vez).
A segunda oportunidade em que fui escalar, além do Kostas, foi também o Michalis, um holandês de pai grego que me achou pelo CouchSurfing. Ele se auto intitula guia de montanha, mas tenho a impressão que ele é mais um guia de caminhadas. No final de Outubro ele veio a Creta para guiar um grupo de holandeses por uma semana em diversas caminhadas e como ele tem família por aqui, veio um pouco antes para se divertir e me chamou para escalar. O nível de escalada dele é bem baixo e como ele pratica mais em muro de escalada (top-rope com mosquetão de rosca) nem o nó oito ele sabia fazer. Meio contra a vontade do Kostas escalamos a Zéstama (IV) para o Michalis poder fazer uma via mais fácil primeiro. Então na sequência tentamos também a Mi-nous (V/VI) em top-rope. Apesar das más condições do Kostas ele insistiu que fossemos escalar a Sikiá (Vsup) para colocar um top-rope na via do lado, a Pedevousin Tékna (VIsup), que é de certa forma um fronteira no nível de escalada do Kostas que estava guiando ela com certa tranquilidade. Esta via é bem técnica e um pouco negativa e ele foi que foi. Ficou vermelho de tanto esforço e má respiração, e suou feito um porco. Como ele tinha que ir para o trabalho, ele nos deixou e entrei na sequencia. Acho que conheço um pouco mais os meus limites e parei na metade, já com dor nos dedos por causa dos regletes, logo antes de encarar o negativinho. Para que o Michalis pudesse experimentar mais uma via escalei a Louki Look mas começou a chover antes mesmo de eu chegar no topo da via. Terminei a via e desci rapidamente e nos abrigamos na caverninha para guardar as coisas. Convidei o Michalis para almoçar aqui em casa e comemos algumas panquecas assadas que sobraram do meu aniversário. O cara é bem legal e não tinha problema nenhum em mostrar dificuldade para escalar, perguntar como se faz as coisas, os nós e etc. Um comportamento raro, do tipo falta em algumas pessoas (meu amigo Kostas) e os coloca, bem como seus parceiros, em risco.
Já em novembro, ontem, fui no final da tarde com Kostas e o Spiros, escalar no Monte e fizemos a Louki Look e a Mávri. Depois o Kostas guiou a Sikiá para mais uma vez fazer top-rope na Pedevousin Tékna. O Spiros ficou sem fazer muita coisa o verão todo e fora o fato de ele já ser uma pessoa grande, ele ainda está um pouco acima do peso e só escalou um pouco a Louki Look e tentou o começo da Mávri, mas ficou satisfeito. Desta vez o Kostas se saiu um pouco melhor, mas continou sem respirar regularmente. Não me sai muito bem, mas consegui fazer a via sem cair.
O engraçado agora é ouvir os comentários técnicos do Kostas, algo como o Pelé ou o Romário de comentarista nas copas do mundo, ou seja, as coisas mais sem fundamentos possíveis. Mas tudo bem, eu me divirto. Outra coisa engraçada é que dá última vez eu meio que combinei de sempre escalarmos duas vias seguidas para perdermos menos tempo e não descansarmos entre as vias, como se elas fossem mais longas. Daí no dia que fomos com o Spiros, ele escalou o Look Louki e na sequencia já foi escalar a Mavri. O Spiros, não entendeu o que estava acontecendo, afinal achou que a vez era minha ou dele, e perguntou o que o Kostas estava fazendo. O Kostas respondeu cheio de pompa: "É um novo sistema!..."
Ele deveria conhecer o novo sistema de "como não se arrebentar denovo"
ResponderExcluirEduardo