sábado, 14 de junho de 2008

Não sei nada da ética local

Algumas publicações atrás (aqui) o Sr. Cristiano perguntou sobre a ética local ao ver a foto de uma via em Plakiás com chapeletas ao lado de uma fenda. Naquele caso específico, tenho a impressão de que a fenda não é apropriada para proteger em móvel, mas teria que olhar melhor.

Aqui na região de Chaniá parece que a maioria das vias foram abertas por escaladores locais, enquanto em outros locais não tenho certeza. Num setor ao sul de Heráklio, mais a leste, onde ainda não fui, diversas vias foram abertas por um casal de escaladores estrangeiros erradicados na região. Por isso fica difícil avaliar a ética local, até mesmo porque nunca falei com ninguém daqui sobre isso e portanto não sei nada da ética local.

Aqui em Chaniá parece que não saem batendo chapeletas em qualquer lugar. Exemplos claros são as diversas vias no setor do Monte Várdia (ver aqui também) que foram deixadas para escalada solo e que muito bem poderiam ter sido protegidas pelo menos para top-rope.

Vejo iniciativa semelhante em Kalathás onde, entre dezenas de vias, apenas duas foram chapeletadas, e pelo pouco número de paradas para top-rope para um número relativamente grande de vias. Todavia, como vocês verão na próxima publicação, as chapeletas são mal colocadas e estão acumuladas no mesmo lugar (3 ou 4 onde bastariam 2).

O grande número de escaladas em móvel, como em Stavrós (a maioria 100% em móvel), em Ágios Gígilos (não fui ainda), e em Thérisso são mais um indicativo de que a turma daqui não põe chapa em qualquer lugar. Porém, em Thérisso há uma via em fenda que é chapeletada. Não vi a via, mas pelas fotos tem cara de que pode ser escalada em móvel.

Além disso, nas poucas vias que guiei a quantidade/distância de chapas não difere em nada de qualquer setor esportivo que tenha frequentado no Brasil.

O mais esquisito por aqui é o hábito de pintar setas e números nas vias. Em Kalathás há também setas em algumas pedras que não aparecem no guia. Estas pinturas não estão em todos os lugares. Não vi isto em Plakiás, Santorini ou nas vias que vi em Thérisso. Por outro lado, em Kalymnos (ainda não fui), o paraíso da escalada esportiva na Grécia, onde a escalada é o principal atrativo do turismo e explorada pela prefeitura, as regras no próprio site da prefeitura dizem para os escaladores que abrirem novas vias pintarem (discretamente) o nome da via na base dela...

Por fim, no Monte Várdia e principalmente em Kalathás a concentração de vias "pintadas" e indicadas no guia é relativamente alta em certas partes da parede. Na minha última escalada em Kalathás (ver próxima publicação) escalei quatro vias lado a lado, de um total de 6 ou 7 vias. Tranquilamente, caso fossem chapeletadas, não poderiam ser mais do que 3 vias. Enquanto escalava nunca tinha certeza em qual via estava e sempre usava agarras de uma na outra, uma hora com os membros da esquerda, outra com os membros da direita.

Por enquanto é isso. A medida que souber mais coisas publicarei aqui no blog. Obrigado aos leitores que deixam comentários, a curiosidade dos amigos também desperta minha curiosidade e farei o possível para respondê-los!

2 comentários:

  1. Legal, pelo visto não tem do tipo "Sandro Marcos" por ae hehe. Quando rolar, publique as fotos das chapeletas e alguma que mostre a distancia entre elas em alguma via mais longa. Falon.
    Obs: em poucos dias estarei disponibilizando o vídeo editado da trip em MG.

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  2. Bom, acho interessante o lance de identificar as vias. Mas ao invés de pintá-las, poder-se-ia instalar placas indicativas nas bases da via, com um croqui, ou algo do tipo. Pelo menos assim, os mazanzas não entrariam em vias erradas com graduações acima de suas capacidades, para depois ter que ficar se 'puxando' em costuras.

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