segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dois dias, duas escaladas

Sábado no final da tarde fui com o Kostas no Monte Várdia. Ele estava louco para ir para Thérisso, mas acabou se atrasando no trabalho e fomos par ao Monte depois das 19h30. Por um lado foi bom porque a escalada foi bem agilizada. Escalamos a Louki Look, a Mávri guiando. Depois o Kostas encarou a Pedevousin Tékna guiando. Ainda não chegou a minha vez e fiz top-rope mesmo.

No domingo, como criança pequena o Kostas quis ir de novo em Thérisso. Tentei dissuadí-lo, mas não teve jeito, parecia criança pequena. Para ter uma idéia no jardim aqui de casa a temperatura era de 30 graus Celsius às 9h00 da manhã. Chegamos em Thérisso e como esperado as vias estavam no sol. Tentei mais uma vez convencê-lo de desistir para irmos ao Monte Várdia, mas não teve jeito. Ele escalou a via e chegou detonado no final, mas satisfeito. Eu já estava de saco cheio de ficar cozinhando no sol e nem escalei. Finalmente fomos para o Monte Várdia.

Lá, estavam o Vassílis e o Mixális que deram risada quando eu disse que estava em Thérisso com o Kostas. Logo o Kostas chegou e agilizamos a escalada antes de o sol começar a bater. Guia a via 31 (que não lembro o nome) e passei um trabalho no início, mas escalei tranquilo. O Kostas estava tão detonado que não quis escalar. Resolvi tentar encarar a Mikrá Mistiká que agora, com a nova grampeação ficou mais segura. Fui super bem até a quarta chapeleta, o que significa que passei o crux inclusive. Mas por alguma razão amareli entre a quarta e a quinta chapeleta. Desescalei e desci. Subi a Look Louki para colocar um top na Mikrá Mistiká e refazer o lance onde amarelei. O Kostas ainda escalou em top-rope a Aspri antes de irmos embora.

Sem fotos desta vez, mas deixo aqui registradas as escaldas deste final de semana.

King Lines

O calor de 35 graus Celsius nesta tarde de domingo impedia de fazer qualquer coisa que exigisse o mínimo de esforço físico. Enquanto o sol não baixava para ir para a praia assisti ao King Lines, também da Sender films, lançado cerca de um ano antes do filme que comentei na publicação anterior.

Vendo este filme, percebe-se que o The Sharp End é uma versão melhorada em termos de produção, abordando outro tópico. O King Lines é basicamente sobre o Chris Sharma e mostra um pouco como que ele elevou o nível de dificuldade da escalada mundial e a busca dele por rotas cada vez mais difíceis e bonitas, a busca pela linha perfeita.

Achei este filme um pouco mais monótono que o outro, mas como também tem uma hora de duração, é de bom tamanho. De maneira geral parece que exceto por Palma de Mallorca, todos os lugares em que eles passaram ficou faltando algo. Achei tudo meio desconexo. Foi muito legal ver ele escalando com o instrutor da academia onde ele escalou pela primeira vez. A escalada em boulder foi bem sem graça, mas foi legal para ver que ele sente medo e tem suas preocupações. As filmagens em Palma de Mallorca ficaram um pouco extensas, achei cansativas, e a passagem pela Grécia pouco relevante. Basicamente não acharam nada muito legal, mas mesmo assim mantiveram no filme.

Em termos de imagens o filme é inferior ao The Sharp End, mas ainda assim oferece muitas cenas bonitas. As filmagens na Venezuela foram muito legais, mas em termos de escalada ficou fraco. Achei uma pena que a maioria dos escaladores ficaram de escanteio, como o Dave Graham por exemplo, centrando apenas no Chris Sharma.

Apesar de o filme se enquandrar bem em um dos meus preconceitos com filmes de escalada, ficar mostrando só escalada difícil, esse era o tema do filme e a abordagem não ficou pedante. O Chris Sharma parece um cara sério, quando comparado a outros figuras que aparecem em outros filmes de escalada. Esse aspecto profissional dele e o papel dele no filme deixam este filme mais atraente do que os demais filmes de escalada do gênero dificuldade.

sábado, 18 de julho de 2009

The sharp end

Em geral acho filmes de escalada entediantes e não figuram entre os meus estilos preferidos de filme para se assistir. Principalmente quando ficam mostrando aqueles estereótipos de escalador malucão, ou querendo mostrar o lado filosófico da escalada, ou valorizando a escalada de dificuldade (no estilo rockeiro que fica vibrando com a movimentação dos dedos do guitarrista).

Assisti há pouco o filme The sharp end da Sender films e a história não foi muito diferente. Tenho que reconhecer que com apenas uma hora de duração o filme passou voando e gostei de tê-lo assistido, embora esta "busca" pelo sharp end que eles focam no filme se enquadra dentro da minha classificação de "mostrar o lado filosófico da escalada" e também da "valorização da escalada de dificuldade". Por outro lado a maneira como apresentaram foi interessante e pelo menos evitaram bastante estas figuras sem graça do mundo da escalada.

As imagens do filme são espetaculares e só isso já faz valer a pena assistí-lo. São imagens da natureza em vários lugares nos Estados Unidos, no Hymalaia, e na Europa que dispensam a presença de escaladores. Não entendo muito de filmes, mas a produção como um todo ficou muito boa.

Eles tentam mostrar a busca pelo Sharp end em várias modalidades e isso foi legal. Achei que a cobertura sobre high balls ficou fraquinha. A escalada em big wall também foi sem graça e acho que a única que mostrou um destes bobalhões que gostam de fazer graça em frente às câmeras e é totalmente dispensável. Mesmo as imagens de Yosemite não chamaram a atenção. E por fim, base jump e modalidades relacionadas ficaram para a parte final do filme e tive a sensação de que queriam mostrar isto como o ápice, mas como o tema não me interessa achei dispensável também. Numa das cenas me parece que o Dean Potter fez de conta que caiu para os caras filmarem a queda.

O ponto alto do filme são as imagens em Adrspach, na fronteira da República Tcheca com a Alemanha. Foi também nesta parte do filme que a escalada foi mais interessante. Provavelmente porque é um lugar que já ouvir falar várias vezes e que foge um pouco do padrão de escalada que estamos acostumados.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Um dia de sorte (cont.)

Hoje recebi um e-mail do Dave, o canadense com quem escalei em Atenas, episódio que contei em Um dia de sorte.

Como era de se esperar, a estadia dele em Kalymnos foi espetacular e ele confirmou que o lugar é imperdível e que não posso deixar de ir.

A seguir, a única foto que fizemos em Atenas, com a máquina dele (do buraco atrás de mim que saiu o maluquinho enquanto escalávamos).

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Domingo em Kalypso

Domingo Anamaria e eu fomos para Kalypso e nos encontramos com o Yorgos e a Kália. Também estava por lá o Vangélis, dando aula para três alunos. Escaleis as vias 5, 7, 9 e 10. Tinha fôlego para mais, mas tínhamos combinado de ir para praia também. Fomos para uma praia chamada Srrinária.

O legal de ir para Srrinária, é que a estrada que leva a esta praia passa ao lado um morro que tem um potencial enorme para vias e que a muito já namorava de longe. Esta passagem ao lado da parede indica que vale a pena uma visita exclusiva à pedra, com mais calma para avaliar o lugar.

Link para o álbum desta publicação: Domingo em Kalypso

terça-feira, 7 de julho de 2009

Mas é difícil mesmo

Domingo poderia ter ido para Kalypso escalar com o Yorgos, com o Vangélis e com o Spýros, mas não me entusiasmei com a viagem de 1h30. Durante a manhã conversei com o Kostas que ficou de me ligar para irmos para Kalathás no final da tarde, mas ele não ligou e no dia seguinte soube que foi por problemas estomacais.

Acabei indo apreciar o entardecer na Praia de Ágios Apóstolis com a Anamaria. Nesta praia tem uma caverninha com uma via muito legal que apresentei aqui, com um videozinho inclusive. Como quem não quer nada e sem muita expectativa, levei meu equipamento para fazer minha primeira tentativa da via.

Fomos a Anamaria e eu, e ficamos cerca de 30 minutos relaxando na praia antes da tentativa. Vimos top-less, vimos pessoas trocando de roupa na frente de todo mundo como se fosse a coisa mais normal, e ficamos pensando que depois nós, os brasileiros, é que somos promíscuos...

Vamos então à escalada. Como já fiz uma publicação sobre a via, só vou acrescentar algumas coisas. A via está graduada no guia como VIII+/IX UIAA, o que transformado para escala do Brasil, conforme uma tabela que tenho, daria algo entre VIIIa e IXa, ou seja, bem difícil. Não tenho condições de confirmar o grau mas a via é

A via já começa difícil. Há apenas um abauladão cheio de areia (como as demais agarras) que se desprendem da própria pedra e uma agarrinha. O pé é tranquilo para fazer a primeira costura. Daí para frente a coisa já complica e exige uma ginástica para alcançar o primeiro agarrão não muito bom e também cheio de areia. Trazer os pés para o alto e ficar completamente paralelo ao chão já acabou comigo. Apoiei um pé na parede e o outro entalei numa fenda, posição em que poderia ter feito a segunda costura. Como não vislumbrava ir mais longe que isso nem costurei e voltei para não complicar mais ainda a retirada das expressas depois.

Fiz duas ou três tentativas só para me divertir e abandonei. Escalei o comecinho de novo para tirar a primeira costura.

A base da via é formada por uma areia fina que, até o final da escalada, tomou conta de todo o equipamento.

A sensação de escalar o teto é muito legal e gostaria de voltar lá mais vezes para tentar ir mais longe. Para escalar esta via só tem um jeito, tentar escalá-la.

Link para o álbum desta publicação: Mas é difícil mesmo

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Reforma


Este final de semana escalei no Monte Várdia no sábado e no domingo. Para variar um pouco estava me sentindo muito bem, provavelmente por conta das duas escaladinhas de 20 ou 30 minutos que fiz durante a semana depois do trabalho. Sábado escalei com o Yorgos e com a Dáfni. Fizemos cinco vias, guiei duas (28 e 30) e top-ropeei as outras três (26, 27 e 29), e ainda esperei o Kostas chegar para fazer segurança para ele em duas ou três vias. No domingo escalei de novo, com o Kostas e com a Eléni. Guiei a 37, a 38 e a 45. Fiz top-rope na 46 e entrei guiando na 44, mas desisti. Já tinha tentado a 44 no passado com segurança da Anamaria. Mas o movimento da segunda para a terceira chapeleta dá medo. Vou tentar em top-rope da próxima vez para ver como é (estou colocando o número das vias para meu registro porque estou com preguiça de escrever os nomes).

Nas últimas semanas o Monte Várdia passou por uma reforma. Já tinha notado a troca de duas ou três paradas, mas no último final de semana as diferenças chamaram mais a atenção.

Foram trocadas as paradas de pelo menos 7 vias. Todas tinham paradas de cabo de aço ou de correntes "caseiras" que foram substituídas por conjuntos chapeleta-corrente-anel-mosquetão. Há ainda algumas por trocar, mas não sei quanto dinheiro o Clube de Montanhismo de Chaniá liberou para a empreitada.

Mas o que chamou a atenção mesmo foram as chapeletas adicionadas no início de quatro vias:
- A Mávri (via 30): já escalei esta via várias vezes e guio ela sem problemas. É uma via de sexto grau, mas a primeira chapeleta ficava bastante alto e um pouco difícil de chegar. Colocaram uma chapeleta mais baixa. Já tinha visto algumas pessoas guiando ela só depois de alguém costurar na primeira chapa. A via ficou bem mais acessível agora. Estava via também teve a parada trocada.
- A Mikrá Mistiká (via 27): esta via é muito legal e já escalei algumas vezes em top-rope. A primeira chapeleta ficava bem longe do chão e a segunda bastante afastada da primeira. Uma queda de qualquer ponto entre o chão e a terceira chapeleta era por demais perigosa. Nesta via as duas primeiras chapeletas foram removidas e trocadas por três chapeletas. A via ficou bem mais segura e até daria para encarar guiando agora (já tentei uma vez antes da reforma, mas parei na primeira chapeleta).
- A via 41: nunca escalei, mas é um VIsup. O motivo de eu nunca ter tentado era a parada em estado deplorável. A parada foi trocada e foi adicionada uma chapeleta no começo. Não posso opinar sobre a chapeleta, mas é mais uma via para ser escalada.
- A Pedevousin Tékna: Esta via é uma das que já chamei a atenção para o problema de subgraduação de vias no Monte Várdia. Já escalei estava via alguma vezes em top-rope e já estava começando a ter vontade de escalar guiando, mas a altura da primeira chapeleta após um lance difícil deseconrajava qualquer tentativa. Agora as desculpas acabaram e vamos ter que encarar.

Se por um lado as vias ficaram mais seguras, por outro a colocação das chapeletas parece ter sido feita sem consentimento (na verdade com reprovação) do cara que abriu as vias. Pelo menos foi o que o Kostas me informou. E inclusive, foi tudo feito com recursos dados pelo clube de montanhismo local. No Brasil isto já teria dado um bafafá danado, mas por aqui parece que vai ficar assim sem problemas. O Kostas por exemplo, não tem a menor noção destes aspectos de "ética"(?) na escalada e o tal do "direito autoral"(?) da via.

Link para o álbum desta publicação: Reforma