sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Feliz Natal

A segunda metade deste mês foi bem corrida, e não tive condições de publicar no blog. Mas tive a oportunidade de escalar três vezes, inclusive hoje. Fiz várias fotos e publicarei ano que vem, já que estarei ausente de 26 a 31/12.

Feliz Natal e um ótimo Ano Novo!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Porto de Chaniá

Foto Panorâmica do Porto de Chaniá. É possível ver a Léfka Óri à direita e o Monte Várdia à esquerda.

(Passe o mouse sobre os sinais "<" e ">" para mover a foto 270º.)

Conquistadors of the Useless

Há muito tempo ouço falar do livro do Lionel Terray, "Os conquistadores do inútil". Os chatos de plantão afirmam que este livro é leitura obrigatória, ou pior, que escalador que se preze tem que ler este livro. Apesar de gostar muito deste tipo de literatura, não sou escalador que se preze, e acabou que nunca tinha atrás deste título especificamente. Faz alguns meses o Davi Marski se deu o trabalho de digitalizar os dois volumes da edição brasileira, há muito tempo esgotada. Tentei baixar os arquivos PDF sem sucesso. Todas as tentavias resultaram em arquivos corrompidos. Tentei baixar no Windows, no Linux, e testei em diferentes leitores de PDF e não deu.

Como a vontade de ler este livro estimulada pela iniciativa de tentar ler a versão em PDF não podia mais ser revertida, decidi comprar o livro para me dar de presente de aniversário. A edição em português, como escrevi acima, está esgotada, portanto comprei em inglês mesmo. O livro chegou um dia antes do meu aniversário e desde então tentei ler um pouco todo dia e finalmente terminei. A edição é da The Mountaineers Books, a mesma editora que publica o "The Freedom of the Hills" e vários outros livros de montanhismo. A edição deixa um pouco a desejar. Por exemplo, a capa é bem pouco atraente e apesar de as fotos serem impressas em folhas específicas com um papel melhor, a qualidade é muita baixa, inclusive da diagramação.

A leitura não foi muito fácil em virtude da grande quantidade de adjetivos usada que não constava (e provavelmente ainda não consta) no meu vocabulário. Embora tenha tido um pouco de trabalho, a leitura não foi prejudicada. O livro tem uma narrativa com altos e baixos que é principalmente interessante quando ele expõe pensamentos, descreve outras pessoas, o relacionamento com elas e as coisas que ele aprendeu com a vida. Tudo isto muito mais do que pela descrição das inúmeras escaladas que ele fez. Embora algumas escaladas sejam descritas brevemente, o suficiente para resumir o que se passou, outras se estendem por várias linhas contando detalhes que interessam apenas aos escaladores que se preze.

Enfim, o livro é muito legal e recomendo a leitura para quem gosta de histórias de aventura, neste caso uma autobiografia e também da história do montanhismo. Pelo menos no meu caso, que não sei de cor o nome de todas as montanhas dos Alpes, Himalaias e etc, o acesso à internet é uma boa companhia para a leitura do livro, para que se possa pesquisar sobre os lugares que ele descreve.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

ΒΕΒΑΙΩΣΗ

Sábado foi dia de receber o certificado. O evento que teve direito a cartaz de divulgação nas ruas de Chaniá era na verdade uma palestra e já aproveitaram para entregar os certificados. O local do evento foi o auditório da Associação Comercial local. Foi uma ótima oportunidade de rever várias figuras que não encontro com frequencia, como o Cristos, o Apostolis, o Iannis, etc. A entrega aconteceu logo no início sem muita cerimônia. Primeiro receberam aqueles que fizeram o curso de nível intermediário e depois os do nível iniciante. Um a um fomos chamados e tudo correu sem tropeços. O único fato constrangedor foi a Elise não ter sido chamada para receber o certificado que por alguma razão não foi feito. Antes de a palestra começar alguém fez uma retificação e anunciou o nome dela sem, entretanto, entregar o certificado.

A palestra foi proferida por um escalador/montanhista de Atenas que é engenheiro mecânico de profissão e diretor técnico da confederação grega de escalada e montanhismo (se entendi bem). A palestra dele foi sobre equipamentos e sua correta utilização. Obviamente o objetivo não era ensinar a usar cada um dos equipamentos de escalada, mas mostrar que cada equipamento tem um fim específico e deve ser corretamente usado para este fim e que existem normas que especificam como devem ser estes equipamentos.

A palestra foi muito interessante, porém um pouco longa e acabou por se tornar cansativa. Ele abordou os principais equipamentos usados para escalada e montanhismo, como mosquetões, cordas, crampons e etc., e comentou brevemente maus usos, bons usos e as normas CE/EN e UIAA para cada um deles quando aplicável.

Por exemplo, sobre cordas falou do fator de queda, das especificações da corda, como número de quedas UIAA, Força de Impacto e tudo mais. É curioso notar que a maioria das pessoas que tinha contato no círculo de escalada no Brasil, tinahm mais ou menos conhecimento da maioria das coisas que ele falou. Ali parecia novidade para todos, mesmo para aqueles que estiveram em cursos de escalada. Para mim foi uma ótima aula de revisão e também para aprender algumas coisas novas.

O cara palestrou muito bem e por ser engenheiro mecânico entende melhor do que a maioria de nós sobre o que está falando. A seguir vou tentar anotar alguns pontos que ele discutiu e que achei interessante comentar. Considerar com precaução tudo o que escrevi abaixo, pois posso ter entendido mal alguma coisa.

Sobre o uso de cordas ele mostrou os resultados de algumas pesquisas que eu nunca tinha visto nem ouvido falar em páginas ou listas de discussões brasileiras. Um deles por exemplo, mostrava a perda de elasticidade da corda com o tempo (sem uso) e por metros de escalada. É impressionante como a corda perde elasticidade com o uso. Algo como 5000 metros de escalada, que ele afirma ser fácil fácil atingido por alguém que escale três vezes por semana vias esportivas num período de três meses, baixam tanto a elasticidade da corda que é quase como se ela não fosse mais elástica (para fins de escalada e quedas). Fica evidente portanto, a importância de se trocar a corda regularmente. Sobre cordas foi uma pena ele não ter enfatizado os cuidados com o material, já que por aqui é comum a corda servir de tapetinho.

Um assunto que volta e meia vem à tona nas listas de discussão é o relato de casos em que chapeletas em áreas litorâneas quebraram apenas com o peso do escalador. Até saiu algo oficial da UIAA a respeito. O palestrante participa regularmente dos congressos da UIAA e parece estar por dentro do assunto. Ficou um pouco complicado entender os detalhes em grego, mas pesquei algumas coisas. Na Grécia parece que houve dois ou três casos, um deles em Creta e o outro não lembro onde foi. Eles consideram áreas litorâneas, setores de escalada a até 50 km do mar, o que significa, por exemplo, toda a ilha de Creta (e toda ilha de Santa Catarina) e muitos outros importantes setores na Grécia (e no Brasil). A constatação que chegaram é que não é um problema apenas por causa do iodo de ambientes litorâneos, mas por também causa da poluição em ambientes urbanos. Soma-se a isso o uso de parabolt, chapeleta, arruela e porca com materiais metálicos diferentes, que ficam trocando carga e se estragam. Finalmente, é fator importante o aperto excessivo da chapeleta. Acabei não entendendo se o aperto deve ser de 4,5 ou de 8 kN (e talvez nada disso). Mas eles mediram o aperto de chapeletas em regiões onde houve quebra e eles são muito altos, causando algum tipo de tensão que prejudica a maneira como o impacto de uma queda ou o peso de alguém afeta o conjunto. O mais interessante de tudo foi que a solução encontrada para evitar este problema foi o uso de proteções químicas. As razões são simples: é apenas uma peça, então não há problema de ligas diferentes em contato, não há tensão de aperto pois a peça é colocada no furo com cola e, por fim, pode se escolher um material que não sofre os danos causados pelo iodo e pela poluição (não entendi qual elemento poluidor afeta o metal) e nem qual tipo de metal deve ser usado. Há claro o inconveniente de ter que esperar a cola secar, mas principalmente em áreas esportivas não há pressa...

Um ponto que foi muito bom ele ter discutido foi o uso de dois pontos de segurança nas montagens de top-rope e rapel. Os olhos da platéia se arregalaram quando ele falou isso. Há muito tempo eu já dizia para o Kostas que o certo quando se usa corrente é colocar mais uma costura para fazer um segundo ponto ou montar uma ancoragem com fitas e mosquetões. Eu mesmo acabei cedendo e vinha ignorando isso.

Aqui é muito comum o uso de mosquetões de aço nas paradas ou anilhas navais (um semi-círculo com um pino rosqueado). Ele reforçou que este hábito tem que acabar e que apesar de não ser perigoso o uso dos mosquetões de aço (também para uso náutico) eles enferrujam e se tornam inúteis logo, além de marcar a pedra. Ele sugeriu que passem a colocar mosquetões de escalada velhos mas com o gatilho em bom estado. As anilhas ele condenou veemente e depois o Kostas veio conversar comigo com aquele ar de tinhas razão. Espero que a ficha tenha caído e ele pare de montar top-rope nelas a partir de agora.

O último tópico que ele debateu que acho interessante comentar é sobre o velho mito das microfissuras quando se deixa cair um equipamento do alto. Neste tópico também dei uma boiada mas parece que não há nada que confirme ou não confirme a formação das lendárias microfissuras. A única recomendação que ele fez foi que devemos usar nosso próprio julgamento e se não nos sentirmos seguros usando o equipamento que deixamos cair, melhor destruí-lo e escalar se sentindo bem. Até hoje só abandonei um ATC que deixei cair de uns 20 metros na Barra da Lagoa e o Amarelo insistiu em ficar pra ele. Se por um lado as microfissuras continuam uma incógnita, danos visuais oferecem um sério risco. Ele recomendou que não se use nenhum equipamento com um dano (por ter caído no chão) ou desgaste (por passagem da corda ou contato com chapeleta) que exceda um milímetro de profundidade. Para ilustrar ele mostrou um modelo de uma placa GIGI que ele montou num simulador. Numa imagem ele mostrou o equipamento em perfeito estado aplicadas as devidas tensões durante o uso normal e na outra ele fez um corte de um milímetro no ponto mais alto da placa. Na segunda figura ficou aparente que na parte onde foi feito o rasgo há uma concentração de forças (tensões?) e ocorre a ruptura do equipamento. O mais legal de tudo é que as rupturas que acontecem são invisíveis. Quer dizer, cada vez que se usa o equipamento danificado ele vai quebrando aos pouquinhos e não se vê, até que ele se parte, e aí já era.

Se surgir alguma dúvida sobre algum tema que escrevi nesta publicação posso tentar entrar em contato com o palestrante para pedir algum esclarecimento.

Desculpem pelo péssima redação (talvez pior do que o usual), mas fui digitando o que a memória me permitiu lembrar.

Link para o álbum desta publicação: ΒΕΒΑΙΟΣΗ

domingo, 6 de dezembro de 2009

Desastre no Monte

Calma, calma, o Kostas não aprontou nenhuma desta vez. Estou apenas usando um título sensacionalista para tentar atrair as massas para o meu blog.

O inverno chegou e veio para ficar e com ele, ao que parece, as chuvas que tendem a predominar nesta época do ano. Desde a escalada com Michalis, há pouco mais de um mês atrás que não chovia num final de semana. Esta sábado começou chuvoso e assim deveria ser todo o final de semana. Já estava certo que não escalaria este final de semana.

O Kostas está numa fissura, algo doentio. Uma brecha no tempo por volto do meio dia foi o suficiente para ele começar a recrutar parceiros. Tinha certeza que voltaria chover logo, mas mesmo assim fui. Cheguei lá e estavam ele e a Elise. Ela estava escalando a Sikiá (Vsup) em top-rope com botas de montanhismo (sim, destas secas que recebem crampon) e não entendi o propósito. Perguntei se ela ia escalar alguma via mista na França durante o final do ano (ela é Francesa e vai passar as festas em casa) e disse que não. O resultado de tudo é que ela encheu a Sikiá de lama e não me restou outro alternativa senão escalar a Pedevousin Tékna (VIsup) também em top-rope. Foi a única via que escalei e o resto de tempo fiquei debaixo da minha capa e chuva assistindo ou dando segurança.

O Vassílis logo chegou e não muito tempo depois um amigo dele com o filho, o Níkos, de 4 ou 5 anos. Apesar da chuva voltar de tempos em tempos eles continuaram escalando. As cordas ficaram encharcadas e Níkos pisava nelas como se fosse um capacho. Graças a Deus não usei minha corda neste dia. Este é o verdadeiro desastre que esconde o título e não sei se seria apropriado continuar usando aa cordaa deles depois de o Níkos ficar patinando nelas por tanto tempo.

A gafe do dia foi não ter levado a câmera fotográfica. A Elise foi guiar a Save it (VIsup) que estava meio húmida e se embananou no crux. A queda dela estava anunciada e teria dado tempo de sobra para filmar se tivesse a câmera comigo. Não tinha, mas foi uma bela queda direto em cima da figueira. Ninguém se machucou.

Fomos embora com o anoitecer para em seguida nos revermos numa palestra do clube de montanha onde também foram entregues os certificados do curso de montanha. A palestra foi boa, mas muito longo. Amanhã ou depois eu conto!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Olha a neve


De terça para quarta desta semana o tempo fechou de novo e a temperatura caiu vários graus aqui embaixo. Lá em cima nevou. Quarta-feira de manhã peguei uma das poucas ou talvez a única brecha no tempo e pude ver com que cor estão as montanhas que até um dia antes estavam marrons. Estava na universidade quando fiz a foto.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Monte cheio

Este sábado o Monte Várdia encheu. Estiveram lá o Kostas, o Vassílis, o Yorgos (agrônomo), eu, a Vassoúla, a Elise, a Marianna, o Vangélis e dois alunos dele.

Desde que estou na Grécia foi uma das poucas vezes que eu escalei forte. Comecei mal guiando a Sikiá (Vsup), inclusive segurei na árvore no crux. Sem muito descanso entre em seguida em top-rope na Pedevousin Tékna (VIsup) e me saí médio. A verdade é que só não guia estava via de preguiça (ou porque sou cagão, hehe). Como os outros se rolaram um pouco para escalar acabei escalando ela de novo. Com os movimentos frescos na memória e bem aquecido fiz a via brincando. Neste meio tempo chegaram a Vassoúla, a Marianna e a Elise e por uma razão pouco compreendida o Kostas ficou meio abobadão. Perguntei para o Yorgos o que estava acontecendo e ele disse que chegaram umas meninas, hehe. Enquanto refazia a Pedevousin Tékna, O Kostas escalou a Stenés Epafés (VIIa) e depois vi a Elise escalando a mesma via de um jeito muito semelhante ao meu. Foi bom para reaviviar a memória antes da minha tentativa. Todos fizemos em top-rop, o Kostas com várias quedas e eu e a Elise cada um com uma, num ponto em que não teríamos uma queda propriamente dita, indicado que não há mais desculpas para não guiar. Depois disso escalei em top-rope a Save it (VIsup).

Pode parecer esquisito eu disser que escalei forte se praticamente só escalei em top-rope, mas é que desta vez, exceto pela Sikiá, escalei só vias que estão no meu atual limite. Além disso tentei de novo, em top-rope a Agelastos Petra (VIIb) que é meu novo xodó no Monte Várdia. Surpreendentemente fiz o início com muita facilidade e só caí na entrada do crux. Gastei muita energia na Stenés Epafés e não consegui segurar as agarras na Stenés Epafés. Tentei duas vezes mais, mas a mão simplesmente não fechava mais. Fiquei por aqui e deixei de escalar no outro dia para dar um descanso para o corpo.

Fiz várias fotos neste dia!

Sábado tem entrega do diploma do curso de introdução ao montanhismo que fiz no ano passado. Parece piada mas não é. Vem o camarada da associação Hellênica para fazer a entrega e dar uma palestra. Depois conto como foi.

Link para o álbum desta publicação: Monte cheio