segunda-feira, 26 de maio de 2008

Além das expectativas

No feriado de Páscoa (Ortodoxa), aproveitando a vinda da mãe e da tia da Anamaria, passamos três dias nas ilhas de Mykonos e Santorini. Antes de partir, ainda fiz uma pesquisa "Walita" na internet para ver se encontrava setores de escalada, mas não veio nada de bate-pronto.

Em Santorini, com um carro na mão, visitamos os principais pontos da ilha, inclusive a badalada (no verão) praia de Périssa.

Ao chegar à beira da praia, antes mesmo de notar a transparência da água e a areia cinzenta, já estava de olho no costão esquerdo da praia. Lá, uma parede com não menos do que 20 metros de altura por 30 de largura. Fui até lá e, óbvio, encontrei algumas vias. Esportivas, aparentando grau elevado, com praticamente todas as chapeletas bastante enferrujadas e nem um sinal de magnésio na parede. Alguns cordeletes e fitas de abandono podres enfeitam algumas chapeletas mais no alto. Se voltar lá, arriscarei levar equipamentos. É... Santorini superou minhas expectativas!

No álbum me limitei a colocar as fotos da "escalada". Se quiserem ver fotos do passeio, assistam o clipe de fotos abaixo, com duração de 10 minutos.

domingo, 25 de maio de 2008

Jipinho

Foto de um dos Defender de propriedade do Clube de Montanhismo. Já vi um desses passando cheio de crianças num dos finais de semana em que a atividade realizada era infantil. Eles devem ser usados para apoio em atividades do clube e também pelas equipes que fazem a manutenção dos quatro abrigos de montanha.

sábado, 24 de maio de 2008

A praia de Ágii Apóstoli

Ágii Apóstoli é uma pequena e bonita praia a oeste de Chaniá, onde encontra-se o menor setor de escalada indicado no guia de escaladas de Chaniá, com apenas uma via. Tanto é, que o guia resume-se a dar o nome do local, da via, extensão e graduação, em duas páginas com diversas fotos de alguém escalando a via e nada mais, nem como chegar.

A via Teto de Ágii Apóstoli, é um XIII+/IX (UIAA) com 9 metros de extensão numa parte de rocha firme que contrasta com o aspecto arenoso e frágil da caverna. Bom, vejam o vídeo de três minutos e as fotos do álbum para terem uma idéia. A meta é até o final do doutorado, mandar solando!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Primeira escalada na Grécia

Com o guia na mão não foi difícil retomar as escaladas. Principalmente ao ver que um dos setores estava a menos de 15 minutos de carro daqui de casa. Ou seja, podíamos ir a pé. Assim registrei a primeira escalada na Grécia, no dia 20 de janeiro de 2008:

"Tomamos café da manhã por volta de 11h30 e começamos a nos arrumar para a primeira escalada na Grécia. Terminamos de nos arrumar por volta de 13h00, quando saímos. Começamos subindo a Rua Giaboudaki e em seguida as ruas ficaram diferentes do que mostrava o mapa, mas mesmo assim chegamos sem problemas na Rua Papanastasiou. Subimos ela até o final como indicado no guia de escalada. Encontramos também a estrada de terra. Na estrada tinha um cara com umas crianças e uma caminhonete estacionada. Falou um pouco com a gente. Queria dizer para não esquecermos de fechar a porteira, que não passava de uma cerca de ferro trançado. Levamos pouco menos de uma hora de casa até o setor de escalada. Ele tem a forma de um L, mas apenas a haste em pé do L tem vias. Não sei por que razão a outra não tem. Primeiro vimos todas as vias uma a uma, que além de estarem indicadas no guia, estão marcadas, conforme o guia, com números e setas coloridas. Ficamos uma hora por ali, e como não tinha equipamento o suficiente para a Ana me fazer segurança, só solei um pouquinho o comecinho de várias vias e fizemos fotos. Levei meu equipamento para o caso de encontrar escaladores, mas ninguém apareceu. Várias vias ali estão indicadas como boulder, mas de fato são 'solo', enquanto as demais são chapeletadas ou top-rope. O terreno está praticamente dividido ao meio, com uma cerca no início e outra no meio. A primeira metade estava um lamaçal de cocô de carneiro e praticamente só tem boulders, os primeiros 20 listados no guia. Na segunda parte, um pouco maior, estão as outras quase quarenta vias/boulders. Fizemos várias fotos e antes das 15h00 já estávamos caminhando de volta. Em casa, limpei as botas cheias de cocô enquanto a Ana arrumou a comida do almoço tardio e varreu a casa."

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Guia de Escalada de Chaniá

No dia 12 de janeiro deste ano finalmente comecei a voltar um pouco mais minha atenção para a escalada com a aquisição do Guia de Escaladas de Chaniá. Abaixo uma breve avaliação do guia. Darei mais detalhes da qualidade do conteúdo informado, a medida que eu visitar e escalar nos lugares indicados no guia.

O guia abrange sete setores de escalada da região de Chaniá, na parte oeste da Ilha de Creta. O material utilizado é de primeira, e a editoração é bem boa, exceto pela falta de padrão na apresentação de conteúdo de um setor para o outro. Além disso, as fotos das paredes com as linhas das vias estão em baixa resolução, uma pena. As dimensões do livro 13 x 19 x 1 cm são excelentes (poderia até ser mais grosso e conter mais informação).

O livro se propõe a ser bilíngue, porém a introdução, prólogo, comentários sobre a geologia da região e até mesmo algumas instruções sobre os setores de escalada aparecem apenas em grego. Diversos guias do gênero têm fotos bonitas em detrimento a informações detalhadas, não é o caso deste e acho isto muito bom. Se quisesse fotos, comprava um calendário.

Enfim, o guia quebra muito bem o galho. Já estive em cinco dos sete setores (mas só escalei em dois) e tenho certeza que farei bom uso. Quem quiser ver o guia ao vivo, poderá vê-lo em Florianópolis em alguns dias. Depois de ter comprado um, fui presenteado com outro por um colega do curso de grego, este último com dedicatória, que mantive. A Anamaria enviou o outro exemplar para o Cristiano. Vejam mais fotos no álbum enquanto não chega.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Viagem barata até as montanhas

Desde que cheguei na Grécia li três livros sobre montanhismo que, como outros que já li, me permitiram viajar barato até montanhas que talvez nunca visitarei.

O primeiro deles, "Um sonho chamado K2", do montanhista brasileiro Waldemar Niclevicz, editado pela Editora Record me foi presenteado pelo meu amigo Cristiano logo antes da minha vinda para a Grécia. Comecei a ler ainda no avião e terminei vários dias após a chegada. É um resumo "detalhado" de todas as tentativas de escalada ao K2 pelo Waldemar, inclusive a tentativa em que ele finalmente chegou ao cume. Com uma redação agradável e resgates de momentos históricos do montanhismo, exige um pouco de atenção do leitor pois nem sempre fica bem clara a cronologia dos fatos. Infelizmente faltam ilustrações para acompanhar a narrativa. O material do livro é muito bom e há um encarte com fotografias coloridas. Na onda da auto-ajuda e palestras motivacionais, encontramos algumas frases entediantes como esta: "mais do que superar uma montanha eu precisava superar a mim mesmo". Mesmo assim recomendo a leitura, é claro!

A segunda leitura, "Escalada Mortal", de Trevanian, foi um presente dos pais da Anamaria. É um livro de ficção que mistura espionagem e montanhismo editado pela Editora Landscape. De leitura fácil e agradável, descobri quem era o vilão da história muito antes do final o que deixou a leitura um pouco enfadonha. Àqueles que, além de montanhismo, se interessam também por histórias policiais, mistério e espionagem, recomendo a leitura.

Finalmente a terceira leitura, "High Adventure: the true story of the first ascent of Everest" , presente de uma amiga da Anamaria, foi iniciada antes e finalizada depois da morte do seu ilustre autor, Sir Edmund Hillary. Edição especial de 50 anos, em papel jornal, editado pela Oxford University Press. Leitura indispensável para quem se interessa por montanhismo, tem o mesmo defeito de diversos livros do ramo, a falta de ilustrações claras sobre os locais onde as narrativas acontecem, principalmente para leitores como eu, que rapidamente se perdem entre tantos nomes de cristas, glaciares e montanhas. O livro vai além da conquista do Everest propriamente dita; além de passagens de sua vida como montanhista, o autor relata seu pioneirismo e de seus companheiros nas montanhas do Himalaia quando o Everest era apenas um sonho.

As pessoas gostam de montanhismo

Nos dias 2, 3 e 4 de novembro de 2007 aconteceu no Centro Cultural de Chaniá (foto) o 1º Festival Pan-Hellênico de Filmes de Montanha, organizado pelo Clube Grego de Montanhismo de Chaniá. Foram exibidos filmes, slides e palestras.

Comparecemos no dia 3, sábado, e vimos três filmes: um com cerca de 5 minutos em homenagem a um escalador local que morreu em 2007 escalando uma montanha no Paquistão, um de 22 minutos sobre um trio local que foi à Chamonix escalar e esquiar, e um de 45 minutos de um grupo grego que escalou o Cho Oyu. Todos os três filmes em grego... valeu pelas bonitas imagens. Entre os tópicos apresentados estavam escaladas no Peru, Kalymnos (Grécia) e Everest.

Extremamente bem organizado e com a participação de autoridades do município, em seus três dias o auditório principal onde ocorreram as apresentações lotou (certamente comportava mais de 300 pessoas).

Divulgado com cartazes colados pela cidade e folders (ao lado), o evento reuniu muito mais do que apenas montanhistas e seus familiares, mas também crianças, jovens, adultos e idosos, sem ligação nenhuma com o clube ou seus membros. As pessoas gostam de montanhismo.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Comprometimento

Depois da primeira ida ao Clube Grego de Montanhismo de Chaniá, fui lá mais umas duas vezes, mostrei algumas fotos minhas escalando, deixei um folder da Pedreira do Abraão e procurei me informar mais sobre o clube . Tentarei expor o pouco que sei do clube e espero voltar a frequentá-lo para aprender mais sobre o funcionamento do mesmo.

Os membros do clube tiveram papel importante no desenvolvimento turístico da região e foram pioneiros ao acessar por trilhas, belezas naturais da ilha onde hoje se chega de carro. Antes de virar parque nacional, a famosa Samaria Gorge era mantida pelo clube.

O clube abre de segunda a sexta das 21h00 às 23h00. Os frequentadores do clube durante a semana parecem se resumir à turma da caminhada com mais de 50 anos, mas me asseguraram que os escaladores também aparecem. Reforçaram o convite para eu participar das atividades. Infelizmente até agora não me envolvi, até porque não tenho todo o equipamento necessário (mínimo), como lanterna por exemplo.

O calendário de atividades externas é trimestral e ocorrem TODOS os finais de semana. Cada atividade tem um responsável e qualquer pessoa pode participar. Cabe ao responsável vetar a participação de alguém que ele não julgar capacitado. Realizam caminhadas, subidas a montanhas, acampamentos e pernoites nos abrigos do montanha. As despesas com deslocamento são divididas entre os participantes. A inscrição pode ser feita por telefone ou na sede do clube até sexta-feira. Representantes do clube também levam seu nome para suas atividades no exterior.

O clube é bem organizado e possui sede própria, mas estão querendo se mudar para um lugar melhor. A sede é ampla e posso dizer com segurança que é pelo menos seis vezes maior do que a "sede" da ACEM. É decorada com fotos mapas e equipamentos antigos. Possuem também dois Defender, um 90 e um 110!

Além das contribuições regulares dos associados, o clube arrecada dinheiro com a venda de materiais informativos como um guia para o Path E4 que passa por Chaniá, o Guia de Escaladas de Chaniá, lançado no final de 2007 e um recém lançado Guia de Caminhadas também na região de Chaniá.

A instituição é respeitada em Chaniá e os clubes de outras cidades parecem ter o mesmo prestígio nas suas localidades. Apesar de o tempo de atuação do clube ser incomparável com o da ACEM e de outros
jovens clubes brasileiros, a estrutura sólida do clube é invejável. Uma coisa é certa, o clube está e continuará assim, por que seus membros estão comprometidos com o clube, e é esta a lição mais importante a se aprender com eles.

Espírito de montanha

A expressão "espírito de montanha" vez ou outra surge em conversas, notícias e listas de discussão. Na maioria das vezes que a expressão vem à tona o assunto é a falta de "espírito de montanha", e não demoram a vir exemplos vindos de relatos a respeito de expedições comerciais no Everest e Aconcágua, e mais recentemente em setores de escalada esportiva. A expressão é muito subjetiva e há quem ouse dar definições. Mas o máximo que eu poderia fazer aqui, é dar exemplos da minha vivência no montanhismo.

Já tinha passado algumas vezes pela frente do Clube Grego de Montanhismo de Chaniá, mas estava sempre fechado. Como outros problemas me assolavam, não tinha muita cabeça para pensar em escalada. Finalmente um mês depois da nossa chegada, no dia 18 de outubro de 2007, voltando do centro a noite, passamos na frente do clube e as luzes estavam acesas. O clube fica localizado num meio-subsolo numa rua movimentada da área central de Chaniá, de frente para o parque municipal.

Resolvemos entrar. Toquei o interfone e a porta se abriu! Descemos as escadas e entramos no clube. As três pessoas presentes, além de nós, se olhavam e ninguém dizia nada. Quebrei o gelo saudando-os em grego e perguntando se alguém falava inglês.

O Yannis, um senhor talvez com seus 65 anos respondeu em inglês e nos convidou para sentarmos. Apresentamos-nos e fomos muito bem acolhidos. Os outros dois, um pouco mais novos não se manifestaram em momento algum, talvez por não saberem falar inglês, mas prestavam atenção na conversa. Expliquei melhor quem eu era e porque estava ali. Também me informei sobre as atividades do clube.

Em tudo isso, foi muito legal o fato de que eu ter dito que sou associado de um clube no Brasil, ter sido o suficiente para eu ter o mesmo direito de participação de um sócio nas atividades externas do clube, inclusive pagando o mesmo valor que o associado! Mesmo não sendo necessário, fiz questão de mostrar minha carteirinha. Disse o Yannis: "Se és membro de um clube no Brasil, és membro do nosso clube".

É claro que ele exagerou um pouco. Mas para mim, este é o "espírito de montanha".

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Pequenas aventuras

Queridos amigos, há tempos que digo que farei um blog para compartilhar minhas experiências nessa nova vida longe de todos e de tudo, esta grande aventura que estou vivendo.

Pensava em fazer um blog para relatar experiências de (quase) todos os tipos: dizer como os gregos dirigem mal (ou bem demais), como é a comida, quantos dias esperamos para conseguir uma linha telefônica, ou que quase tivemos que voltar para o Brasil.

Não consegui. É coisa demais para fazer e para contar. Espero quando for velho poder recuperar na memória histórias dessa grande aventura, já hoje esquecidas, para poder contá-las com a magia do tempo passado.

Por ora, espero encurtar a distância entre nós relatando minhas pequenas aventuras na ilha de Creta e, quem sabe, em outros lugares!

Deixem comentários, façam perguntas, aventurem-se comigo!