sábado, 23 de janeiro de 2010

Mata Atlântica

Anamaria e eu ganhamos de presente de Natal, do meu irmão Victor e sua esposa, o mais recente lançamento da Lagoa Editora: o livro A Mata Atlântica na Ilha de Santa Catarina. De autoria de Maria Victoria Bisheimeir e Cristina Santos, com fotografias de Victor Emmanuel Carlson (meu irmão), o livro introduz brevemente os ambientes de Mata Atlântica na Ilha de Santa Catarina e a seguir descreve diversos elementos da flora e fauna local, principalmente aves, sempre ricamente ilustrados por belas fotografias. Seguindo a linha de outra publicação da Lagoa Editora, Aventura Arqueológica na Ilha de Santa Catarina, a linguagem utilizada é acessível ao público geral e evita jargões técnicos que nas raras ocasiões que aparecem são explicados com clareza ou constam num glossário ao final do livro.

Convém (ou talvez não) comentar que consto na seção de agradecimentos do livro por ter apontado um lagarto que aparece em duas ou três fotos. Diga-se de passagem, esta fotografia foi feita quando meu irmão e eu fazíamos a trilha da praia do Matadeiro para a Lagoinha do Leste durante o levantamento de trilhas para outro livro da Lagoa Editora, Trilhas e Caminhos da Ilha de Santa Catarina, aparentemente esgotado e aguardando a próxima edição.

Quem escala em Florianópolis (ou fora dela) inevitavelmente percorre ambientes de Mata Atlântica para acessar praticamente todos os setores de escalada. O livro é uma ótima maneira de conhecer melhor este ambiente tão frequentado pelos escaladores que podem assim compreendê-lo melhor não só para sua preservação, mas também para seu desfrute, reconhendo in loco as espécies que o compõe. Li o livro do início ao fim e apreciei as mais de 250 fotografias. Mais do que um livro para a leitura, é um livro de referência para o entusiasta conhecer e identificar as espécies. Reconheci várias espécies (principalmente o gravatá) e fiquei espantado com tantas outras que ao longo dos anos passaram despercebidas ou que nem imaginava que poderiam ser vistas na ilha.

O livro pode ser adquirido online no site da Lagoa Editora ou nas melhores livrarias (mas um informante me contou que há menos de 50 exemplares disponíveis e vi que no site da livraria Saraiva está indisponível; melhor correr ou aguardar a segunda edição em breve).

domingo, 17 de janeiro de 2010

Hippocrates


Neste Natal a Anamaria e eu queríamos sair de Chaniá, para fazer algo diferente. Uma empresa aérea local, a Aegean Airlines (muito boa por sinal), lançou um promoção no início de Dezembro com preços baixíssimos para vários destinos na Grécia. Queríamos ir a Kérkira (Corfu), mas os preços eram proibitivos e o que conseguimos foram passagens do dia 26 ao dia 31 de Dezembro de Chaniá para Kós e de Kós para Chaniá.


Quase nada sabíamos sobre Kós, exceto que é muito próxima à Turquia, e que é a vizinha grande de Kálymnos, o paraíso da escalada. Compramos as passagens sem saber muito o que faríamos lá, mas tudo bem, desde que saíssemos de casa. Quem quiser ver no Google Earth ou Maps, a ilha de Kós é bem pequena e 5 ou 6 dias no inverno é mais do que tempo suficiente para conhecer a ilha e por isso pensamos em dividir o passeio para conhecer outros lugares.

As alternativas seriam ir à Bodrum na Turquia e/ou dar um pulo em Kálymnos para ter um aperitivo de como são as vias lá. Com isto decidido, encomendei o guia de Kálymnos, sobre o qual posso vir a escrever futuramente. Mas quando começamos a planejar mais detalhadamente a viagem, vimos que os horários de barcos para Kálymnos e Bodrum não se encaixavam no nosso planejamento e decidimos ir à Turquia apenas. Esta mudança de planos me fez, dois dias depois de encomendar o guia de Kálymnos, fazer uma pesquisa para saber se tinha escaladas em Kós. E não é que tinha! Assim, comprei o guia de escalada Olympic Blocs, que lista alguns setores de boulder espalhados pela Grécia, entre eles um em Kós. Quando o guia de Kálymnos chegou, vi que em uma das páginas este guia é recomendado e é o setor indicado para os mais fissurados que ficarem ilhados em Kós por causa de ventos que impedem a saída de barcos.

Não vou dar muitos detalhes desinteressantes da viagem, exceto que não conseguimos ir para Bodrum por causa dos fortes ventos e acabamos abdicando das nossas passagens aéreas e voltamos antes e de barco, com passagem por Atenas, que saíria mais em conta e seria mais interessante do que ficar entediado em Kós.

Vamos à escalada. O guia é relativamente bom, com indicação de vários blocos e problemas, e bastante claro sobre como chegar ao setor de boulder. O nome do setor é Hippocrates, o pai da medicina, orginário de Kós. O setor, ainda pouco explorado, ocupa uma área de pelo menos 800 x 300 m, na costa centro-sul da ilha (ver localização no mapa do álbum de fotos). O local é levemente inclinado e os blocos rolaram morro abaixo a partir de formações rochosas um pouco mais acima do morro. O local é de fácil acesso e um caminho de terra permite acessar com o carro praticamente toda a largura do setor.

O guia divide o campo de boulders em vários setores e indica os blocos e os problemas com nome e graduação em uma lista numerada com números correspondentes nos croquis e/ou fotos. Eles elaboraram também um circuito amarelo com os problemas mais fáceis. A graduação utilizada é a de Fontainebleau.


O mais surpreendente do local é o tipo de pedra, granito. Algumas vezes com uma cor acizentada, o tom da rocha é muito semelhante ao que temos em Florianópolis em Itaguaçu e na Mole. Um rosado puxando para o bege. As agarras tem forma muito parecida com as nossas, mas os problemas que tentei possuiam uma quantidade menor de regletes, predominando a aderência. Em alguns blocos, há protuberancias cinzas que parecem cimento.

O lugar é menos limpo (no sentido de pedras e vegetação) do que eu pensava ou parecia pelas fotos. Me concentrei em dois blocos, que não por coincidência continham alguns dos problemas mais fáceis. Não tentei nenhum bloco mais alto e difícil pois não tenho crash pad.

 Deu uma circulada pelo setor F e G para me localizar e achar o bloco F10 que concentrava num só bloco seis problemas de 3b a 5c e um problema de 6b (escala de Fontainebleau). Depois de achar o bloco tive que voltar até o carro para buscar a sapatilha que esqueci. Escalei os cinco problemas mais fáceis e a cada um deles dava uma volta grande para voltar à base. Há várias fotos deste bloco no álbum.

Depois voltamos ao carro e percorremos a largura do campo observando alguns blocos maiores até chegar ao setor A, onde escalei no bloco A12. Este bloco é bem largo e possui 13 problemas de 2a a 6c+. Escalei os oito primeiros, os mais fáceis, sendo o mais difícil um 5b. Não sei a relação da tabela de Fontainebleau com a brasileira ou francesa, mas ela é mais baixo. Assim, um 5b deveria ser alto em torno de VI ou Vsup. Há também várias fotos deste bloco no álbum e um vídeo com cinco escaladas nele, a última uma subida desengonçada deste 5b.

O setor é muito legal, mas não compensa uma viagem de escalda. Por sorte Kós é a vizinha pobre (de pedra) de Kálymnos, e quem gosta de boulder e está indo à Kálymnos, acho vale dar uma parada rápida para conferir os blocos antes de se esbaldar em tanta pedra na ilha vizinha.

Link para o álbum desta publicação: Hippocrates

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Caverna Ideon

Aproveitamos a visita do meu ilustre amigo Eduardo N. da S. para visitar a caverna Ideon, sobre a qual escrevo nesta publicação, desrespeitando um pouco a ordem cronológica dos eventos,  e deixando portanto os de final de ano para depois.

A caverna Ideon fica a 1538 m de altitude de frente para o platô Nida, poucos metros mais abaixo, e à leste do Monte Ida também conhecido como Psiloritis. Para quem não lembra ou não leu aqui no blog, o Psiloritis fica na região central de Creta e tem o pico mais alto da ilha, o Tímios Tavros com 2456 metros de altura, que subi durante o curso de introdução ao montanhismo.

O platô Nida é muito parecido com o platô de Omalos na Léfka Óri, só que está totalmente desocupado pelo homem, não há construções e aparentemente possui menos vegetação. Quase não há neve nas montanhas de Creta exceto em algumas calhas "protegidas" do sol ainda resistem. Assim, apesar da seca o verde do platô contrasta fortemente com o marrom das montanhas ao seu redor.

Dos arredores do platô, uma estrada de terra leva até a caverna Ideon e mais quatro horas de caminhada (para alguém em boa forma), levam até o Tímios Tavros. Ficamos na caverna apenas, que de acordo com o guia que temos de Creta é o local onde Zeus, o Deus dos Deuses, foi criado. Diga-se de passagem, Zeus em grego se pronuncia Zévs!

Não convém eu me estender aqui sobre a história de Zeus. Há uma entrada suspeita na Wikipedia em português que pode dar algum esclarecimento. Ressalto apenas uma controvérsia. No artigo diz que Zeus nasceu no Monte Dikti (Dicte no artigo) e que algumas fontes dizem que foi no Ida. Minha fonte diz que Zeus nasceu de fato no Monte Dikti (na caverna de Dikti), mas que foi levado para a a caverna Ideon no Monte Ida, onde foi alimentado e cresceu, escondido do seu pai Kronos a quem destronou.

Além da casa de Zeus, arqueólogos dizem que a caverna foi local de cultos tanto no perído minoano como no perído romano. Desta feita, diversos utensílios e artefatos foram encontrados na caverna e alguns deles podem ser vistos no Museu Arqueológico de Heráklio (se algum dia a reforma terminar).

Não fosse por toda a história por trás da caverna e a beleza natural dos arredores, a visita seria desapontante. A caverna é relativamente pequena e está completamente abandonada. Um trilho, imagino que do período das escavações, desce até a caverna e termina com um carrinho enferrujado. Palcos de madeira podre cobrem parte do chão da caverna e oferecem risco ao visitante. Não há nenhuma formação peculiar dentro dela digna de nota exceto a cangança dos pombos. Do lado de fora, no final da estrada de terra, uma construção nova anuncia que um negócio está por surgir ali. No final da estrada de asfalto há um elefante branco asqueroso com pichações dizendo "cafeteria".

Deixando de lado este último parágrafo rancoroso, o passeio foi muito agradável e saciou a curiosidade de saber como era o lugar onde Zeus foi criado.

Link para o álbum desta publicação: Caverna Ideon

sábado, 2 de janeiro de 2010

Ano Novo

Prezados leitores, o ano novo começou bem e estou meio atarefado. Não tive condições de publicar, pois o tempo livre que tive aproveitei para escalar. Posso antecipar que encadenei quatro novas vias nos últimos dias, um VI, um VIsup, e dois possíveis VIIa. Também experimentei duas vias "inéditas". Na próxima semana também receberei a visita de um amigo que não vejo há quase seis anos e não terei condições de publicar. Na outra semana publico os textos e as fotos.