quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ágiofárago

Ágiofárago fica no sul da região de Heráklio, Creta, a 2h30 de carro a partir de Chaniá e é tida como um paraíso na terra. Entre os escaladores parece ser considerada a meca da escalada Cretense. No primeiro dia de agosto de 2009 fomos a passeio para Ágiofárago conferir o que era verdade e o que era mentira. Já contei mais ou menos como a história começou e terminou em "Deu bode!", e me aterei aqui ao que ainda não foi contado.

Perto de outras gargantas que visitamos, Ágiofárago é uma gargantinha, pelo menos em extensão. Percorremos ela, do estacionamento até a praia, em 20 ou 30 minutos. Antes da praia pouca coisa chama a atenção na paisagem. Uma ou duas cavernas embelezam as paredes de pedra, talvez mais para os escaladores do que para qualquer outro visitante. Por praticamente toda a extensão o leito seco da garganta é inacreditavelmente plano e arenoso, e é bem provável que uma "máquina" já tenha passado por ali. O leito se divide em três corredores marcados por arbustos de até 2 metros de altura, os mesmos que até uma ou duas semanas atrás embelezavam, com suas flores rosas ou brancas, outras lugares, como a garganta de Arádena. Mais ou menos no meio do caminho, se forma uma área mais larga onde a garganta se abre. Neste local uma pequena igreja, óbvio que tem uma igreja lá, até que dá um charme. Em frente à igreja uma bomba manual permite tirar água potável de um poço. A água tem gosto de ferro.

Esta garganta, bem diferente de outras gargantas que vimos, continua fechada por vários metros água adentro, dando uma característica mais peculiar para esta praia. Um pequeno arco de pedra, bem menor do que o que criei na minha imaginação, embeleza o local.

Depois de aguardar um tempo absurdo pelo café da manhã (às 11h30) e já sob forte calor finalmente fui escalar com o Yorgos. Escalamos duas vias, uma de Vsup e outra de VI que não terminamos. E foi só. As dezenas de outras vias, incluindo as diversas vias negativas e as vias nas cavernas ficaram para a próxima visita. Entre as que escalamos não há muito diferença em relação a outros setores, como Thérisso por exemplo. Não entendi bem qual a atração que faz do lugar a meca de escalada. O fato de ficar num lugar plano e aberto com possibilidade de acampar talvez seja a principal razão. As cavernas também chamam um pouco a atenção. Há bastante vias, e também muitas por abrir, ainda que alguém que se acha dono do lugar "pintou" a parede toda de vermelho e disse que onde está vermelho é projeto.

Depois da escalada, Anamaria e eu procuramos um lugar à sombra para comer nosso almoço. Confesso que foi difícil achar. Não comentei até agora, pois não queria parecer reclamão, mas o que Ágiofárago tem de bonito, tem de sujo ou pior. A quantidade de lixo é imensa. Dezenas de pessoas vão acampar e não são capazes de levar a própria merda e o próprio lixo embora. Sim, havia cocô e papel higiênico e tudo quanto é canto que tivesse um arbusto para esconder o cagão. Lixo nem se fala... O Yorgos separou as sacolas de lixo deles numa área sombreada e razoavelmente protegida de uma espécia de abelha que estava rasgando as sacolas. Menos de 15 minutos depois foi deixar mais lixo no mesmo lugar (que depois levaria embora) e algum imbecil passou e jogou quilos de cascas de melancia (sem sacola) no mesmo lugar.

Depois de um descanso que seguiu o almoço subismo o costão esquerdo por um caminho excessivamente exposto para alcançar um buraco que se liga por baixo da terra com o mar. Eu e a Anamaria ficamos olhando do alto, enquanto o Yorgos, a Kália e a Maria, arriscaram irresponsavelmente suas vidas para descer o barranco e se banhar. O Yorgos foi além, e cruzou, com o uso de nadadeiras o túnel por baixo da água. Enquanto eles se banhavam nós voltamos para o local do acampamento por outro caminho, bem mais longo e seguro, que saiu perto da igreja. Tomamos água do poço e visitamos uma caverninha onde moraram alguns eremitas. Dizem que os eremitas volta a cada ano em determinada data para se encontrar. Aquele que não aparece é dado como morto. Nossa chegada de volta à praia coincidiu com a chegado do Yorgos após a travessia por baixo d'água. Ele estava exausto e claramente abalado e depois revelou que achou que não fosse conseguir atravessar o túnel. Mas não aprendeu a lição e certamente se arriscaria de novo.

Esperamos a Kália e Maria voltarem e nos despedimos. Em cerca de meia hora estávamos no estacionamento, espantando os bodes.

Link para o álbum desta publicação: Ágiofárago

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