quinta-feira, 31 de julho de 2008

Guia de Escalada de Kapetanianá

Faz alguns dias chegou o guia de escaladas da região de Kapetanianá na região central de Creta, e engloba Kapetanianá, Kofinas e Ágio Fárango . Esta região, de acordo com o guia é tida como a mais desenvolvida de Creta. Me parece um exagero, uma vez que o número de vias aqui na região de Chaniá não perde em nada para Kapetanianá, exceto que lá a concentração (não a quantidade) das vias é maior.

Comprei o guia no site La cordillete, do próprio autor. A compra foi fácil e o pagamento com cartão de crédito via PayPal. O livro chegou intacto, muito bem embalado e no tempo previsto.

Este guia supera em todos os aspectos o Guia de Escaladas de Chaniá. Exceto pela foto da embalagem, não tenho imagens. Recomendo visitarem o site do autor para verem a capa, contra-capa e duas páginas de exemplo. Apesar de excessivamente ilustrado (ilustrações que não informam), o livro é muito bem desenhado e parece que as informações estão expostas de forma clara e concisa. Mas só indo lá para confirmar. As fotos mostram o contexto local, com fotos da vegetação, casas e etc., e não apenas fotos do autor e seus amigos. A qualidade gráfica e da impressão é excelente e há informações sobre como chegar a cada um dos setores, lista das vias, gráficos número de vias por graduação e estilo, enfim, só "vendo para ver".

Não posso deixar de listar três "defeitos": na seção em que o livro dá recomendações, faltou um página sobre animais peçonhentos em Creta, a seção de Ágio Fárango tem poucas vias indicadas na rocha, e uma lista maior de outras que sabe-se lá onde ficam, o guia foi escrito em inglês, francês, alemão e grego. Me parece desnecessário tantas línguas num só guia, a língua local e inglês são o suficiente, além disso há erros grosseiros na tradução.

O guia contem algumas páginas de propaganda que não atrapalham o conteúdo.

De toda maneira, este guia passará a ser minha referência para um mínimo em termos de qualidade, se as informações se mostrarem boas quando eu for escalar lá pela primeira vez.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Eu não me canso

Quando a gente escala muito num lugar a gente acaba cansando e fica com vontade de ir escalar em outro lugar. Eu não me canso, pelo menos agora que escalo pouco e tenho poucas opções. Por isso, voltei ao Monte Várdia dois finais de semana atrás. Aprendi a lição com a escalada anterior e saí de casa às 19h00.
Como minha idéia é tentar trazer sempre algo novo aqui para o blog, nem que seja a tentativa de uma via diferente, desta vez, antes de começar a escalar, dei uma explorada no setor. Aproveitei pra fazer uma foto panorâmica, que ficou bem legal. Dei uma olhada nas pedras à esquerda numa parede perpendicular à principal, que não aparece no guia. A conclusão foi que talvez tenha a possibilidade para duas ou três vias, mas em geral a pedra é podre, quebradiça ou esfarelenta.

A primeira via que escalei foi a Λούκι Look (Aparência de calha), V, que já tinha escalado na minha primeira escalada com corda aqui na Grécia. A minha avaliação da via não mudou muito. O crux é relativamente fácil em top-rope, mas guiando, a falta de agarras para as mãos depois uma "escada" e a pedra lisa "elevam" o grau. Para evitar este lance achei uma alternativa fazendo o lance final como se fosse uma chaminé (ver fotos).

A partir desta via pude escalar em top-rope a via ao lado, Η άσπρη, (A branca), V+/VI-, um pouco mais difícil. Basicamente de aderência, lembra muito as vias da Barra da Lagoa (setor do Etzel), mas numa pedra mais lisa.

Da mesma ancoragem fiz também Η μάυρη (A preta), V+/VI-, ainda um pouco mais difícil. Esta via tem as cores e a parte inicial muito semelhantes à Rei do Torresmo no cipó, e acho que já comentei isto em algum lugar. Como ela termina numa parada diferente, não fui até o final e saí para a calha.

A falta de magnésio foi uma dificuldade a parte, mas encadenei as três vias e pretendo tentar a preta guiando da próxima vez que for, se eu conseguir comprar magnésio.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Acabou o magnésio

A verdade é que o magnésio acabou faz muito tempo. Desde que saí do Brasil que não abasteço minha bolsinha. Até então nenhuma das vezes que escalei precisei muito de magnésio e o restolho vinha dando para o gasto.

Depois de várias escaladas em Kalathás e uma escalada em Plakiás, voltei ao Monte Várdia no último domingo. Saí de casa por volta de 17h00 e foi cedo demais. O calor estava infernal e suei bastante . A bolsinha de magnésio acabou fazendo papel de toalha. Para ter uma idéia diariamente o termômetro no nosso jardim (que é um lugar relativamente fresco) marca de 30 a 32 graus Celsius às 22h00.

Uma novidade desta vez foi uma dupla de escaladores que chegou depois de nós e nos cumprimentou antes de irem para um boulder fora da parede que ficava à sombra. Depois eles voltaram e escalaram uma via (não vi eles escalando). Vi também a corda deles espalhada por uma área de uns 10 metros quadrados de pura terra. Aquele pó fino como o que tem na base das vias do Morro da Cruz nos períodos de seca.

Outra novidade é que experimentei duas vias novas, uma guiando e a outra em top-rope. A primeira foi a via Συκιά (Sikiá), V+, 9 m, uma fenda que é escalada "por dentro e por fora". Uma figueira perto do final da via atrapalharia se não fossem os galhos bons de segurar que ela tem. A segunda via, Παιδεύοθσιν Τέκνα (Pedévousin Tékna), VI, 11 m, mostra mais uma vez que tem algo errado com a graduação aqui. Como já comentei, escalei outras vias em top-rope de VI e VI+ sem problemas. Essa eu praticamente não saí do chão. "Fiz" os lances dela por partes subindo pela via do lado. Pode ser que o calor tenha me afetado, mas o lance em negativo em regletes que tem no meio dela não faz dela ou VI, ou melhor, não faz das outras vias que fiz, VIs. Enfim a discussão da publicação anterior (com comentários e tudo), continua aberta. Por sinal, acho que a tabela sugerida pelo Marcos também está baixando demais o grau UIAA em relação ao brasileiro (pelos por aqui).

Chegou ontem um guia de escaladas que comprei de Kapetanianá. Mais comentários na próxima publicação, em breve!

sábado, 12 de julho de 2008

Graduação das vias

Graduação de vias é um problema. Cada lugar adota uma escala diferente. E mesmo numa região onde todos adotam a mesma escala, ela sofre variações locais. Tanto no guia de Chaniá, como em outros setores listados no site Climb in Crete a graduação adotada é a da UIAA. Como só escalo graus baixos e, exceto pela escalada em Plakiás, só fiz vias curtas (6 a 12 m) a diferença de escalas não é muito perceptível. O IV daqui parece mais perto do V do que do IV brasileiro.

Nos setores de Kalathás e do Monte Várdia, há certa discrepância em alguns casos e homogeneidade em outros. Escalei vias de IV, V, V+ e VI- em que não se nota nenhuma diferença de dificuldade. Também escalei uma via de V e uma de V+ que são mais difíceis do que qualquer uma das vias de VI-, VI ou VI+ que escalei por aqui.

Enfim, serve para ter uma noção e o negócio é encarar para confirmar do que se trata!

Até agora, a tabela no link que segue, parece ser a que melhor sem encaixa com o que estou experimentando, mas o VII- da UIAA esteja subestimado. Quando eu tentar eu descobrirei!
Tabela de conversão de graus de escalada.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

΄Αρης Θεοδωρόπουλος

Antes de ir escalar em Plakiás, evento relatado na publicação anterior, A platéia estava nua, tentei encontrar na internet alguma informação sobre o setor. Entrei em dezenas de páginas em vão. Porém descobri que o segundo nome para contato no cartaz do curso de escalada que foi conteúdo da publicação Curso de escalada em rocha é de um "famoso" escalador grego.

Áris Theodorópoulos é figura importante da escalada grega (e mundial?) como o cabeça do desenvolvimento do esporte na ilha de Kalymnos, o paraíso da escalada esportiva na Grécia.
Escrevi brevemente sobre Kalymnos na publicação Não sei nada de ética local. Para os mais interessados, recomendo a leitura de uma entrevista com ele de 03/04/2008, bastante interessante, na página KAIRN. A única controvérsia é que já li em outros lugares que a escalada em Kalymnos começou com um casal de italianos. De toda maneira parece ter sido ele quem fez o trabalho duro.

Mas o ponto que mais me interessou na entrevista foi ele ter mencionado o potencial de desenvolvimento em Creta nas regiões de Ágio Fárago e, vejam só, Plakiás, como comentei na minha primeira publicação sobre Plakiás, Pedra lisa e pele enrugada e reforcei após a segunda visita ao local A platéia estava nua, e após ter lido a entrevista.

Algumas informações sobre Ágio Fárago, e outros setores de escalada em Creta, podem ser encontradas no site Climb in Crete. Pelo que sei a região mais desenvolvida em Creta é a de Kapetaniana, também com algumas informações no site Climb in Crete. Comprei o guia de escaladas de Kapetaniana. Quando chegar farei uma publicação sobre o guia e quando escalar, sobre os setores!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A platéia estava nua

Muitos escaladores "gostam" quando são observados por pessoas curiosas, fotografados por turistas ou admirados por crianças, principalmente os jovens e novatos.

Praticamente desde que parei de frequentar a Pedreira do Abraão, quase dois anos atrás, por causa do estado de abandono, que não escalava com a sensação de "estou sendo observado".

Isto mudou por um tarde na última quinta-feira. Mais uma vez enforquei o trabalho (sem prejuízo para o andamento dos trabalhos) para fazer um agrado para as visitas. O planejamento do dia era ir para a praia de Préveli. Perto de Préveli está o balneário de Plakiás, que conta com um excelente setor de escalada esportiva e que imagino tenha muita via aberta que não vi e muita via por abrir, como já mencionei nesta publicação: Pedra lisa e pele enrugada.

Aproveitando que o balneário é bonito e que é também lugar apropriado para um almoço, fomos até Plakiás antes de Préveli. Júlio se entusiasmou com a parede e foi fácil fazer a parceria para escalar. Na verdade se empolgou tanto que depois, em Préveli, tentou um boulder dentro d'água (ver álbum de fotos).

Estávamos com dois carros. O resto da "turma" foi para Préveli e o Júlio e eu ficamos para escalar. Fomos até a base das vias e a percorremos rapidamente para ver as vias. A memória que tinha é de que as vias eram todas de graus mais elevados do que posso escalar atualmente. Como não consegui nenhuma informação ou croqui tinha certeza que íamos brincar apenas por alguns minutos e ir para a praia. Me enganei! De alguma forma me passou despercebida uma via que parece um coral enxertado na pedra. Um IV+ sem dúvida, com um crux no meio e um no final, este bastante difícil pois a pedra fica um pouco negativa e acabam as agarras, exigindo um entalamento de mão. A via é rica em agarras, mas muitas parecem que vão quebrar a qualquer momento. As chapeletas estão na parte "lisa" da pedra, a esquerda da via e, apesar das agarras boas, exigiram bastante equilíbrio na hora de costurar.

Subi guiando e depois o Júlio subiu em top-rope e limpou a via. Apesar do grau reduzido, não encademos a via. Tenho escalado só vias curtas e senti que faltou resistência, associado ao nervosismo de voltar a escalar uma via com 25 metros em terreno desconhecido. A via continuava a partir da parada, mas com grau maior e para nós a primeira enfiada já tinha sido legal demais.

Além de alguns turistas que passavam pela base da pedra para percorrer uma trilha que leva a uma outra prainha, podíamos ver ali embaixo a platéia na praia. Um, dois ou três e até quatro ao mesmo tempo. Nada demais ser observado enquanto se escala, exceto pelo fato de que ali, a platéia estava nua.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Quase fui a Mármara

Aproveitando a visita da Bel, do Júlio, do Maneco e da Regina, matei um dia de trabalho para passear com eles, sem prejuízo para o andamento dos trabalhos. Estrategicamente, planejei o passeio para Chora Sfakíon e Frangokástello. De Chora Sfakíon pegaríamos um barco até a praia de Mármara para passar o resto da tarde banhando-se nas águas transparentes do mar Líbio, e dar uma escaladinha.

O setor de escaladas (e a praia) de Mármara fica num local isolado, acessível apenas a pé ou de barco, a partir do vilarejo de Chora Sfakíon (ou de outros vilarejos mais a oeste). Dentre os sete setores listados no Guia de Escaladas de Chaniá, era o único que faltava visitar fora o setor de Ágios Gigilos. Ainda pouco explorado, conta apenas com quatro vias e fica no final da Garganta de Aradéna que pode ser percorrida a pé por uma caminhada de quatro horas. Mas o maior atrativo não é a escalada e não faltaram argumentos para convencê-los a ir para Mármara.

O meu planejamento não deu muito certo. Visitamos Frangokástello, depois Chora Sfakíon, onde almoçamos. Os barcos não são tão regulares e acabou ficando um pouco tarde para ir até Mármara. Acabamos contratando um Taxi Boat para nos levar até Loutró, um vilarejo pitoresco também acessível apenas a pé ou de barco, mas antes de Mármara. Local igualmente maravilhoso, mas sem escaladas e a uma hora a pé de Mármara. Obstinado, levei o equipamento, esperando que fosse fácil conseguir um barco em Loutró para nos levar a Mármara a partir de lá. Tinha barco, mas o preço e o pouco tempo até o barco regular para volta a Chora Sfakíon, indicavam que não valia a pena, e deixei a escalada para outra oportunidade.

Não gosto nem um pouco de ficar "lagarteando" na praia e depois de poucos minutos decidi andar em direção a Mármara para ver até onde conseguia chegar e o que tinha por lá. Mármara fica na baía de Fínikas que está separada da baía de Loutró, a oeste, pelo Cabo de Moúres, por onde andei. Foi uma caminhada tranquila e atravessei todo o cabo podendo visualizar o vilarejo de Fínikas e de Likos, e também, ao longe, a praia de Mármara oculta pelo relevo. No Cabo de Moúres estão as ruínas do antigo povoado de Fínikas que pude visitar rapidamente, já que deveria voltar a tempo de pegar o último Ferry pra Chora Sfakíon.Julgava ter percorrido parte do E4 Path que atravessa diversas partes de Creta (e da Europa) inclusive a região sul de creta. Mas depois vi no mapa que fiz outro caminho, apesar de ter começado no E4 Path e ido quase até o ponto onde continua o E4 Path (Localizei algumas fotos no mapa, a trilha que fiz costeia quase todo o cabo, enquanto o E4 Path liga em linha "reta" as duas praias).

Não escalei, mas fiz uma ótima caminhada com belas montanhas e costões como cenário. Escalada em Mármara, só da próxima vez.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Um visitante em Kalathás

Na semana que passou recebemos a visita da Regina, do Maneco, da Bel e do Júlio. Na programação da Bel e do Júlio constava uma escalada com o Rodrigo (eu), mas deixamos as circunstâncias ditarem o momento. No dia reservado para passear pela cidade de Chaniá passaram na universidade para me buscar no final da tarde, já passando das 18h00. Como anoitece só as 21h00, tudo bem. O setor escolhido foi Kalathás e as razões são óbvias.

A Anamaria, a Bel e o Maneco nos deixaram no início da trilha para o setor de escaladas e foram para a praia. Fomos no setor onde há top-rope apenas. Armamos um top-rope nas vias número 10 e 11 (V e V+) e escalamos. Eu ainda não tinha escalado o via número 10, que é muito legal e provavelmente uma das mais fáceis do setor.

Apesar de no último ano o Júlio ter escalado não mais do que três vezes em San Diego, ele mandou bem. Tínhamos energia para mais vias, mas estava tarde e esperavam por nós na praia.

Fizemos a trilha de volta e fomos até a praia para encontrar a Anamaria, a Bel e o Maneco. Demos um mergulho para refrescar-nos sob um belo pôr do sol. Uma escalada de final de tarde perfeita!

sábado, 5 de julho de 2008

Panorâmica de Stravós


No final de semana passado, fomos tomar banho em Stavrós e aproveitei para fazer uma foto panorâmica. Não ficou muito boa, mas dá para ter uma idéia de como é o setor de escalada que foi apresentado pela primeira vez na publicação Escalando com Zorba, o Grego.