domingo, 21 de junho de 2009

Corridinha no Monte

No final da tarde deste domingo fiquei fazendo mosaicos com a Anamaria. Depois de um vou não
vou acabei indo escalar sozinho no Monte Várdia. Cheguei lá às 8h43, exatamente no horário "oficial" do pôr do sol. Subi a estradinha correndo para aquecer e não perder tempo. O anoitecer estava muito bonito lá de cima.

Com capacete, sapatilha e magnésio escalei alguns boulders e fiz algumas travessias por 25 minutos, o suficiente para acabar com meus antebraços. Satisfeito, voltei para casa ainda sem precisar da minha lanterna de cabeça. Acho que fiz um ótimo proveito dos últimos minutos de sol do dia mais longo do ano.

Quem se lembra de Thérisso?

No sábado a tarde o Kostas foi com a Anastasia para Thérisso. Fui um pouco mais tarde que eles e quando cheguei o Kostas tinha guiado metade de uma via e a Anastasia estava escalando em top rope. Eles estavam escalando no mesmo lugar da minha última vez em Thérisso em setembro do ano passado, quando estreei com o Apostólis e outro Kostas duas vias novas. Desde então pelo menos quatro vias novas pipocaram no lugar.

O Kostas e a Anastasia estavam na via que da outra vez chamei de B. Antes de eu alcançá-los a Anastasia já tinha descido e o Kostas estava calçando a sapatilha para calçar o resto. Antes de começar me explicou a metodologia dele: como em Thérisso as vias são mais difíceis do que em outros lugares onde escalamos, ele primeiro guia a metade para aquecer e depois guia o resto para não fazer mal para os músculos e etc. Não entendo muito do assunto, mas achei uma estupidez o que ele disse, ainda mais considerando que ele estava num via que é no mínimo um VIsup e provavelmente um VIIa e que pouco mais para cima há três vias de Vsup/VI.

Não quis discussão e esperei minha vez. Enquanto esperava desliguei o telefone do Kostas que estava tocando música num volume inapropriado até para o telefone.

Passei um aperto para escalar a via em top-rope e parei duas vezes para descansar. O Kostas já tinha escalado esta via algumas vezes recentemente e resolveu encarar guiando. Ele tem escalado diariamente e está ficando forte. Na semana que passou ele só não escalou um dia. Depois de mim a Anastasia fez a via inteira e fomos embora.

Não sei o que já disse antes a respeito, mas se foi algo contrário ao que escrevo agora, deve ser desconsiderado. Thérisso é realmente o setor de escalada de Chaniá. O número de vias é imenso e continua aumentado. Há vias de diversos níveis, estilos e extensão. O lugar também é muito bonito. Deveria voltar lá mais vezes.

Sem álbum de fotos desta vez, só fiz uma foto.

Um dia de sorte

A tarde da última quinta-feira, 18 de junho de 2009, não rendeu muito no trabalho. Depois de agendar online minha entrevista na embaixada americana em Atenas para o dia 7 julho, iniciei o procedimento de clicar compulsivamente no botão "Atualizar". O motivo, conseguir uma data mais cedo para poder comprar o quanto antes a passagem que já aumentara de preço à média de 10 euros por dia nos últimos 3 dias. Por volta das 16h00 o sistema foi atualizado e consegui remarcar para o dia seguinte.

Sem muito planejamento fui para o centro comprar a passagem de barco e arrumar minhas coisas para mais uma viagem de bate-e-volta para Atenas. Como da outra vez, fui sozinho e ocupei 50% do espaço da minha mochila com meu equipamento individual de escalada (daisy chain, sapatilha, capacete, cadeirinha, mosquetões e freio). Nem tive tempo de tentar pedir para alguém algum contato de escalador de Atenas, mesmo porque seria infrutífero.

Cheguei cedo em Atenas e apesar do agendamento fui o primeiro a ser atendido. Em cerca de uma hora meu visto foi aprovado. Fui para o centro passar numa livraria e me atualizar sobre o que havia de novo na literatura grega contemporânea e depois passei no DOATAP, um órgão grego para validação de diplomas (meus diplomas precisam ser reconhecidos para eu cursar o doutorado).

Às 11h00, mais tarde do que esperava, lá estava eu em Filopapou, o setor de escalada que fica próximo ao Acrópole e que visitei na outra oportunidade. Dei uma passada rápida por todo o setor para ver se tinha alguém por ali. Não tinha ninguém. O setor azul já estava tomado pelo sol, e apesar da sombra de árvores e arbustos na base, prossegui para o setor vermelho que ainda estava sombreado. Fiquei me exercitando na base das vias e acompanhando o sol que se aproximava rapidamente. O setor vermelho é o mais interessante dos três que formam Filopapou. A pedra parece uma cachoeira de calcáreo que congelou. É muito lisa ainda mais com o pó fino do chão que tomou conta da sola da sapatilha. Há poucas agarras para mão, mas bastante apoio para os pés, ainda que lisos. As agarras para mão são muitas vezes verticais, em sulcos formados pelo calcáreo que "escorreu" como estalactites (ou estalagmites) que foram coladas umas sobre as outras na pedra. Além das fotos registrei num vídeo tedioso a brincadeira, que pode ser visto mais abaixo.

Quando o sol chegou fugi dele indo para um bloco de boulder entre o setor verde e o vermelho. Um árvore se encarregava de fazer sombra. O bloco tem uma dezena de problemas quase todos bem negativos de VIsup a VIIc. Resolvi tentar o Η (letra grega Íta e não o nosso agá), o mais fácil de todos. Fiz três tentativas e quase tive sucesso na última delas. Parei para preservar os braços desabituados a este tipo de escalada. As duas primeiras tentativas e parte da terceira também ficaram registradas no vídeo que pode ser visto abaixo.

Na sequência fui para uma parte do setor verde onde há alguns probleminhas fáceis e ali parei para descansar um pouco antes de continuar. Já estava há uma hora no setor e parecia que seria mais um dia sozinho em Atenas. Do nada surgiu um cara, com cara de estrangeiro com um livrinho laranja na mão (o guia de escalada de Atenas).

Era o Dave, um Canadense de Toronto, de 38 anos, bombeiro, que estava em Atenas esperando a namorada para irem escalar em Kalymnos por duas semanas. A namorada dele mora a uma hora de Squamish, um setor violento de escalada no leste no Canadá. Ele disse que o grau dele é por volta do 6a francês (e pareceu ser isso mesmo) e que escala mais tradicional do que esportiva. Já esteve em diversos lugares dos EUA para escalar, por tudo na Espanha e também em Arenales e no Frei na Argentina, este último o preferido dele. Papo vai papo vem, perguntei se ele tinha corda, e ele disse que sim, mas que estava no hotel. Fizemos um dois probleminhas por ali e ele, ficamos entediados e ele perguntou sobre o resto do setor. Descrevi rapidamente o que tinha visto e sugeri tentarmos algumas coisas. No final das contas ele perguntou se não era melhor ir buscar a corda e respondi imediamente que sim.

Levou uma hora sob sol escaldante e no metro para irmos e voltarmos. Aproveitei para me reabastecer de água e comprar algumas frutas. Não sei exatamente que horas começamos a escalar, mas ficamos até as 17h00 e não ficamos incomodados com o sol.

Começamos pelo setor azul e guiamos as vias 10 (V), 11 (V) e 13 (Vsup/VI). Depois o Dave ainda guiou a via 9 (VI). Fui de top rope até a metade, mas não aguentava mais. Ele ainda guiou mais uma vez para tentar encadenar e paramos por aí. Ele estava com uma corda dupla bem puída e com ela escalamos. O calor, apesar de não nos incomodar, nos desgastou rapidamente e nem conseguimos escalar no setor vermelho que tem a rocha mais peculiar. Um cheiro de cocô aquecido pelo sol pairava no ar e estava começando a ficar perto do insuportável também. Não conseguimos achar a fonte e sugeri que poderia estar numa caverninha para baixo do setor (apesar de não pegar sol ali). Um fato inusitado foi, depois de já termos escalado duas vias cada um, um cara aleijado sair de dentro da caverna com a maior naturalidade.

Encerramos a escalada tomando um suco (eu) e um chopp (ele) num barzinho perto da Acrópole. E ele que pagou, hehe.

Como a bateria da máquina acabou tenho poucas fotos. Só tiramos uma foto com a máquina do Dave que publicarei oportunamente se ele me enviar. Apesar da falha com a máquina, foi um dia de sorte!

Link para o álbum desta publicação: Um dia de sorte

Vídeo do setor vermelho e do boulder (5,5 minutos):

domingo, 14 de junho de 2009

Mi-nous e Pedevousin Tekna

Esta manhã estive com o Kostas no Monte Várdia. Ele chegou mais cedo com a Konstantina, uma menina que ele está ensinando a escalar. Fez questão de me dizer que eles não são namorados.

Não escalamos muito. Escalei apenas a Mi-nous guiando e a Pedevousin Tékna em top-rope. O Kostas guiou a Sikiá e a Zéstama e fez top-rope na Pedevousin Tékna.

Sem fotos...

sábado, 13 de junho de 2009

Arádena-Mármara-Loutró - Parte 3

Depois da escalada fui para a praia de Mármara com o Kostas e encotramos os demais. Grego realmente é um bicho complicado. O planejamento era caminha até Mármara e depois até Loutró onde pegaríamos o barco para Chóra Sfakion.

Por alguma razão os participantes gregos não levaram comida e planejavam almoçar no restaurante de Mármara. Embalados também por ficar na praia tomando cerveja, fez com que mudassem os planos e nos propusessem a pagar um taxi boat para nos levar até Chóra Sfakion. Isto significaria oito euros a mais por pessoa, além de perder a caminhada até Loutró, a qual de fato eu queria fazer.

Negamos a proposto e logo em seguida retomamos a caminhada de Mármara para Loutró, eles ficaram. Eu já tinha caminhado de Loutró em direção a Mármara mas fui pela costa e não cumpri nem metade do caminho antes de voltar para Loutró (ver aqui).

A caminhada não é difícil mas percorre as encostas da baía de Fínikas passando pelos vilarejos de Lykos e Fínikas, e depois corta uma pequena península onde há ruínas do antigo povoado de Fínikas. Esta caminha faz parte do Path E4.

A caminhada é bastante bonita, especialmente por vermos do alto a transparência da água. Em certo ponto há um bifurcação indicando dois caminhos possíveis e numa delas está escrito easy. Assumimos que easy significava também mais seguro, já que as encostas não eram muito estáveis. Este caminho alternativo acabou nos levando para a estrada que passava pelos dois dilarejos até chegar à península. Atravessamos a peninsula com uma passagem rápida pelas ruínas de Fínikas que tem um castelo muito parecido com o de Frangokástelo não muito longe dali, mas em menores dimensões. Apesar de Loutró ter sido ocupada desorganizadamente a vista de cima, bem como do mar é muito bonita.

A caminhada durou cerca de 1h15 e em Loutró fizemos hora até a chegada do barco tomando água e picolé. Na hora de ir para o barco encontramos o Kostas, a Anastasia e a Eléni e um dos cafés de Loutró. O taxi boat não quis levá-los até Chóra Sfakion e eles tiverem que ir até Loutró.

Voltamos juntos no barco que vem de Ágia Rouméli, que traz as pessoas que caminharam na Samariá. O barco estava lotado, possivelmente o dobro de pessoas da vez que nos percorremos a Samariá cerca de um mês antes.

Em Chóra Sfakion a Elsa, a Anamaria e a Natasa ficaram em um restaurante enquanto o Kostas, o Ian, a Anastasia, a Eléni e eu fomos com um carro buscar os outros dois em Arádena. Deixamos a Anastasia e a Eléni numa prainha que elas queriam ir no meio do caminho e continuamos até Arádena. Depois o Kostas se juntou a elas e o Ian e eu fomos para Chóra Sfakion degustar uma Sfakianí Píta sem atrasas ninguém.

Sfakianí Píta (Sfakian Pie ou Torta Sfakiana (?)) é tipo uma panqueca recheada com queijo e que deveria ser frita em óleo de oliva. Depois de pronta é servida com mel.

Esta parte da caminhada e o passeio como um todo foi muito legal. Curiosamente não é explorado como a Samariá, talvez por oferecer um pouco mais de dificuldade e as dimensões não serem tão atraentes. Ainda bem!

Link para o álbum desta publicação: Arádena-Mármara-Loutró - Parte 3

Arádena-Mármara-Loutró - Parte 2

Pelo menos uma vez comentei neste blog a respeito do setor de escalada em Mármara, onde quase fui na oportunidade que descrevi aqui.

De acordo com o guia de escaladas de Chaniá, o setor de Mármara é pequeno, com apenas cinco vias, mas com um potencial para mais vias. O grande atrativo, eu diria, é a dificuldade de acesso e a bela praia de Mármara.

Mas a realidade é dura e o setor de Mármara é uma farsa. A praia de Mármara é interessante e bonita. Bastante pequena com costões rochosos de mármore que formam pequenas cavernas banhadas por água azul claro absolutamente transparente. Seria perfeito se a praia não estivesse tomada por espreguiçadeiras e guardas-sol para aluguel, por um restaurante no alto de um dos costões e por dezenas de lanchas "estacionadas" por ali.

Quando avistei por acaso uma chapeleta durante a descida de garganta de Arádena, achei por um instante que era uma via perdida fora do setor principal, pois esperava que o setor fosse mais perto da praia. Por via das dúvidas procurei por mais vias sem sucesso o que a princípio confirmava minha suspeita. Para ter certeza mesmo, peguei o guia na mochila e a foto mostrou que eu estava errado, mas certo. Quero dizer, estava no lugar certo achando que estava no errado.

Das quatro vias que deveriam existir na parede em questão, apenas uma tinha chapeletas. O guia dizia que as chapeletas velhas tinham sido trocadas por chapeletas novas, mas apenas duas chapeletas novas foram colocadas, sem que as antigas fossem retiradas. Os outras três vias indicadas no guia não existiam. Parece que por alguma razão eles colocaram as vias no guia achando que depois voltariam para equipá-las, mas nunca voltaram. Uma outra via que usava um buraco com uma fita como primeira proteção e outra chapeleta a seguir parecia inacabada e não constava no guia. Do outro lado da garganta, outra via também possuía chapas velhas. O potencial mencionado no guia é inexistente, exceto pelas vias que deveriam existir.

O Kostas criou uma fissura por friends e desde que comprou alguns para ele, quer usar em toda e qualquer oportunidade. Por isso carregou na mochila os dele, pelos tantos quilômetros de caminhada. Apesar não haver nenhum sinal de que houvesse parada para as vias inexistentes e nem mesmo sinal da possibilidade de colocar equipamento móvel, ele fez questão de se equipar e tentar chegar no suposto local da parada das vias. Ele poderia ter se quebrado todo ou morrido tentando, e várias vezes tentei dissuadí-lo de continuar. Mas ele foi e com isto perdemos pelo menos uma hora. Quando ele finalmente desistiu sugeri tentarmos a via com chapeletas, um 7a.

Ele não botou muita fé, mas já que estávamos ali, não custava tentar. A parede é um pouco negativa e a primeira chapeleta estava bem alta e todas as demais bastante espaçadas uma das outras. Coloquei a sapatilha, um sacrifício uma vez que meus pés estavam bastante inchados por causa da caminhada e do calor. Consegui chegar à primeira chapeleta com ajuda do Kostas que me apoiou pelas costas e depois pelos pés. Depois de clipar na chapeleta deu de ver melhor o estado dela, principalmente do parafuso e ver que uma queda por ali não era a coisa mais segura para se arriscar. Tentei rapidamente o lance seguinte para ver como era, mas o nível continuava alto (acho que mais do que 7a) e abandonamos. A via na face oposta era impraticável pelo estado das proteções e pelo calor (sob o sol).

Enfim, o lugar foi um desapontamento e certamente o pior setor de escalada que já visitei na minha vida (pelo menos dada a expectativa promovida pelo guia). Fomos para a praia e nos juntamos aos demais.

Na parte 3, descreverei a caminhada de Mármara para Loutró.

Link para o álbum desta publicação: Arádena-Mármara-Loutró - Parte 2

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Arádena-Mármara-Loutró - Parte 1

Durante a última escalada, sábado, sabendo que o Kostas não trabalharia durante o domingo (07/06/2009), o convidei para irmos fazer a caminhada na garganta de Arádena. Aproveitaríamos a oportunidade para conhecer e escalar no setor de Mármara. Ele ficou meio receoso porque queria aproveitar o domingo de folga para escalar de novo em Stavrós. Mas mudou de idéia depois de comentar com a Eléni e com a Anastasia que ficaram entusiasmadas.

A garganta de Arádena fica no sul de Creta, na região de Chaniá, numa área chamada Sfakiá. Ele tem início em um vilarejo homônimo e termina na praia de Mármara, esta última acessível apenas a pé ou de barco. Ela é tida como uma garganta difícil, quando comparada com a Samariá, por exemplo, uma vez que o terreno é bem mais acidentado. Darei mais detalhes adiante.

A logística para ir a Arádena também é um pouco mais complicada. Não há transporte público para lá e a caminhada começa num lugar e termina em outro. A idéia era ter dois carros, e depois ficará claro o porquê. Além do Kostas, da Eléni e da Anastasia, vieram a Natasa, o Ian e a Elsa que estavam com mais um carro. Fomos todas até Chóra Sfakion, ponto final do passeio, onde o Ian deixou o carro deles e seguimos com os outros dois para Arádena, onde começa a caminhada.

Fazer as coisas com gregos não é fácil. Saímos cedo para não andar no calor, mas eles se atrasaram. Antes de Arádena, no vilarejo de Anópoli, a Anastasia fez questão de parar para comer uma Sfakianí Píta e tivemos que esperar pelo menos mais uma meia hora.

A chegada na vila de Arádena é interesse pois cruzamos a garganta por uma ponte metálica instalada pelo corpo de bombeiros. A ponte está a cerca de 150 m de altura em relação ao fundo da garganta naquele ponto e é usada para a prática de bungee jump. Logo após a ponte tem um estacionamento com um botequinho onde deixamos o carro para começar a caminhada.

A partir do estacionamento passamos por um portão metálico e entramos nas ruínas da antiga cidade de Arádena. Nada muito interessante. Na sequência pegamos um estradinha que leva até a entrada da garganta e passamos outro portão antes de começarmos a descer para o leito (?) dela. A vista deste ponto é muito legal, pois vemos o traçado do caminho que desce pelo outro lado. Os dois caminhos eram usados pelos habitantes para cruzar a garganta antes da colocação da ponte. Deste ponto em diante, o Kostas, a Eléni e a Anastasia, por quem ficamos esperando um tempão, resolveram ir um pouco mais rápido e não esperaram por nós.

Não ocorreu nenhum incidente maior durante a caminhada e não convém continuar um descrição estritamente cronológica dos fatos, então comentarei livremente alguns aspectos do passeio que acho relevante.

A caminhada começa fácil sobre terreno pouco inclinado e coberto de cascalho e é assim em vários outros trecho. Mas desde o início até o final, a caminhada fácil é intercalada por obstáculos formado por rochas ou desníveis. Em vários pontos é necessário o auxílio das mãos. Algumas das pedras por onde descemos estavam bem polidas, possivelmente pela passagem de pessoas e eram bastante escorregadias. A caminhada é fácil, mas exige um pouco mais de atenção em alguns pontos para evitar quedas e escorregões. Em certo ponto, pouco depois do início, nos deparamos com uma barreira de madeira indicando o caminho por uma escadaria na encosta da garganta. Ingenuamente, e por insistência da Natasa seguimos pela escadaria. Por conta disto perdemos a melhor parte da aventura, por assim dizer. A escadaria foi colocada para desviar do trecho mais difícil da caminhada. Neste trecho era necessário o uso de cordas para descer desníveis bastante íngremes até que o corpo de bombeiros colocou uma escada de metal (suponho que para diminuir acidentes). Ao que parece a escada não surtiu os efeitos desejados e resolveram fazer a escadaria na encosta.

Enquanto subíamos a escadaria vimos um grupo perdido neste trecho, indo e voltando a procura do caminho certo. Eles estavam fazendo a garganta de baixo para cima. Nem me dei conta que este trecho era onde estava a escada metálica e só notei a falta desta parte da caminhada quando estávamos razoavelmente perto do final. Quem estiver curioso e quiser ver a escada e o desnível, achei uma foto aqui. Depois que terminamos a escadaria bastaria ter voltado alguns metros pela garganta para ver a escada. Por outro lado foi interessante usar a escadaria pois foi o único ponto, fora o início em que vimos a garganta de cima.

Como começamos a caminha por volta de 10h30 o sol já estavam bastante alto e foram poucos os trechos sombreados.

A garganta estava bastante florida e possui bastante vegetação que varia a medida que descemos.

A única fonte de água parecia imprópria, principalmente por ter animais mortos por perto. Não foi necessária no nosso caso.

O caminhado é marcado por pontos vermelhos e há algumas bifurcações indicadas para quem quiser deixar a garganta e ir para um vilarejo chamado Livanianá ou para alguma igrejinha escondida por lá.

Foi fácil ver que estávamos chegando ao final pelo vento que encanava na garganta. Logo pudemos avistar o mar. Bem perto do final, um pouco antes de uma cerca, por acaso vi uma chapeleta na parede e achei o setor de escalada de Mármara, que eu esperava ser mais próximo da praia. Fiquei por ali esperando o Kostas voltar para escalarmos, e o resto do pessoal foi para a praia.

Levamos cerca de 2h30 para percorrer os 4,5 km da garganta mais uns 700 m do estacionamento até ela.

Encontrei aqui um relato breve (em inglês), mas legalzinho sobre a caminhada na garganta (de baixo para cima).

Escreverei sobre a escalada em Mármara na Parte 2.

Link para o álbum desta publicação: Arádena-Mármara-Loutró - Parte 1

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dulfer e Tottis

Sábado no final da tarde me juntei ao Kostas, Anastasia, Eléni e Dáfni para uma escalada no Monte Várdia. Cheguei e sem muita lenga lenga escolhi as vias que queria escalar. Enquanto o Kostas guiou a Zéstama para elas escalarem em top-rope esta via e também a Mi-nous, me equipei em frente da Dulfer e da Tottis.

Já tinha escalado estas duas vias em outra oportunidade e as descrevi aqui. Relendo o que escrevi, vejo que a descrição das vias não está má, mas elas são bastante mais fáceis do que pareceram da outra vez. Por alguma razão, também li errado a graduação no guia. A Dulfer é um Vsup (puxando para o sexto, pois o crux não é difícil mas tem um segredinho) e a Tottis é um VIsup. Fiz a Tottis em top-rope mas não vejo motivos para não guiar. Notei que da outra vez que escalei fui muito mais para a esquerda do que precisa e deixei de usar algumas agarras preciosas na parte final da via.

Link para o álbum desta publicação: Dulfer e Tottis

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Um pouco de escalada tradicional

Já escrevi sobre Stavrós em quatro oportunidades: Stavrós. Em uma delas, contei sobre a escalada que fiz de uns 20 m só para sentir um pouco o setor, com segurança da Anamaria. Depois de muita enrolação finalmente voltei a Stavrós. Desta vez com o Kostas e com um rack um pouco menos incompleto. Foi no último domingo, 31 de maio pela manhã.

Subimos a trilha que dá acesso à base da pedra em 28 minutos. Ficou combinado que apenas eu guiaria e que o Kostas subiria de segundo, pois não tem experiência em montar paradas. Fiquei mais tranquilo assim, pois ainda não tenho muita confiança nas colocações de peças móveis que ele faz. Guiei a primeira enfiada sem muita demora, protegendo menos do que da última vez. Porém demorei um bom tempo até montar a parada, em um local onde a montagem é mais do que evidente.

O Kostas se juntou a mim e segui para a nossa segunda enfiada de corda, uma travessia horizontal de uns 8 metros, também fácil que depois segue para o alto. Protegi bastante, principalmente depois que a travessia termina pois a pedra ficou um pouco mais vertical. A maior parte das proteções são com fitas e logo elas acabaram. Cheguei num ponto em que tinha uma colocação perfeita para um nut, uma colocação média para boa para um friend e um arbusto fajuto meio elástico. Usei os três para fazer um parada que também não foi montada na melhor das velocidades. Mais uma vez o Kostas veio e ficou num platozinho mais confortável um pouco abaixo com a auto-segurança dele bem longa.

O setor de Stavrós pega sol pela manhã e a sombra começa a nos perseguir mais de perto. Parti para a terceira enfiada. Esta enfiada não é muito legal. O grau continua baixo, possivelmente IV com um crux de V ou Vsup, mas com bastante vegetação e poucas colocações. Encarei o lance e cheguei num platozão com uma árvore grande e toquei para a esquerda até um local apropriado para a terceira parada. Entrei no espírito e montei a parada rapidamente desta vez, usando mais uma vez um friend, uma laçada em alça de pedra e um arbusto.

Chamei o Kostas que chegou meio ansioso com o horário, porque tinha que ir trabalhar. Para falar a verdade eu estava cansado e um pouco nervoso para encarar o lance seguinte que parecia um pouco exposto. A falta de tempo jogou a meu favor e começamos a planejar a descida.

Passei uma fita pela alça de pedra e pelo arbusto coloquei uma anilha de ferro que o Kostas tinha trazido. Enquanto o Kostas subia, achei sem querer um piton entalado numa fissura também com uma anilha de aço nos arredores do local da parada. O piton parecia em bom estado e passamos a corda pela anilha do piton e pela anilha da fita. Deixamos a parada como backup, peguei todo o equipamento e desci em direção a nossa primeira parada para o caso de a cordar não chegar no chão.

Como minha corda tem 70 m (na verdade um pouco mais) mais a elasticidade da corda, consegui chegar na base com a ponta da corda a meio metro do chão. Desfiz o nó e deixei a corda toda passar pelo aparelho e refiz o nó. O Kostas desfez a parada e desceu voando. Só que como eu não tinha descido reto, a corda se prendeu em arbustos e a pressa dele fez as coisas demorarem mais. Quando ele chegou no chão ele quase soltou a corda depois de tirar do freio. Descendo em linha reta ele chegou numa parte mais baixa e a corda ficou a pouco mais de um metro do chão. Se ele soltasse, a gente não conseguiria alcançar a corda para puxar. Gritei a tempo.

Nem arrumamos o equipamento, só jogamos tudo nas mochila e descemos. Caí duas vezes durante a descida sem me machucar e a completamos em 11 minutos. Tudo que não tínhamos suado durante a escalada suamos durante a descida da trilha.

Nossa escalada foi demorada, principalmente na montagem das paradas e nas trocas. Por sinal talvez seja melhor ir até o ponto onde fomos com apenas duas paradas, para não perdermos muito tempo. Mas a travessia atrapalha um pouco essa idéia. Acho que agora escalaremos tradicional com mais frequencia e aos poucos vamos ficando mais agilizados.

Durante a escalada fiquei bastante nervoso. Enquanto estava nas paradas, principalmente na segunda que era mais vertical só ficava olhando para o nut e o friend. Por mais que soubesse que eles estavam bem colocados ficava aquele medo de que um deles pipocasse. Durante a escalada cheguei a pensar se realmente estava afim de escalar tradicional, e olha que só subir uns 40 metros... Mas depois de passado e já relaxado, dá bastante vontade de voltar e terminar a via para então tentar as outras que Stavrós oferece.

Link para o álbum desta publicação: Um pouco de escalada tradicional (mais fotos quando o Kostas me enviar)