sexta-feira, 27 de junho de 2008

Ações corretas e seguras

Tenho diversos livros técnicos de escalada, de conceitos básicos, rapel, ancoragem, auto-resgate... e de tempos em tempos releio os livros ou partes deles para ter certeza que não estou esquecendo de nada e para relembrar técnicas que são pouco utilizadas no dia-a-dia.

Agora estou lendo um que comprei anos atrás, mas que até então não tinha lido: CLIMBING: From Gym to Crag (link para a Amazon). Em termos de editoração, material, e qualidade das fotografias ilustrativas este livro supera qualquer outro da How to Climb Series.

A razão pelo qual estou relatando isto está relacionado com o seguinte parágrafo que escrevi na publicação anterior Eu reclamo, mas eu volto:

"O guia de escaladas falhou mais uma vez em não indicar um acesso apropriado às vias de escalada. Depois de dar uma circulada pela base do morro, optamos por um trecho que exige um solinho vertical e exposto mas tranquilo que foi superado sem muitas dificuldades por mim e pela Anamaria. O trajeto restante é por cima de pedras "abandonadas" muito parecido com a base das vias de cima na Pedreira do Ribeirão. Devido as pedras soltas, fizemos a ascensão com o uso de capacete."

Fora o fato de que o livro sugere que um guia serve para planejar a escalada com segurança, o que não acontece com o guia daqui para Kalathás, por exemplo, ele escreve o seguinte a respeito de segurança em terrenos potencialmente perigosos:

"Be a prudent climber, stay alert on even the most benign terrain, and be quick to take precautions: Detour around the slab, pick a better line through the talus, put your helmet on before reaching the cliff (you have to carry it anyway, so you might as well carry it on your head".

Reler material técnico de tempos em tempos também é bom para lembrarmos de situações pelas quais passamos e refletir se agimos corretamente.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Eu reclamo, mas eu volto

Apesar das minhas reclamações seguidas sobre as condições do setor de escalada em Kalathás, voltamos lá mais uma vez neste final de semana.

A diferença desta vez foi que resolvi "explorar" o setor onde estão as duas vias chapeletadas acima da antiga pedreira. A antiga pedreira deve ter entre 30 e 40 metros, é mais alta que a Pedreira do Abraão em Florianópolis. Não acredito que seja possível escalar por ali no curto prazo, o resultado da escavação é uma parede esfarelenta e aparentemente frágil. (fotos da pedreira e deste setor podem ser vistas neste álbum: De volta à Kalathás).

O guia de escaladas falhou mais uma vez em não indicar um acesso apropriado às vias de escalada. Depois de dar uma circulada pela base do morro, optamos por um trecho que exige um solinho vertical e exposto mas tranquilo que foi superado sem muitas dificuldades por mim e pela Anamaria. O trajeto restante é por cima de pedras "abandonadas" muito parecido com a base das vias de cima na Pedreira do Ribeirão. Devido as pedras soltas, fizemos a ascensão com o uso de capacete.

Quando chegamos na base da pedra, com cerca de 8 a 10 metros, à primeira vista parecia não haver chapeletas. Acabei achando as chapeletas minúsculas e cheguei a pensar que o Bito Meyer tivesse exportado suas chapeletas para cá. Quando subi vi que não eram do Bito, mas da Mammut! Me preparei para encarar o V+, já que a outra via é um VII- com um início todo em negativo. Fui bem, mas tanto tempo sem guiar me deixou um pouco nervoso e parei para descansar e dar um alívio para as mãos. Apesar do tipo de pedra, as agarras aqui espetam muito, tipo a pegada acima do tetinho da Orquídea no Morro da Cruz, e minha pele da mão ainda está bastante fina. Além das três chapeletas protegi a parte final com uma laçada de fita em volta de uma alça de pedra.

Cheguei no topo da via (como alguém que ultrapassa a parada da Leviatã), fiquei em pé e comecei a fuçar o mato para ver se achava grampo ou algo similar escondido para que eu pudesse descer. Fui ver a parada da outra via e o estado era lastimável. Mesmo assim precisava descer por ali para limpar a via. Quando estava decidido a descer desescalando finalmente vi um cabo de aço amarrado num pedrão logo atrás de mim.

Comecei a preparar uma ancoragem usando o cabo de aço e um friend para fazer top-rope em duas outras vias, mas como tenho poucas fitas acabei desistindo. Rapelei, limpei a via e escalei ela de novo, desta vez encadenando e usando só as chapeletas como proteção.

No álbum de fotos, uma foto minha durante o rapel dá uma idéia da distância entre as chapeletas, que como já falei, não difere dos setores esportivos em Florianópolis.

Enfrentamos o solinho de novo na descida, como sempre um pouco mais difícil, e depois fomos para a praia dar um mergulho!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Curso de Escalada em Rocha

Foto de um pôster que está espalhado em alguns pontos da cidade, divulgando um curso de escalada. Vi um no mesmo estilo durante o inverno para escalada no gelo (cascata). Se encontrar um no próximo inverno, fotografarei. Abaixo da foto a tradução (minha) do conteúdo. Impressionante o número de dias do curso. Só não sei a carga horária.
O curso inclui aulas teóricas e práticas de escalada.

Destinado a pessoas saudáveis com mais de 18 anos, independente de terem ou não experiência anterior com escalada.

Início 20 de junho encerramento 13 de julho de 2008. Duração total de 12 dias.

Para obter informações de participação...

Vou ficar fortinho

Depois que cheguei aqui tentei correr diariamente para continuar fazendo uma atividade física, mas não consegui. Trânsito terrível, calçadas em péssimo estado e o inverno que logo chegou contribuíram para que eu não conseguisse.

Em janeiro comecei a praticar Aikidô na tentativa de fazer algo menos chato que academia. Frequentei por três meses mas a monotonia das aulas e o pouco trabalho físico me fizeram desistir. Passado o mês turbulento de abril/maio quando recebemos visitas e também fizemos uma viagem a Atenas, comecei a frequentar a mesma academia que a Anamaria frequenta, do lado de casa, a Planet Fitness.

Comecei na segunda-feira, dia 09 de junho correndo um pouco na esteira e levantando um pouco de peso. No final de semana seguinte já senti os benefícios da atividade física durante a semana. Vocês podem achar que estou exagerando, mas fui escalar no sábado e me senti muito mais confortável.

Não farei um treino para escalada, farei exercícios visando a saúde, até mesmo por quê treinamento para escalada com pesos é um assunto controverso e não é qualquer um que sabe como prepará-lo. De qualquer maneira ficarei com melhor preparo aeróbico e muscular para enfrentar as escaladas de final de semana.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Bomba relógio

Quando o Parque Aventuras, onde se encontra a pedreira do Abraão em Florianópolis, atingiu seu ápice, não era difícil ver pessoas fazerem todo tipo de cagada na parede de escalada, principalmente rapeleiros. Gente sem equipamento adequado, "cuba libre" entre uma descida e outra, nós errados e etc. Era um verdadeiro show de horrores. O tempo passou, a pedreira foi abandonada pela prefeitura e (in)felizmente o show de horrores acabou.

Por quê me lembrei disso? Quem leu minha publicação anterior sabe que tive o prazer de encontrar um simpático casal de escaladores poloneses em minha última escalada. Quando cheguei eles estavam terminando de armar um top-rope aqui. As proteções para armar ancoragens ficam longe e se olharem esta foto aqui verão que a corda vem de longe e passa arrastando em duas ou três arestas (não dá de ver tudo na foto).

Quando subi para armar o meu top-rope levei um susto e pude ver a bomba relógio que eles montaram. A foto/desenho abaixo ilustra mais ou menos o que eu vi, complementada pela descrição que segue. Pena que não subi com a máquina fotográfica.


Uma fita tubular (em laranja) foi atada com um nó boca de lobo à uma das chapeletas. Um cordelete (em vermelho), talvez com 6 mm, foi utilizado para fazer um "famigerado" triângulo amaericano unindo a outra chapeleta e um bico de pedra. O cordelete e a fita estavam equalizados para a direção da escalada e unidos por dois mosquetões de rosca (em preto) colocados exatamente na mesmo posição (ao invés de estarem opostos e em oposição, apesar da rosca). Não notei se os mosquetões estavam rosqueados ou não, mas acho que sim. Na figura fica difícil de mostrar, mas os dois mosquetões estavam perpendiculares à pedra, com os gatilhos para baixo sendo pressionados contra ela (numa quina). A corda (em rosa) passa pelos mosquetões e depois arrasta em pedras e quinas. Note também que a direção das chapeletas não favorece esta ancoragem.

Ou talvez eu que esteja precisando fazer um curso de escalada de novo...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

De volta a Kalathás

Queridos amigos, fui mais duas vezes a Kalathás. Recomendo visitarem o álbum de fotos que mostram melhor o setor. As descrições nas fotos serão mais completas que esta publicação. Os dois dias estavam bonitos e no primeiro, demos uma passada na praia para fazer fotos.

No primeiro dia escalei 4 vias de V+ (UIAA) em top-rope, todas a partir da mesma ancoragem. Em uma delas tomei minha "primeira queda" na Grécia. Uma escorregadinha (vaciladinha) na pedra lisa logo no começo de uma das vias. No segundo dia, escalei uma via de VI- e uma de VI+. Neste dia também encontramos um casal de poloneses escalando. Jovens, muito simpáticos e em forma! Mandaram um VIII+. Serviram de inspiração para uma próxima publicação que irei chamar de "bomba relógio".

Reforço comentário anterior de que as proteções colocadas na parte de cima da falésia deixam a desejar. São mal posicionadas e não parecem seguir nenhum critério. Cabos de aço foram colocados para servir de ancoragem. Todas as chapeletas que usei (nas duas vezes que estive lá) estão em pedra irregular e o mosquetão sob tensão é forçado de maneira inapropriada. Descobri que em alguns lugares há boas alças de pedra para usar de ancoragem, mas na base da pedra (ver fotos) encontrei um cabo de aço "intacto" que provavelmente envolvia uma alça de pedra que se quebrou.

Consegui ver proteções para as vias mais da direita da falésia, mas não parece haver outra maneira de chegar a elas senão solando. Vejam as fotos!

sábado, 14 de junho de 2008

Não sei nada da ética local

Algumas publicações atrás (aqui) o Sr. Cristiano perguntou sobre a ética local ao ver a foto de uma via em Plakiás com chapeletas ao lado de uma fenda. Naquele caso específico, tenho a impressão de que a fenda não é apropriada para proteger em móvel, mas teria que olhar melhor.

Aqui na região de Chaniá parece que a maioria das vias foram abertas por escaladores locais, enquanto em outros locais não tenho certeza. Num setor ao sul de Heráklio, mais a leste, onde ainda não fui, diversas vias foram abertas por um casal de escaladores estrangeiros erradicados na região. Por isso fica difícil avaliar a ética local, até mesmo porque nunca falei com ninguém daqui sobre isso e portanto não sei nada da ética local.

Aqui em Chaniá parece que não saem batendo chapeletas em qualquer lugar. Exemplos claros são as diversas vias no setor do Monte Várdia (ver aqui também) que foram deixadas para escalada solo e que muito bem poderiam ter sido protegidas pelo menos para top-rope.

Vejo iniciativa semelhante em Kalathás onde, entre dezenas de vias, apenas duas foram chapeletadas, e pelo pouco número de paradas para top-rope para um número relativamente grande de vias. Todavia, como vocês verão na próxima publicação, as chapeletas são mal colocadas e estão acumuladas no mesmo lugar (3 ou 4 onde bastariam 2).

O grande número de escaladas em móvel, como em Stavrós (a maioria 100% em móvel), em Ágios Gígilos (não fui ainda), e em Thérisso são mais um indicativo de que a turma daqui não põe chapa em qualquer lugar. Porém, em Thérisso há uma via em fenda que é chapeletada. Não vi a via, mas pelas fotos tem cara de que pode ser escalada em móvel.

Além disso, nas poucas vias que guiei a quantidade/distância de chapas não difere em nada de qualquer setor esportivo que tenha frequentado no Brasil.

O mais esquisito por aqui é o hábito de pintar setas e números nas vias. Em Kalathás há também setas em algumas pedras que não aparecem no guia. Estas pinturas não estão em todos os lugares. Não vi isto em Plakiás, Santorini ou nas vias que vi em Thérisso. Por outro lado, em Kalymnos (ainda não fui), o paraíso da escalada esportiva na Grécia, onde a escalada é o principal atrativo do turismo e explorada pela prefeitura, as regras no próprio site da prefeitura dizem para os escaladores que abrirem novas vias pintarem (discretamente) o nome da via na base dela...

Por fim, no Monte Várdia e principalmente em Kalathás a concentração de vias "pintadas" e indicadas no guia é relativamente alta em certas partes da parede. Na minha última escalada em Kalathás (ver próxima publicação) escalei quatro vias lado a lado, de um total de 6 ou 7 vias. Tranquilamente, caso fossem chapeletadas, não poderiam ser mais do que 3 vias. Enquanto escalava nunca tinha certeza em qual via estava e sempre usava agarras de uma na outra, uma hora com os membros da esquerda, outra com os membros da direita.

Por enquanto é isso. A medida que souber mais coisas publicarei aqui no blog. Obrigado aos leitores que deixam comentários, a curiosidade dos amigos também desperta minha curiosidade e farei o possível para respondê-los!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Eu tenho medo de cobra

Eu tenho medo de cobras e já levei bons sustos, passei por espinheiros ao invés da trilha, e fiquei apreensivo o restante do caminho por causa delas. Coral, Jararaca, e até a inofensiva Rateira já me perturbaram por passar em seu caminho. Aqui em Creta até agora só vi uma cobra, felizmente. Foi na entrada do Setor de Kalathás, mas estava morta, provavelmente por causa das obras que estão sendo realizadas por ali.

Mas aqui, estou bem mais tranquilo. Prudente que sou, investiguei sobre os riscos que corro por aqui e descobri que muitos lugares dizem que não há cobras venenosas em Creta. Mentira! Por outro lado, descobri também que das quatro espécies que existem aqui, apenas uma é venenosa, mas oferece pouco risco aos seres humanos!

Para fotos e mais informações visitem Crete gazette, Aquaworld Aquarium.

domingo, 8 de junho de 2008

Meia escalada em móvel

Thériso é famosa por ter sido o local onde o famoso (em toda a Grécia) Elefthério Venizélos liderou a ação que levou à independência de Creta e à união com a Grécia no início do Século XX. Lá também foi importante a resistência cretense aos invasores, inclusive alemães durante a guerra, que foram derrotados por nativos armados apenas com pedras e pedaços de pau, beneficiados pela geografia do lugar.

Hoje em dia Thériso é muito procurada por aqueles que querem saborear as deliciosas comidas oferecidas nas tavernas da vila e também pela bela paisagem da estrada de 14 km que leva de Chaniá para Thériso. Nestes 14 km por dentro da garganta de Thérisso estão espalhadas, a beira da estrada, 44 vias de diversos níveis, chapeletadas e em móvel, chegando algumas a 120 m de extensão.

Aproveitando a visita do meu pai, fomos almoçar em Thériso. Sem muito entusiasmo resolvi levar meu equipamento. Depois de um almoço que não fez jus à fama do lugar, descemos de volta para Chaniá e paramos num lugar onde estava a via Λοκ de IV (UIAA), em móvel, com cerca de 55 m divididos em duas enfiadas. Uma das poucas ou talvez a única via fácil do lugar. Paramos, olhei, olhei e finalmente decidi tentar a primeira enfiada. No guia diz que a via deve ser protegida com Friends. Mesmo tendo apenas 3 friends resolvi arriscar. Levei fitas e stoppers. Escalei a via até pouco mais da metade da primeira enfiada. Neste percurso "super-protegi" com dois friends (bons), um nut (duvidoso) e duas laçadas em alças de pedra da espessura de um dedo (?). Cheguei até um platozinho (ver fotos) e desescalei, ou seja, foi meia escalada em móvel. As razões para eu ter amarelado foram a falta de equipamento, não saber se parada era em móvel, fixa ou em arvorezinhas, e o fato de a parada ser muito para a direita. Esta última me obrigaria a descer e escalar de novo em top-rope para poder limpar a via, principalmente se a ancoragem fosse em árvore. Realmente a via não é difícil, mas não é tão fácil quanto a Café com Leite na Praia Brava em Itajaí, por exemplo.

Quem olhar as fotos verá que fiquei satisfeito e foi muito legal. Pretendo voltar a Thériso para escalar outras vezes e outras vias. Antes tenho que ficar forte, pois a grande maioria das vias chapeletadas são de VI+ para cima.

Uma coisa curiosa nesta parte onde escalei são as paredes pintadas no alto, principalmente na parte esquerda por onde passa uma via de VII+/VIII-, lugar que não é facilmente alcançado por alguém que não seja escalador. E outra coisa curiosa é que muitas vias estão à beira da estrada mesmo, o segurança fica quase em cima do asfalto.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Com corda é mais legal

Esta publicação está um pouco fora de ordem, mas não importa!

Achar um escalador grego para fazer parceria foi mais difícil do que eu esperava, mesmo com as idas ao clube de montanhismo. Resolvi comprar mais um capacete e uma cadeirinha para a Anamaria poder me fazer segurança.

Estreamos o novo equipamento e fizemos a primeira escalada com corda no Monte Várdia, que até então era o único setor que tínhamos freqüentado (para escalar). Escalar com corda é bem mais legal. Foram três escaladas antes de experimentar um novo setor.

Na primeira vez encontramos um escalador ao chegarmos. Ele estava solando como eu tinha feito das outras vezes, a primeira primeira vez que escalei por aqui e uma segunda vez, também sem corda e no Monte Várdia. Perguntei se ele queria escalar comigo, mas ele se negou dizendo que era iniciante e não se sentia seguro. Ele acabou assistindo minha primeira escalada à via Λούκι (calha) Look, que como o próprio nome sugere é uma calha de 12 metros de extensão , V (UIAA) relativamente fácil com um crux difícil para chegar à parada. Nanico que sou tive dificuldade para alcançar a parada, numa posição em que não há agarras para as mãos e pés. Fiquei na ponta dos pés (aderência) e depois de passar a costura, aquela sensação terrível de pé escorregando na pedra me levou a agarrar a fita expressa antes de passar a corda. Neste mesmo dia fiz o começo de mais duas vias de maior grau, e desescalei quando cheguei no crux. Outros escaladores apareceram, mas escalaram foram do meu alcance de visão e se limitaram a cumprimentar quando passaram.

Na segunda ida com corda, uma semana depois, tinha olhado melhor o guia e vi que tinha uma via de IV+ (a mais fácil do setor) que dividia a parada com uma via de V+, ambas com 10 metros, Ζέσταμα (aquecimento) e Μη-νους (algo como 'não pense'), respectivamente. Guiei a primeira, bastante fácil mas bem legal, excelente para retomar a prática. A segunda fiz em top-rope e já foi bem mais exigente. Pouquíssimas agarras tanto para o pé como a mão. É uma via de aderência que deixou meus pés doídos como escalar no setor do Etzel na Barra da Lagoa depois de ficar muito tempo se escalar em aderência. Acho que o nome é bem apropriado, não dá de ficar pensando no que fazer. No momento não me sinto em condições de guiar esta via, que me pareceu sub-graduada. Neste dia, quando estávamos chegando, passamos por dois escaladores que estavam indo embora; apenas nos cumprimentamos.

Fui mais uma vez no Monte Várdia e repeti as mesmas vias.

A escalada seguinte foi em Kalathás, já relatada no blog.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Escalando com Zorba, o Grego

Cenário para a famosa cena em que Zorba dança o Sirtaki, no filme "Zorba, o Grego", Stavrós fica poucos kilômetros depois da praia de Kalathás, também na península de Akrotiri. A leste da bela praia de Stavrós, estão os morros que cobrem a parte norte da península e oferecem algumas vias de escalada. Ao todo são oito vias do V ao VII grau (UIAA), todas em móvel, com 60 a 110 m de extensão. Apenas duas vias possuem paradas fixas e são usadas para descer das outras vias. Esses detalhes só me permitirão escalar quando tiver um parceiro escalador e mais equipamento móvel.

Enquanto isso fiquem com Zorba dançando o Sirtaki:
(Obs.: é uma cena do filme e pode revelar o desfecho da história, não venham depois dizer que não foram avisados)

terça-feira, 3 de junho de 2008

Escalada seguida de praia

Kalathás é uma pequena praia na penísula de Akrotiri, bastante bonita e a poucos kilômetros de Chaniá. Se não fosse pela estrada que passa, desembocaria na praia a pequena garganta de Kalathás. Passei lá duas vezes antes de levar meu equipamento para escalar. O lugar parece pouco explorado e as indicações do guia não ajudam a encontrar as vias.

Algumas vias estão no topo da entrada da garganta e ainda não subi lá para ver de perto. Lá tem duas vias chapeletadas e as demais são variantes em top-rope. As outras vias, todas em top-rope, ficam mais para dentro e é necessário percorrer uma trilha pelo mato. São vias curtas e de várias graduações. Por sorte a primeira vez que fui com equipo, tinha dois caras escalando que esclareceram algumas dúvidas. Não é evidente como se chega no topo da falésia para armar o top-rope e o guia não mostra como chegar. Os escaladores locais me mostraram como, mas que só dá acesso a metade das vias. Não souberam me dizer como fazer para ir na outra metade e acham que as proteções não devem estar em bom estado naquela parte. Vi que é possível ir solando ou protegendo em móvel com algumas peças.

Subi na parte que dava e armei um top-rope que servia para três vias. O guia indica a mesma ancoragem para mais vias, mas é impossível. As chapeletas para ancoragem estão longe da beirada e mal posicionadas. Precisaria ter mais chapeletas em vários lugares. Usei todas as fitas que tinha (duas de 60 cm e duas de 90 cm e uma de 120 cm) e ainda faltou para armar algo decente. Mesmo assim escalei as três vias, graduadas como IV, V e V+ (UIAA), mas todas praticamente do mesmo nível V (brasileiro) e levemente negativas.

A rocha é do mesmo tipo que no Monte Várdia. Quando tiver mais conhecimento escreverei um pouco sobre os tipos de rocha daqui. Em Kalathás a Anamaria achou um pedaço de pedra com impressões de conchas.

Enfim, apesar de mal estruturado o lugar é muito legal e tranqüilo. Pretendo ir lá mais vezes para tentar as outras vias e tirar fotos melhores. Como é perto da praia, no verão vou escalar cedo e depois me refrescar na água do mar!

domingo, 1 de junho de 2008

Pedra lisa e pele enrugada

Eis que passeando pelo sul da Ilha de Creta, por acaso passamos pelo balneário de Plakiás. Uma praia com cerca uma 1,5 km de extensão e larga faixa de areia. Chegamos a Plakiás pela parte norte, e no costão sul já podia ver uma parede de pedra se sobressaindo. Próxima parada! Desci do carro e fui andando pelas dunas em direção à parede e comecei a notar que algo estava errado (diferente?!?!). Ao meu redor avistava-se corpos que exibiam as rugas até mesmo das partes mais íntimas. Este canto da praia é usado para nudismo.

Voltei minha atenção a pedra, e avistei uma pequena trilha que leva até a base da parede. Com talvez 30 metros de altura, levemente negativa a parede parece ter sido cortada nos mesmo moldes do setor da pedreira na Serra do Cipó. Contei 14 vias, todas aparentando dificuldades elevadas e protegidas com chapeletas. Apenas 50% da parede na sua largura tem vias. A outra metade é lisa. Umas cinco vias estão em uma parte da pedra que não parece ter sido cortada. Não explorei os arredores, mas acredito haja mais vias mais alto no morro. Ao contrário de Santorini, as chapeletas estavam em bom estado e havia marcas de magnésio em algumas agarras.