sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Feliz Natal

A segunda metade deste mês foi bem corrida, e não tive condições de publicar no blog. Mas tive a oportunidade de escalar três vezes, inclusive hoje. Fiz várias fotos e publicarei ano que vem, já que estarei ausente de 26 a 31/12.

Feliz Natal e um ótimo Ano Novo!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Porto de Chaniá

Foto Panorâmica do Porto de Chaniá. É possível ver a Léfka Óri à direita e o Monte Várdia à esquerda.

(Passe o mouse sobre os sinais "<" e ">" para mover a foto 270º.)

Conquistadors of the Useless

Há muito tempo ouço falar do livro do Lionel Terray, "Os conquistadores do inútil". Os chatos de plantão afirmam que este livro é leitura obrigatória, ou pior, que escalador que se preze tem que ler este livro. Apesar de gostar muito deste tipo de literatura, não sou escalador que se preze, e acabou que nunca tinha atrás deste título especificamente. Faz alguns meses o Davi Marski se deu o trabalho de digitalizar os dois volumes da edição brasileira, há muito tempo esgotada. Tentei baixar os arquivos PDF sem sucesso. Todas as tentavias resultaram em arquivos corrompidos. Tentei baixar no Windows, no Linux, e testei em diferentes leitores de PDF e não deu.

Como a vontade de ler este livro estimulada pela iniciativa de tentar ler a versão em PDF não podia mais ser revertida, decidi comprar o livro para me dar de presente de aniversário. A edição em português, como escrevi acima, está esgotada, portanto comprei em inglês mesmo. O livro chegou um dia antes do meu aniversário e desde então tentei ler um pouco todo dia e finalmente terminei. A edição é da The Mountaineers Books, a mesma editora que publica o "The Freedom of the Hills" e vários outros livros de montanhismo. A edição deixa um pouco a desejar. Por exemplo, a capa é bem pouco atraente e apesar de as fotos serem impressas em folhas específicas com um papel melhor, a qualidade é muita baixa, inclusive da diagramação.

A leitura não foi muito fácil em virtude da grande quantidade de adjetivos usada que não constava (e provavelmente ainda não consta) no meu vocabulário. Embora tenha tido um pouco de trabalho, a leitura não foi prejudicada. O livro tem uma narrativa com altos e baixos que é principalmente interessante quando ele expõe pensamentos, descreve outras pessoas, o relacionamento com elas e as coisas que ele aprendeu com a vida. Tudo isto muito mais do que pela descrição das inúmeras escaladas que ele fez. Embora algumas escaladas sejam descritas brevemente, o suficiente para resumir o que se passou, outras se estendem por várias linhas contando detalhes que interessam apenas aos escaladores que se preze.

Enfim, o livro é muito legal e recomendo a leitura para quem gosta de histórias de aventura, neste caso uma autobiografia e também da história do montanhismo. Pelo menos no meu caso, que não sei de cor o nome de todas as montanhas dos Alpes, Himalaias e etc, o acesso à internet é uma boa companhia para a leitura do livro, para que se possa pesquisar sobre os lugares que ele descreve.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

ΒΕΒΑΙΩΣΗ

Sábado foi dia de receber o certificado. O evento que teve direito a cartaz de divulgação nas ruas de Chaniá era na verdade uma palestra e já aproveitaram para entregar os certificados. O local do evento foi o auditório da Associação Comercial local. Foi uma ótima oportunidade de rever várias figuras que não encontro com frequencia, como o Cristos, o Apostolis, o Iannis, etc. A entrega aconteceu logo no início sem muita cerimônia. Primeiro receberam aqueles que fizeram o curso de nível intermediário e depois os do nível iniciante. Um a um fomos chamados e tudo correu sem tropeços. O único fato constrangedor foi a Elise não ter sido chamada para receber o certificado que por alguma razão não foi feito. Antes de a palestra começar alguém fez uma retificação e anunciou o nome dela sem, entretanto, entregar o certificado.

A palestra foi proferida por um escalador/montanhista de Atenas que é engenheiro mecânico de profissão e diretor técnico da confederação grega de escalada e montanhismo (se entendi bem). A palestra dele foi sobre equipamentos e sua correta utilização. Obviamente o objetivo não era ensinar a usar cada um dos equipamentos de escalada, mas mostrar que cada equipamento tem um fim específico e deve ser corretamente usado para este fim e que existem normas que especificam como devem ser estes equipamentos.

A palestra foi muito interessante, porém um pouco longa e acabou por se tornar cansativa. Ele abordou os principais equipamentos usados para escalada e montanhismo, como mosquetões, cordas, crampons e etc., e comentou brevemente maus usos, bons usos e as normas CE/EN e UIAA para cada um deles quando aplicável.

Por exemplo, sobre cordas falou do fator de queda, das especificações da corda, como número de quedas UIAA, Força de Impacto e tudo mais. É curioso notar que a maioria das pessoas que tinha contato no círculo de escalada no Brasil, tinahm mais ou menos conhecimento da maioria das coisas que ele falou. Ali parecia novidade para todos, mesmo para aqueles que estiveram em cursos de escalada. Para mim foi uma ótima aula de revisão e também para aprender algumas coisas novas.

O cara palestrou muito bem e por ser engenheiro mecânico entende melhor do que a maioria de nós sobre o que está falando. A seguir vou tentar anotar alguns pontos que ele discutiu e que achei interessante comentar. Considerar com precaução tudo o que escrevi abaixo, pois posso ter entendido mal alguma coisa.

Sobre o uso de cordas ele mostrou os resultados de algumas pesquisas que eu nunca tinha visto nem ouvido falar em páginas ou listas de discussões brasileiras. Um deles por exemplo, mostrava a perda de elasticidade da corda com o tempo (sem uso) e por metros de escalada. É impressionante como a corda perde elasticidade com o uso. Algo como 5000 metros de escalada, que ele afirma ser fácil fácil atingido por alguém que escale três vezes por semana vias esportivas num período de três meses, baixam tanto a elasticidade da corda que é quase como se ela não fosse mais elástica (para fins de escalada e quedas). Fica evidente portanto, a importância de se trocar a corda regularmente. Sobre cordas foi uma pena ele não ter enfatizado os cuidados com o material, já que por aqui é comum a corda servir de tapetinho.

Um assunto que volta e meia vem à tona nas listas de discussão é o relato de casos em que chapeletas em áreas litorâneas quebraram apenas com o peso do escalador. Até saiu algo oficial da UIAA a respeito. O palestrante participa regularmente dos congressos da UIAA e parece estar por dentro do assunto. Ficou um pouco complicado entender os detalhes em grego, mas pesquei algumas coisas. Na Grécia parece que houve dois ou três casos, um deles em Creta e o outro não lembro onde foi. Eles consideram áreas litorâneas, setores de escalada a até 50 km do mar, o que significa, por exemplo, toda a ilha de Creta (e toda ilha de Santa Catarina) e muitos outros importantes setores na Grécia (e no Brasil). A constatação que chegaram é que não é um problema apenas por causa do iodo de ambientes litorâneos, mas por também causa da poluição em ambientes urbanos. Soma-se a isso o uso de parabolt, chapeleta, arruela e porca com materiais metálicos diferentes, que ficam trocando carga e se estragam. Finalmente, é fator importante o aperto excessivo da chapeleta. Acabei não entendendo se o aperto deve ser de 4,5 ou de 8 kN (e talvez nada disso). Mas eles mediram o aperto de chapeletas em regiões onde houve quebra e eles são muito altos, causando algum tipo de tensão que prejudica a maneira como o impacto de uma queda ou o peso de alguém afeta o conjunto. O mais interessante de tudo foi que a solução encontrada para evitar este problema foi o uso de proteções químicas. As razões são simples: é apenas uma peça, então não há problema de ligas diferentes em contato, não há tensão de aperto pois a peça é colocada no furo com cola e, por fim, pode se escolher um material que não sofre os danos causados pelo iodo e pela poluição (não entendi qual elemento poluidor afeta o metal) e nem qual tipo de metal deve ser usado. Há claro o inconveniente de ter que esperar a cola secar, mas principalmente em áreas esportivas não há pressa...

Um ponto que foi muito bom ele ter discutido foi o uso de dois pontos de segurança nas montagens de top-rope e rapel. Os olhos da platéia se arregalaram quando ele falou isso. Há muito tempo eu já dizia para o Kostas que o certo quando se usa corrente é colocar mais uma costura para fazer um segundo ponto ou montar uma ancoragem com fitas e mosquetões. Eu mesmo acabei cedendo e vinha ignorando isso.

Aqui é muito comum o uso de mosquetões de aço nas paradas ou anilhas navais (um semi-círculo com um pino rosqueado). Ele reforçou que este hábito tem que acabar e que apesar de não ser perigoso o uso dos mosquetões de aço (também para uso náutico) eles enferrujam e se tornam inúteis logo, além de marcar a pedra. Ele sugeriu que passem a colocar mosquetões de escalada velhos mas com o gatilho em bom estado. As anilhas ele condenou veemente e depois o Kostas veio conversar comigo com aquele ar de tinhas razão. Espero que a ficha tenha caído e ele pare de montar top-rope nelas a partir de agora.

O último tópico que ele debateu que acho interessante comentar é sobre o velho mito das microfissuras quando se deixa cair um equipamento do alto. Neste tópico também dei uma boiada mas parece que não há nada que confirme ou não confirme a formação das lendárias microfissuras. A única recomendação que ele fez foi que devemos usar nosso próprio julgamento e se não nos sentirmos seguros usando o equipamento que deixamos cair, melhor destruí-lo e escalar se sentindo bem. Até hoje só abandonei um ATC que deixei cair de uns 20 metros na Barra da Lagoa e o Amarelo insistiu em ficar pra ele. Se por um lado as microfissuras continuam uma incógnita, danos visuais oferecem um sério risco. Ele recomendou que não se use nenhum equipamento com um dano (por ter caído no chão) ou desgaste (por passagem da corda ou contato com chapeleta) que exceda um milímetro de profundidade. Para ilustrar ele mostrou um modelo de uma placa GIGI que ele montou num simulador. Numa imagem ele mostrou o equipamento em perfeito estado aplicadas as devidas tensões durante o uso normal e na outra ele fez um corte de um milímetro no ponto mais alto da placa. Na segunda figura ficou aparente que na parte onde foi feito o rasgo há uma concentração de forças (tensões?) e ocorre a ruptura do equipamento. O mais legal de tudo é que as rupturas que acontecem são invisíveis. Quer dizer, cada vez que se usa o equipamento danificado ele vai quebrando aos pouquinhos e não se vê, até que ele se parte, e aí já era.

Se surgir alguma dúvida sobre algum tema que escrevi nesta publicação posso tentar entrar em contato com o palestrante para pedir algum esclarecimento.

Desculpem pelo péssima redação (talvez pior do que o usual), mas fui digitando o que a memória me permitiu lembrar.

Link para o álbum desta publicação: ΒΕΒΑΙΟΣΗ

domingo, 6 de dezembro de 2009

Desastre no Monte

Calma, calma, o Kostas não aprontou nenhuma desta vez. Estou apenas usando um título sensacionalista para tentar atrair as massas para o meu blog.

O inverno chegou e veio para ficar e com ele, ao que parece, as chuvas que tendem a predominar nesta época do ano. Desde a escalada com Michalis, há pouco mais de um mês atrás que não chovia num final de semana. Esta sábado começou chuvoso e assim deveria ser todo o final de semana. Já estava certo que não escalaria este final de semana.

O Kostas está numa fissura, algo doentio. Uma brecha no tempo por volto do meio dia foi o suficiente para ele começar a recrutar parceiros. Tinha certeza que voltaria chover logo, mas mesmo assim fui. Cheguei lá e estavam ele e a Elise. Ela estava escalando a Sikiá (Vsup) em top-rope com botas de montanhismo (sim, destas secas que recebem crampon) e não entendi o propósito. Perguntei se ela ia escalar alguma via mista na França durante o final do ano (ela é Francesa e vai passar as festas em casa) e disse que não. O resultado de tudo é que ela encheu a Sikiá de lama e não me restou outro alternativa senão escalar a Pedevousin Tékna (VIsup) também em top-rope. Foi a única via que escalei e o resto de tempo fiquei debaixo da minha capa e chuva assistindo ou dando segurança.

O Vassílis logo chegou e não muito tempo depois um amigo dele com o filho, o Níkos, de 4 ou 5 anos. Apesar da chuva voltar de tempos em tempos eles continuaram escalando. As cordas ficaram encharcadas e Níkos pisava nelas como se fosse um capacho. Graças a Deus não usei minha corda neste dia. Este é o verdadeiro desastre que esconde o título e não sei se seria apropriado continuar usando aa cordaa deles depois de o Níkos ficar patinando nelas por tanto tempo.

A gafe do dia foi não ter levado a câmera fotográfica. A Elise foi guiar a Save it (VIsup) que estava meio húmida e se embananou no crux. A queda dela estava anunciada e teria dado tempo de sobra para filmar se tivesse a câmera comigo. Não tinha, mas foi uma bela queda direto em cima da figueira. Ninguém se machucou.

Fomos embora com o anoitecer para em seguida nos revermos numa palestra do clube de montanha onde também foram entregues os certificados do curso de montanha. A palestra foi boa, mas muito longo. Amanhã ou depois eu conto!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Olha a neve


De terça para quarta desta semana o tempo fechou de novo e a temperatura caiu vários graus aqui embaixo. Lá em cima nevou. Quarta-feira de manhã peguei uma das poucas ou talvez a única brecha no tempo e pude ver com que cor estão as montanhas que até um dia antes estavam marrons. Estava na universidade quando fiz a foto.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Monte cheio

Este sábado o Monte Várdia encheu. Estiveram lá o Kostas, o Vassílis, o Yorgos (agrônomo), eu, a Vassoúla, a Elise, a Marianna, o Vangélis e dois alunos dele.

Desde que estou na Grécia foi uma das poucas vezes que eu escalei forte. Comecei mal guiando a Sikiá (Vsup), inclusive segurei na árvore no crux. Sem muito descanso entre em seguida em top-rope na Pedevousin Tékna (VIsup) e me saí médio. A verdade é que só não guia estava via de preguiça (ou porque sou cagão, hehe). Como os outros se rolaram um pouco para escalar acabei escalando ela de novo. Com os movimentos frescos na memória e bem aquecido fiz a via brincando. Neste meio tempo chegaram a Vassoúla, a Marianna e a Elise e por uma razão pouco compreendida o Kostas ficou meio abobadão. Perguntei para o Yorgos o que estava acontecendo e ele disse que chegaram umas meninas, hehe. Enquanto refazia a Pedevousin Tékna, O Kostas escalou a Stenés Epafés (VIIa) e depois vi a Elise escalando a mesma via de um jeito muito semelhante ao meu. Foi bom para reaviviar a memória antes da minha tentativa. Todos fizemos em top-rop, o Kostas com várias quedas e eu e a Elise cada um com uma, num ponto em que não teríamos uma queda propriamente dita, indicado que não há mais desculpas para não guiar. Depois disso escalei em top-rope a Save it (VIsup).

Pode parecer esquisito eu disser que escalei forte se praticamente só escalei em top-rope, mas é que desta vez, exceto pela Sikiá, escalei só vias que estão no meu atual limite. Além disso tentei de novo, em top-rope a Agelastos Petra (VIIb) que é meu novo xodó no Monte Várdia. Surpreendentemente fiz o início com muita facilidade e só caí na entrada do crux. Gastei muita energia na Stenés Epafés e não consegui segurar as agarras na Stenés Epafés. Tentei duas vezes mais, mas a mão simplesmente não fechava mais. Fiquei por aqui e deixei de escalar no outro dia para dar um descanso para o corpo.

Fiz várias fotos neste dia!

Sábado tem entrega do diploma do curso de introdução ao montanhismo que fiz no ano passado. Parece piada mas não é. Vem o camarada da associação Hellênica para fazer a entrega e dar uma palestra. Depois conto como foi.

Link para o álbum desta publicação: Monte cheio

domingo, 29 de novembro de 2009

Sempre o Monte

Final de semana passado, no sábado, escalei no Monte Várdia com o Vassílis e o Kostas. Primeiro com um e depois com o outro. O Vassílis eu conhecei faz uns três meses em Thérisso e desde então ele não escalava. Ele é formado num curso técnico na área de saúde, algo como técnico em enfermagem, e trabalha para o governo como motorista de ambulância. Faz vários anos que ele é praticante de canyoning e espeleologia, além de caminhas nas áreas montanhosas. Há cerca de dois anos ele começou a escalar. Não o faz com muita frequência, mas tem uma naturalidade impressionante para se locomover na pedra.

Como chegamos antes do Kostas e o Vassílis estava há algum tempo sem escalar, fiquei no comando e pude escolher as vias que queria(mos) escalar. Começamos pela Louki Look (Vsup) e pusemos um top-rope na Mikrá mistiká (VIIa). Contra suas próprias expectativas o Vassílis conseguiu escalar ainda que com algumas quedas a Mikrá Mistiká. Também consegui, mas ainda não me sinto a vontade para guiar. A linha da via em certo ponto exige uma ida para a direita. Desta vez resolvi ir um pouco mais alto antes de ir para a direita e deu um ganho.

Depois que removeram a cerca que atrapalhava a escalada da via 25, descobri que esta é uma das vias mais legais do setor. Ela tem um começo difícil e depois segue em agarrões que em pouca quantidade ainda exigem um pouco de esforço técnico. Assim, fui guiar a Areti (VIsup). Foi razoável e cai mas não cai na primeira chapeleta. Deixei um top-rope por garantia e botei uma pilha para o Vassílis guiar com a outra ponta. Ele não conseguiu e limpou a via pela Armonia (V) com o top que eu tinha deixado.

Neste meio tempo o Vassílis já tinha que ir embora e o Kostas já tinha chegado. O Kostas criou um fissura ou apego pela via 46, a Pedevousin Tékna (VIsup?) e apesar de já ter guiado algumas vezes, sempre quer escala-la. Para aquecer ele fez primeiro a Sikiá (Vsup). Depois de escalar a Pedevousin Tékna ele levou o top para a Stenes Epafes (VIIa) e fez uma gambiarra que resolvi guiar a Sikiá para limpar a sujeira. Nem lembro se escalei a Pedevousin Tékna, mas acho que sim. Já estava bem cansado mas encarei em top a Stenés Epafés e passei com trabalho pelo crux, não sem cair, mas não consegui terminar. O Kostas ainda foi guiar a Save It (VIsup) e não lembro se escalei ou não.

Sem fotos este final de semana.

domingo, 15 de novembro de 2009

Guerra no Monte

Sábado fui com o Kostas escalar no Monte Várdia. Além dele, foi também um amigo escalador da Anastasia, o Manolis, que eu não conhecia. Logo que cheguei o Manolis foi embora e ficamos apenas eu e o Kostas. Não vou me prender em muitos detalhes das vias exceto uma que foi novidade. Primeiro fiz top-rope na Pedevousin Tékna (VI). Em seguida, achei que estava inspirado e resolvi tentar a via 44 (VIIa) que já tinha guiado uma vez, mas amarelei de novo a meio caminho entre a segunda e a terceira chapeleta. O Kostas não quis nem tentar. Depois escalei a via 40 (VI) em top-rope. Por alguma razão desconhecida resolvi levar o top-rope para a via do lado que eu nem sabia o grau, a 42, um  VIIb com poucas agarras, nem sempre boas e com um início negativo. E esta é a única novidade. De movimento em movimento e queda em queda fui até a terceira chapeleta, a qual não faço idéia de como costuraria se estivesse guiando, e acho que o crux era logo na sequência. Muitas tentativas serão necessárias até poder completar um rop-rope nela, quanto mais guiar. Para encerrar o dia fiz um top na Mikrá-mistiká (VIIa) com a corda dos americanos (uns 10 deles) da base que tinham ido escalar um pouco (alguns pela primeira).

Domingo fui de novo com o Kostas e com o Yorgos Agrônomo e ficamos na água com açucar. Guiei a Louki Look (V) e fiz top-rope na Mikrá Mistiká (VIIa). Na foto, o Yorgos fora da linha na Mikrá Mistiká. A curiosidade do dia vem de um senhor, com seus bons 70 anos, que mora nas redondezas e veio prosear com os escaladores (ver na foto o senhor e o Kostas super atento na segurança).  Papo vai, papo vem ele explicou que aquele lugar onde escalamos não se chama Monte Várdia (que fica mais para cima), mas sim Grabouka. E acrescentou que nem o Monte Várdia se chama Monte Várdia, mas sim Profiti Ilias (Profeta Elias - como todo ponto alto de algum lugar na Grécia). O nome Grabouka de acordo com ele, se deve ao fato de que o local era provido, há muito tempo, de diversas cavernas* que foram destruídas durante a operação de uma pedreira. Isto é novidade e explica a má qualidade da pedra na parte onde não há vias, bem como os inúmeros blocos de pedra barranco abaixo (ver foto). Ele não explicou a etimologia do nome e o Kostas e o Yorgos não fizeram nenhuma relação com alguma palavra grega.

Outra curiosidade que o nosso inesperado visitante contou e fica difícil saber se é fantasia ou não, é que os alemães passaram  por ali para se deslocar daquela parte da cidade até o porto de Souda (porto que serve Chaniá) durante a desocupação de Creta. Nada de especial se ele não tivesse acrescentado que como os alemães não tinham como levar as armas de volta (e não houve explicação de por quê), eles aproveitaram para explodir granadas e morteiros no barranco (ver foto do barranco).

*Até onde me lembro, por definição, as cavernas tem até 30 metros de profundidade, e a partir disto são chamadas grutas. Isto me faz lembrar que a publicação anterior chamada Caverna Szemlohegyi deveria na verdade se chamar Gruta Szemlohegyi.

domingo, 8 de novembro de 2009

Um novo sistema!

Depois que voltei de viagem em meados de Outubro consegui escalar algumas vezes, mas não tive tempo de reportar aqui no blog. Numa das ocasiões foi a reestréia do Kostas na rocha, diga-se de passagem, um mês antes do recomendado pelo médico, é claro. Eu estava meio travado e como ele, apesar de não reconhecer abertamente, sentiu dor ao escalar, nos contivemos e escalamos apenas duas vias, a Louki Look (V) e a Mávri (VI). Esta segunda ele fez só em top-rope e claramente passou dos limites dele (mais uma vez).

A segunda oportunidade em que fui escalar, além do Kostas, foi também o Michalis, um holandês de pai grego que me achou pelo CouchSurfing. Ele se auto intitula guia de montanha, mas tenho a impressão que ele é mais um guia de caminhadas. No final de Outubro ele veio a Creta para guiar um grupo de holandeses por uma semana em diversas caminhadas e como ele tem família por aqui, veio um pouco antes para se divertir e me chamou para escalar. O nível de escalada dele é bem baixo e como ele pratica mais em muro de escalada (top-rope com mosquetão de rosca) nem o nó oito ele sabia fazer. Meio contra a vontade do Kostas escalamos a Zéstama (IV) para o Michalis poder fazer uma via mais fácil primeiro. Então na sequência tentamos também a Mi-nous (V/VI) em top-rope. Apesar das más condições do Kostas ele insistiu que fossemos escalar a Sikiá (Vsup) para colocar um top-rope na via do lado, a Pedevousin Tékna (VIsup), que é de certa forma um fronteira no nível de escalada do Kostas que estava guiando ela com certa tranquilidade. Esta via é bem técnica e um pouco negativa e ele foi que foi. Ficou vermelho de tanto esforço e má respiração, e suou feito um porco. Como ele tinha que ir para o trabalho, ele nos deixou e entrei na sequencia. Acho que conheço um pouco mais os meus limites e parei na metade, já com dor nos dedos por causa dos regletes, logo antes de encarar o negativinho. Para que o Michalis pudesse experimentar mais uma via escalei a Louki Look mas começou a chover antes mesmo de eu chegar no topo da via. Terminei a via e desci rapidamente e nos abrigamos na caverninha para guardar as coisas. Convidei o Michalis para almoçar aqui em casa e comemos algumas panquecas assadas que sobraram do meu aniversário. O cara é bem legal e não tinha problema nenhum em mostrar dificuldade para escalar, perguntar como se faz as coisas, os nós e etc. Um comportamento raro, do tipo falta em algumas pessoas (meu amigo Kostas) e os coloca, bem como seus parceiros, em risco.

Já em novembro, ontem, fui no final da tarde com Kostas e o Spiros, escalar no Monte e fizemos a Louki Look e a Mávri. Depois o Kostas guiou a Sikiá para mais uma vez fazer top-rope na Pedevousin Tékna. O Spiros ficou sem fazer muita coisa o verão todo e fora o fato de ele já ser uma pessoa grande, ele ainda está um pouco acima do peso e só escalou um pouco a Louki Look e tentou o começo da Mávri, mas ficou satisfeito. Desta vez o Kostas se saiu um pouco melhor, mas continou sem respirar regularmente. Não me sai muito bem, mas consegui fazer a via sem cair.

O engraçado agora é ouvir os comentários técnicos do Kostas, algo como o Pelé ou o Romário de comentarista nas copas do mundo, ou seja, as coisas mais sem fundamentos possíveis. Mas tudo bem, eu me divirto. Outra coisa engraçada é que dá última vez eu meio que combinei de sempre escalarmos duas vias seguidas para perdermos menos tempo e não descansarmos entre as vias, como se elas fossem mais longas. Daí no dia que fomos com o Spiros, ele escalou o Look Louki e na sequencia já foi escalar a Mavri. O Spiros, não entendeu o que estava acontecendo, afinal achou que a vez era minha ou dele, e perguntou o que o Kostas estava fazendo. O Kostas respondeu cheio de pompa: "É um novo sistema!..."

sábado, 7 de novembro de 2009

Ida para Iráklio

Na última quarta-feira matei um dia de trabalho (sem prejuízo para o andamento dos trabalhos) para me encontrar com o meu primo Luiz Arthur. Ele trabalha na tripulação de um cruzeiro marítimo e atracou por poucas horas em Iráklio. E o que isto tem a ver com escalada em Creta?
Em primeiro lugar, o fato de que a Anamaria e eu acordamos cedo no primeiro dia bonito depois de dias seguidos de chuva. Como o céu finalmente não estava encoberto, durante o trajeto pudemos ver as partes mais altas das montanhas com os primeiros respingos de neve do inverno que se aproxima. Obviamente nevou na montanha enquanto chovia aqui embaixo e tanto a Lefká Óri em Chaniá, como o Psiloritis em Iráklio/Réthymno já tinham os picos mais altos brancos da neve que a esta hora já derreteu com o ar quente que soprou da África nos dias que se seguiram.

Em segundo lugar o fato de o navio onde meu primo trabalhar ter um muro de escalada. Depois dessa até pensei em fazer um cruzeiro!

Como o tempo era curto visitamos rapidamente o palácio de Knosós e fizemos um lanche no centro.

Não fiz fotos das montanhas, mas exibo aqui duas fotos do muro de escalada no barco.

(Não coloquei as fotos num álbum, mas elas podem ser ampliadas com um clique.)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Caverna Szemlőhegyi


Depois de Viena fomos para Budapeste. Não me empenhei em procurar escalada por lá e nem sei se tem, mas a cidade é recheada de cavernas. Até onde sei, três cavernas podem ser visitadas. Consegui visitar uma delas. Como estava com a mãe e a tia  da Anamaria, resolvi ir na mais acessível ao turista, inclusive para pessoas em cadeira de rodas, a caverna Szemlõhegyi. Certamente não era a mais interessante, já que em uma das cavernas o trajeto exige a utilização de equipamento de espeleogia e inclui subir e descer por cordas, oferecidos como parte da visitação.

Vi na internet como chegar até a caverna, e de onde estávamos hospedados nos deslocamos com usando duas linhas de metrô e uma de ônibus. Chegamos na hora errada e tivemos que esperar mais de meia hora para o próximo ingresso, obrigatoriamente com guia, que ocorre de meia em meia hora. Perdi o folheto com informações e tentarei passar as informações que me lembro, com risco de escrever coisas erradas. Quem tiver interesse pode procurar mais na internet.


A entrada da caverna parece um abrigo nuclear e tem uma bilheteria, um pequeno museu da caverna e uma sala de projeções. O guia praticamente só falava húngaro e foi muito educado ao se desculpar por isso antes do início do passeio. Uma família de húngaros, pai, mãe, filha e namorado fizerem o passeio conosco e o casalzinho foi muito gentil em tentar traduzir a maioria das coisas que o guia explicou.

Se entendi bem esta caverna não possui uma abertura natural com a superfície e foi encontrada por acaso durante algum trabalho de escavação. A partir do hall de entrada da caverna seguimos por um túnel escavado na rocha que leva até o "início" da caverna. A caverna é toda iluminada e o guia acende/apaga as luzes a medida que passamos. Todo o trajeto é calçado, acho que com cimento e possui corrimãos em vários pontos. Já comento agora que por um lado é esquisito ver que a caverna foi cavada em vários pedaços para podermos passar. Inclusive podemos passar andando normalmente entre duas "salas" que incialmente só estavam ligadas por um buraco pequenho que foi passado pela primeira vez por uma mulher (pequena).


Como em toda caverna eles criam "atrações" tentado ver formar nas paredes da caverna, coração, urso, couve-flor, etc. Parece que esta caverna não possui estalactites nem estalagmites. A última caverna que visitei foi a de Botuverá no interior de Santa Catarina, e lá cansei de ouvir o guia chamar a atenção dos meliantes, digo, visitantes que insistiam em encostar nas coisas. Nesta em Budapeste, não foi necessário chamar a atenção de ninguém nem uma única vez.

Passamos por várias salas cada uma com sua história. A visita que deveria durar cerca de 50 minutos, durou 1h10, um pouco pela curiosidade do casalzinho e um pouco pelo esforço de traduzirem para nós o que o guia dizia. Como a temperatura do local é de cerca de 10 graus Celsius, e não entedíamos tudo o que o guia dizia pareceu um pouco longa demais. Como parte das atrações ele também deixou a gente por alguns minutos no escuro para (não) vermos como era a caverna sem luz...

O aspecto mais interessante da caverna é que de acordo com o guia o ar é tão estéril que uma cirgurgia poderia ser realizada dentro dela sem maiores problemas. A qualidade do ar nesta caverna (não sei se só neste ou em outras também) tem propriedades terapêuticas e pessoas com problemas respiratórios frequentam a caverna como parte do tratamento. Ele enfatizou que as pessoas que são levadas para tratameno tem que se deslocar pela caverna e não apenas ficar paradas. Em certo ponto da caverna foi cavado um túnel cilíndrico para a instalação de um elevador que servirá uma ala de hospital. Não entedi se a ala do hospital será numa parte da caverna ou se será sobre a caverna.

O passeio foi muito legal e o auge aconteceu na parte mais distante da caverna chamada de Igreja. Neste ponto o guia contou orgulhoso que desceu de rapel no Natal do ano passado como atração para um grupo de crianças. Mas o que o tornou o ponto alto foi a iluminação baixa ao som de Vangelis, que os leitores podem acompanhar parcialmente no álbum.

Link para o álbum desta publicação: Caverna Szemlőhegyi

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Flakturm

No início de outubro estive em Viena, na Áustria. Com esperanças de poder escalar por lá, fui equipado com o básico, sem corda. Mas minhas tentativas de encontrar um parceiro pelo couchsurfing foram frustradas e me restou dar uma olhada nas academias de escalada indoor. Longe de ser divertido ir sozinho a uma academia apenas para conhecer, direcionei minhas atenções para o Flakturm ou Flak tower.

Vienna possui algumas Flak towers, torres de concreto construídas pela Luftwaffe para combate anti-aéreo durante a segunda guerra mundial e também para abrigar pessoas durante um ataque. Para saber mais vejam o link da Wikipedia, que inclusive fornece as coordenadas geográficas de algumas delas: Flak tower. Vi duas delas em Vienna, uma no Augarten (ver as fotos no meu álbum e Augarten G-tower no artigo da Wikipedia) e a Flakturm VI L-Tower onde está hospedado hoje o Haus de Meeres um aquário, e que tem na parte externa o muro de escalada. Escalar um bunker é algo incomum, ainda que não seja nada demais, e achei que valia a pena experimentar.

Minha primeira ida ao local foi num sábado de manhã e descobri que só abria a partir das 14 h. É muito legal ver um lugar assim, pois estimula os praticantes. Mais legal ainda foi ver no mesmo parque um brinquedo infantil com agarras de escalada. Desisti naquele dia, mas acabei voltando no domingo no final da tarde. Fui muito bem recebido pelo monitor, que falava inglês. Pela primeira vez usei minha carteirinha do clube de montanha de Chaniá que garantiu um preço menor e também fez com que ele não testasse meus conhecimentos de segurança (apesar de ter perguntado se eu sabia).

Como eu disse que ia ficar pouco tempo ele cobrou a menor tarifa, de quatro euros. Levei apenas meu equipamento e precisamos alugar uma cadeirinha para a Anamaria fazer segurança para mim, já que os monitores não fazem segurança e teria que depender de algum outro escalador gentil que estivesse por ali. O aluguel foi uma bagatela de dois euros e valeu o preço. O capacete eles emprestam e eu e a Anamaria éramos os únicos alienígenas usando capacete.

Antes de começar o monitor me apontou quais eram as vias que eu poderia escalar, cinco ou seis vias de graus variados em top-rope. Para escalar guiando é preciso levar a própria corda. Havia vários escaladores no local e procurei pelas vias mais fáceis que eram a amarela (5+) e a vermelha (3+), só não sei que escala era usada. Como a vermelha estava ocupada encarei a amarela mesmo. A via era bem fácil sem exigência técnica nenhuma, mas a partir da metade meu antebraço já estava estourando e perto do final dos 30 metros de via já estava começando a ter dificuldade para fechar as mãos. Fiquei um pouco chocado com meu despraparo físico apesar de a via ser muito fácil. Depois de um breve descanso a via vermelha foi liberada e entrei nela. A via que era mais fácil acabou sendo mais difícil, mais uma vez nenhum problema técnico, mas meus braços foram pro espaço bem mais rápido e bem antes dos 35 metros do final. Ainda assim, não descansei na corda em nenhuma das duas.

As duas escaladas deu para o gasto e não teria condições de encarar vias mais difíceis na sequência. Devolvemos o equipamento que a Anamaria usou e fui experimentar um pouco a área de boulder que é também muito legal. Usei um pouco o muro vertical, depois aqueci um pouco no negativo e frente ao desafio imposto pela tia da Ana que assistia a tudo e a todos boquiaberta fui fazer o teto. Fiz sem muitas dificuldades, mas é claro usando todas as melhores agarras disponíveis. À noite não sei bem por quê, fiquei com um pouco de dor na lombar que levou uns três dias para passar...

No site deles tem um croqui desenhado e um croqui foto do local e algumas informações em alemão para quem estiver interessado: Flakturm

Como demorei um pouco para escrever o texto e não tomei notas talvez eu tenha esquecido alguma coisa interessante que comentarei em momento oportuno (o da lembrança). Hoje por preguiça não coloquei fotos na publicação, mas vejam as fotos no álbum.

Link para o álbum desta publicação: Flakturm

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Os limoeiros estão doentes

Domingo rendeu mais um final de tarde de escalada. Fomos apenas eu e o Yorgos (Agrônomo). E rendeu mesmo. Guiamos a Louki-Look para aquecer e em seguida a Mávri. Em seguida guiei a Dulfer, que tem um crux esquisito que passei arriscando. O Yorgoso top-ropeou a Dulfer e disse que gostaria de tentar a Adelfopiísi de novo. Sobrou para mim guiar. Passei um veneno no crux, bem mais do que sábado mas consegui. Já estava tarde quando o Yorgos desceu, mas aproveitei para escalar a via do lado que esqueci o nome.

Aproveitando que o Yorgos é agrônomo, levei alguns ramos dos limoeiros daqui do quintal para ele dar uma analisada. Os limoeiros não tem rendido limões e muitas frutas nem crescem e já começam a estragar. Ele mal olhou as folhas e perguntou se alguém cuidava das árvores, tão ruim era o estado que estava. E olha que a dona do apartamento rega regularmente e também põe adubo. O diagnóstico foi de um inseto e duas doenças em estado avançado. Ele ficou de me receitar um tratamento biológico, já que são apenas 6 ou 7 árvores.

Como saio de viagem amanhã e só voltam em quinze dias ainda vai demorar um pouco para o tratamento dos limoeiros começar.

Boa viagem!

domingo, 27 de setembro de 2009

America's #1 climbing chalk!

Por motivos de economia e também por não estar realmente precisando de nenhum equipamento novo, minha única aquisação de escalada norte americana foi uma meia de magnésio. Até então eu tinha apenas a bolsinha de magnésio onde eu jogava o pó e uma bolinha feita de meia calça que eu mesmo fiz. A meia de magnésio é um saquinho furadinho com magnésio dentro. Comprei um recarregável. Como vocês podem ler na embalagem (ver fotos), minha expectativa era de aumentar pelo menos um grau na escalada com a nova aquisição. Foi também meu dia de estreía da bandana de pirata que o Dave me enviou. Por ocasião de um passeio no centro da cidade já tinha comprado uma do Brasil e logo antes de viajar recebi duas vermelhas enviadas pelo Dave. Vamos ver o que aconteceu.

No final de semana passado, depois de três semanas sem escalar, voltei ao conhecido e agradável Monte Várdia. Em todo o período o único exercício que fiz foi o passeio de bicicleta em São Francisco e o corpo já começou a sentir até para subir uma escadaria na universidade.

Sem parceiros levei a tiracolo a gentil Anamaria para fazer segurança. Cauteloso como sempre resolvi começar devagar. Guiei a Zéstama (IV) e foi tranquilo. No final deixei top-rope para a Mi-nous (Vsup/VI). Foi uma péssima escolha. A via é um pouco positiva e ruim de agarras e exige demais dos pés destreinados que ficaram detonados depois dos 10 metros de escalada. Descansei um pouco e fui para a Louki-Look (V/Vsup), a calha que muito já escalei e fiz sem dificuldades. Apesar da péssima experiência na Mi-nous, o fato de ter me sentindo bem na Louki-Look me entusiasmou e resolvi a partir desta última, colocar o top na Mikrá-Mistiká (VIsup/7a) (aposto mais no 7a). Em top-rope me saí bem, mas errei no crux e cheguei com a mão errada, do mesmo jeito que da última vez que tentei guiar, fazendo a tarefa de costurar no veneno extremente complicada. Mas por incrível que pareça, guiando eu não travo no crux, mas na parte seguinte, que desta vez saiu atrapalhada, mas saiu.  Apesar de já ter escalado com bandana algumas vezes antes de viajar, acho que esqueci de comentar por aqui. A bandana tem várias vantagens sobre a camiseta que eu usava no passado, especialmente no Brasil e apenas uma desvantagem. A principal função é segurar o suor que na minha cabeça desprovidade cabelos escorre por todos os lados e deixa o capacete escorregadio. Isto tanto a bandana como a camiseta fazem com primor. A bandana é mais fina e leve e mais fácil de atar à cabeça. Mas não é comprida o suficiente como a camiseta para proteger o pescoço do sol. Com a bandana, como era de se esperar, fiquei bonitão, hehehe.

Ontem, sábado, fui no final da tarde para o Monte com a Anastasia e o Agrônomo (Yorgos) depois que o Kostas (aquele que está em repouso) me avisou. Escalar com eles é sempre legal, são bem relaxados e estão preocupados em escalar e não em escalar difícil. Deixei eles comandarem a brincadeira e guiamos a Zéstama (IV) os três. Depois eu o Yorgos guiamos a Mi-nous (Vsup/VI) e a Anastasia fez em top-rope. Relembrando a escalada do final de semana anterior, parece que esta via fica mais fácil guiando do que em top-rope, mas ela não é tranquila e passamos ambos um veneninho.

Na sequência a Anastasia resolveu encarar guiando a Adelfopiísi (VI). Guiei esta via, acho que duas ou três vezes. a primeira metade tranquila, mas a passagem entre a segunda e a terceira chapeleta é esquisita e a terceira chapeleta parece longe. Mas é possível costurar com o pé a menos de 20 cm da segunda chapeleta. O crux está depois da terceira chapeleta, em que se sai de uma cavernina por uma seção vertical com agarras muito ruins, com buraquinhos de canto para os dedos. A Anastasia acabou amarelando na segunda chapeleta e sobrou para mim.

Peguei a ponta da corda meio nervoso, fazia tempo que não escalava esta via, mas mantive o controle. Nas outras vezes que guiei foi difícil costurar a terceira chapeleta. Pouco abaixo da caverninha tem um platôzinho, mas dali não alcanço a chapeleta. A solução era me segurar com a mão esquerda numa agarra da caverninha, pegar uma costura com a mão direitar, patinar com os pés pela parede lisa, costurar e voltar para o platozinho. Esta estratégia não é nada tranquila. Ontem notei um degrauzinho de meio centímetro de profundidade e um ou dois de altura no platozinho. Pisei nele e fiquei na ponta do pé e consegui empurrar o gatilho do mosquetão contra a chapeleta e costurar bem mais tranquilo. O lance seguinte não saiu na primeira tentativa. Parei na cordar por alguns segundos e mexi melhor os pés para terminar o resto da via com tranquilidade. O Yorgos e a Anastasia fizeram em top-rope na sequência.

Não sou capaz de dizer se o magnésio de agora é melhor ou pior do que eu tinha antes. A meia é um pouco grande e quando encher ela de novo, não colocarei tanto magnésio como tem agora. Acho que minha escalada não aumentou um grau, mas consegui escalar o nível que vinha escalando e isso é bom pois posso variar mais as vias.

Link para o álbum desta publicação: America's #1 climbing chalk!

domingo, 20 de setembro de 2009

A Garganta de Imbros


A segunda garganta mais frequentada da região de Chaniá é provavelmente a Garganta de Imbros. Ela fica mais a Leste do que a Garganta de Arádena e a Garganta da Samariá, esta última a mais frequentada. A Garganta de Imbros tem início no vilarejo de mesmo nome à leste da Léfka Óri, a cadeia de montanhas de Chaniá, e termina no vilarejo de Komitades nos arredores de Sfakiá, ao sul de Creta.

Apesar de não ter a fama e muito menos a imponência da Garganta da Samariá, Imbros é de fácil acesso e de baixa dificuldade. A estrada que liga o Norte de Creta com Sfakiá, ao Sul, margeia a garganta em todo o seu trajeto. Por sinal, nos dois kilômetros que antecedem a entrada da garganta, os estabelecimentos comerciais (tavernas) indicam consecutivamente as diferentes entradas (que cada um criou) para a garganta.

Começamos nossa caminhada na última, onde fica a taverna de uma amiga da Natasa e do Stéfanos. Isso nos poupou um bom trecho de caminhada num plano árido e desinteressante. Além dos dois, de mim e da Anamaria, nos acompanhou no passeio o Ian, um amigo tcheco da Natasa.

Saindo da taverna, uma escadaria nos levou até a entrada da garganta que para minha surpresa não era de graça. Com uma simpatia também surpreendente um típico cretense nos cobrou o ingresso (2 euros) e ofereceu uma rodada de ráki para todos (para ele inclusive, hehe).

Logo após a entrada, uma placa mentirosa sugere que ao final, é possível encontrar táxi e ônibus para retornar à entrada onde deixamos o carro. Minha sugestão era irmos com dois carros e fazermos como fizemos em Arádena, mas gregos gostam de complicar as coisas e deixaram que a sorte decidisse (sabíamos que não tinha ônibus nem táxi no final).

Não tenho vocabulário e talento literário para descrever a garganta de maneira completa e atraente e por isso tentarei apenas notar algumas marcas dela em relação às outras que visitei.

Esta garganta tem sete kilômetros de extensão é bem pouco íngreme (acho que começa a 700 m do nível do mar e termina quase nele). É mais aberta que as outras e na maior parte dos trechos não se percebe paredes verticais, mas sim positivas, aos lados. Poucos trechos estreitam, dois ou três apenas, e esta é a que tem o trecho mais estreito entre as que já percorremos. Outro diferença  grande é a vegetação que é bem diferente, principalmente de Arádena. Posso estar falando bobagem pois me baseio apenas na minha observação de leigo, mas esta parece ser bem mais arborizada que Arádena e de certa forma até mais arborizada que a Samariá (apesar do longo trecho com cedros logo no início desta última).

A maior parte do percurso se dá pelo leito seco e pedregoso da garganta e em alguns pontos a trilha vai por um trecho mais alto. Tivemos, se muito, um obstáculo que exigiu o uso das mãos para ser transposto, muito menos do que em Arádena. Claramente alguns trechos foram facilitados pela ação do homem, e com isso quero dizer ação proposital e planejada, e não apenas pelo fato de homem passar por lá há muito tempo. Diga-se de passagem em vários pontos há ganchos nas paredes de pedra que imagino serviam para passar linhas telefônicas ou fios elétricos há pouco tempo atrás (não fotografei). Um único trecho de uma vintena de metros é calçado com pedras.

A infraestrutura se resume à guarita de entrada, placas de proibido fumar e à uma choupana numa área mais larga e plana da garganta mais ou menos na metade do percurso, onde supostamente é feita a verificação de bilhetes e a venda de refrescos para os turistas. O final de agosto já é também final de temporada e a frequencia na garganta é bem menor do que no auge da estação, apesar de termos cruzado com algumas pessoas, a maioria subindo. Já ia esquecendo de escrever que fizemos o passeio no dia 30 de agosto de 2009, um domingo.

O trecho mais estreito da garganta e usado como atração turística do local tem 1,60 m de largura. Fica num corredor de pedra muito legal que em certo ponto forma uma canaleta de pedra. Aproveitamos, evidentemente, para fazer fotos típicas e cafonas de pontos como este.

Pouco antes do final, botecos em condições precárias oferecem bebidas e comida a preços módicos e "serviço de táxi". A pressão é grande para aceitar o serviço deles que na verdade é a caminhonete de alguém em que vamos na carroceria até o ponto onde deixamos nosso carro. Não aceitamos, mais pelo jeito das pessoas do que pelos 18 euros (dividido por cinco) que queriam para nos levar de volta.


Talvez tenha sido um erro. Não conseguimos oferta melhor no vilarejo, na verdade não conseguimos oferta alguma. Optamos por caminhar até um cruzamento mais a frente 2 km em direção à Sfakiá. Para nossa sorte o sol que estava tímido atrás das nuvens resolveu aparecer bem nesta hora. No cruzamento consegui uma carona com um espanhol, mas foram o Stéfanos e a Natasa para pegar o carro e voltarem para nos buscar. Anamaria, Ian e eu, ainda percorremos uma parte do trajeto morro acima até encontrar uma parada com sombra, onde esperamos o resgate.

Encerremos o passeio com uma refeição medíocre na taverna onde tínhamos começado a caminhada e onde o nosso amigo da portaria ofereceu mais uma rodada (na verdade uma garrafinha) de ráki para nós.

Link para o álbum desta publicação: A Garganta de Imbros

sábado, 19 de setembro de 2009

Atrasadas II

No final de semana que antecedeu a viagem teve um feriadão (22/23/24 de setembro) e escalei três dias consecutivos.

No sábado a tarde fomos à Thérisso e escalamos no mesmo lugar onde escalamos tantas outras vezes. Tinha uma penca lá e o aglomerado de 4 ou 6 vias estava praticamente todo ocupado.  Escalei em três vias, todas de VI/VIsup. Entrei na frente numa via chamada Taboula Rasa que já tinha tentado a primeira vez que escalei em Thériso com o Apostolis, muito tempo atrás. Da outra vez amarelei lá pela quarta ou quinta chapeleta, e desta vez fui uma a mais e desisti. O Kostas guiou o resto. Descansei um pouco e fui para uma via mais a esquerda e entrei guiando de novo. Fui até quase o final, a uns 20 metros do chão, mas amarelei no meio de uma lance negativo com uma continuação oculta que prefiro tentar em top-rope antes de guiar. A terceira via é a Fanatikous que já escalei algumas vezes e que acho sub-graduada. A diferença desta via para as outras duas é que ela é mais curta e mais uniforme (as outras alternam lances bem fáceis com lances moderados), mas com as chapeletas em distâncias razoáveis sempre, ainda que não coladas umas nas outras. Guiei a via sem encadenar e foi uma superação que já deve ter se perdido nestas três semanas que estou sem escalar. Foi neste dia que o Kostas se encostou na pedra e começou a dormir.

No domingo fui escalar de novo com o Kostas e como Yorgos agricultor. Escalamos as vias de sempre e entre guiando na via 25, que escalei uma vez faz algum tempo depois que tiraram a cerca que impedia de escalá-la. A diferença desta vez é que adicionaram uma chapeleta no início que deixou a via mais segura (da outra vez usei uns nuts bem marginais). Fui guiando e acho que posso dizer que encadenei se a apoiada que o Kostas e o Yorgos deram na minhas costas (hehe) numa escorregada logo no início não por tudo a perder. A via é muito legal e está graduada com VI (eu acho) e tem um começo bem difícil. Aproveitamos o top-rope para tentar as vias 24 e 23 ao lado de V grau.

Na segunda-feira voltei ao monte com o Kostas e com outro Kostas que foi comigo e com o Apostolis na primeira vez que fui a Thérisso. Ele não escala melhor que eu, mas põe uma pilha forte. Por conta disto foi um domingo de superação em que guiei a via 40 que tinha amarelado na última vez que escalei com o Yorgos (o outro) e que acabamos escalando de top-rope. Escalei também a via 44, que eu já tentara algumas vezes guiando mas sempre travava no meio. A via 44 é bem técnica e foi certamente o meu primeiro sétimo oficial aqui na Grécia. Mas melhor que isso é que a via é muito legal até o fim. Não encadenei, é claro.

No álgum algumas fotos de sábado e domingo.

Link para o álbum desta publicação: Atrasadas II

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Carteirinha

Finalmente, depois de 9 meses, recebi minha carteirinha do Clube de Montanhismo de Chaniá. A carteirinha é, na verdade, emitida pela Federação Helênica de Escalada e Montanhismo. Como o leitor atento pode ver nas fotos, a carteirinha é bilingue (muito legal), escrita a mão (horrível), e a foto é grampeada (tosco). Foi usado papel cartão na confecção da carteirinha. As dimensões são inapropriadas; grande demais para caber numa carteira (na minha tela 15,4", com resolução1280x800 px, a foto aparece menor que o tamanho real. Esta carteirinha é a cara da Grécia. Vejam como eles gostam de carimbos!!!

 

domingo, 13 de setembro de 2009

Uma tragédia anunciada

Estou de volta dos Estados Unidos da América e está tudo bem. O congresso em Los Angeles foi interessante e passear por San Francisco foi muito legal. Rever meu amigo e ex-parceiro de escalada Ricardo Bion foi muito bom também. A Anamaria está publicando as fotos aos pouquinhos no Flickr.

Não fiz praticamente nada relacionado à montanhismo. Cheguei a pensar alugar um carro para ir até Yosemite só para visitar, mas fica a cerca de 4 horas de San Francisco, e era complicado de ir e voltar num mesmo dia.

Ainda assim visitei uma loja da R.E.I. bem legal nos arredores de Palo Alto, mas que me desapontou um pouco pela falta de variedade (comparando com o site e com a Au-Vieux-Campeur). A livraria e a seção de calçados eram fraquíssimas. Comprei apenas magnésio apesar da tentação de levar a loja toda.

No centro de San Francisco visitei a loja da The North Face que fez jus a fama que a marca tomou de ser uma grife chique e não uma marca de aventura. As coisas são caríssimas comparadas com outras marcas disponíveis em outras lojas. É tudo fashion (ao invés de funcional). Na foto, estou na loja olhando uma reprodução em escala do Everest que mostra as vias e a data em que foram estabelecidas.

Acho que a grande aventura da viagem foi sair de bicicleta do Pier 39 de San Francisco e cruzar de bicicleta a ponte Golden Gate e descer até uma cidadezinha chamada Sausalito, do outro lado da baía. Fazia muito tempo que eu não andava de bicicleta e para ajudar o vento era forte e contra a maior parte do tempo. Foi difícil, principalmente as subidas. Durante o trajeto passamos ao lado de um galpão enorme que era nada mais nada menos do que uma academia de escalada gigante. Me arrependo de não ter parado para fazer umas fotos, mas estávamos com medo de perder a hora de voltar e tive que resistir.

Mas o título da publicação se refere a má notícia que vou dar agora que faço questão de comunicar por causa do meu amigo Daniel que volta e meia manifesta saudades do Kostas (?!). Neste final de semana aconteceu em Meteora na região norte da Grécia um encontro de escalada. Ainda não fui à Meteora, mas as fotos mostram que o lugar é fantástico para visitar, escale-se ou não (busque no Google).

O Kostas foi para Meteora e sofreu uma queda grande. Para piorar a perna prendeu na corda e ele caiu de cabeça para baixo. Ele estava guiando a terceira enfiada e levou mais de uma hora para chegar ao chão. Tentou atendimento em um hospital próximo mas não tinham raio-x e nem transporte para levá-lo a outro hospital. Até conseguirem achar o grupo que tinha o carro foram-se quase três horas.

Falei com ele hoje por telefone e ele está hospitalizado nos arredores de Meteora, onde passou por uma pequena cirugia para drenar uma bolha que se formou depois que uma costela quebrada perfurou o pulmão. Ao que parece ele está bem, já que anda, come e fala (muito) e o acidente ocorreu há apenas dois dias. Amanhã ou depois falarei com ele de novo para saber quando ele terá alta.

Há tempos venho alertando o Kostas para não passar dos limites, mas ele é cabeça dura e não ouve. Se arrisca frequentemente em vias bastante acima do nível técnico dele. Comete pequenos (?) erros como deixar a corda cruzar atrás da perna e colocar a costura para o lado errado recorrentemente quando guia, e eu e outros alertamos ele continuamente. Como ainda não publiquei as fotos das escaladas que fiz logo antes da viagem não comentei que numa delas ele se encostou num canto e começou a dormir. Ele vinha escalando diariamente, saindo a noite em boates e trabalhando até 12 horas por dia, ou seja praticamente não dormia. Cheguei a comentar que escalar com ele estava se tornando perigoso para os parceiros. Alguma hora a bomba ia estourar e infelizmente estourou. Ótimo que ele já está bem, mas espero que a ficha tenha caído.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Viagem

Hoje saio de viagem para os Estados Unidos da América. Estarei de volta no dia 10 de setembro. Estive meio ocupado e não consegui publicar as fotos das últimas três escaladas que fiz (uma tm Thérisso e duas no Monte várdia) e do passeio de ontem na Garganta Imbros, com cerca de 7 km de extensão.

Para não deixar os leitores na mão, eis uma foto com um bode em cima do carro (a situação do nosso carro não é tão grave).

A foto foi gentilmente cedida pelo cozinheiro do restaurante universitário.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Só para registrar

Neste meio tempo entre a ida para Ágiofárago e o dia de hoje se passaram dois finais de semana e consegui ir escalar nos dois.

No primeiro final de semana escalei bastante, no domingo, com o Yorgos e com a Kália. Foi legal porque escalamos várias vias diferentes, tentei uma via bem acima do meu grau sem sucesso e a via 40 que eu ainda não tinha tentado. Tentei guiar a Mikrá mistiká, mas amarelei após a terceira chapeleta.

No final de semana seguinte fui no final da tarde com a Anamaria e tentei de novo a Mikrá mistiká e amarelei de novo. Daí fiz ela em top-rope para tentar entender o que está acontecendo. Não entendi...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Quebra-cabeça

A publicação sobre a escalada em Ágiofárafo levou mais de duas semanas para sair. É verdade que estive bem ocupado nas duas últimas semanas, mas a principal razão aparece na foto abaixo (que ficou um pouco distorcida).
Fomos numa loja comprar não lembro o quê e acabei levando também uma caixa com três quebra-cabeças de 1000 peças por preço de banana. Praticamente todo o tempo livre que tive nas duas últimas semanas foi dedicado à montagem dos três quebra-cabeças. Cheguei a ter pesadelos.

O Matterhorn fica nos Alpes e passei muito perto dele (de avião) em abril deste ano.

Ágiofárago

Ágiofárago fica no sul da região de Heráklio, Creta, a 2h30 de carro a partir de Chaniá e é tida como um paraíso na terra. Entre os escaladores parece ser considerada a meca da escalada Cretense. No primeiro dia de agosto de 2009 fomos a passeio para Ágiofárago conferir o que era verdade e o que era mentira. Já contei mais ou menos como a história começou e terminou em "Deu bode!", e me aterei aqui ao que ainda não foi contado.

Perto de outras gargantas que visitamos, Ágiofárago é uma gargantinha, pelo menos em extensão. Percorremos ela, do estacionamento até a praia, em 20 ou 30 minutos. Antes da praia pouca coisa chama a atenção na paisagem. Uma ou duas cavernas embelezam as paredes de pedra, talvez mais para os escaladores do que para qualquer outro visitante. Por praticamente toda a extensão o leito seco da garganta é inacreditavelmente plano e arenoso, e é bem provável que uma "máquina" já tenha passado por ali. O leito se divide em três corredores marcados por arbustos de até 2 metros de altura, os mesmos que até uma ou duas semanas atrás embelezavam, com suas flores rosas ou brancas, outras lugares, como a garganta de Arádena. Mais ou menos no meio do caminho, se forma uma área mais larga onde a garganta se abre. Neste local uma pequena igreja, óbvio que tem uma igreja lá, até que dá um charme. Em frente à igreja uma bomba manual permite tirar água potável de um poço. A água tem gosto de ferro.

Esta garganta, bem diferente de outras gargantas que vimos, continua fechada por vários metros água adentro, dando uma característica mais peculiar para esta praia. Um pequeno arco de pedra, bem menor do que o que criei na minha imaginação, embeleza o local.

Depois de aguardar um tempo absurdo pelo café da manhã (às 11h30) e já sob forte calor finalmente fui escalar com o Yorgos. Escalamos duas vias, uma de Vsup e outra de VI que não terminamos. E foi só. As dezenas de outras vias, incluindo as diversas vias negativas e as vias nas cavernas ficaram para a próxima visita. Entre as que escalamos não há muito diferença em relação a outros setores, como Thérisso por exemplo. Não entendi bem qual a atração que faz do lugar a meca de escalada. O fato de ficar num lugar plano e aberto com possibilidade de acampar talvez seja a principal razão. As cavernas também chamam um pouco a atenção. Há bastante vias, e também muitas por abrir, ainda que alguém que se acha dono do lugar "pintou" a parede toda de vermelho e disse que onde está vermelho é projeto.

Depois da escalada, Anamaria e eu procuramos um lugar à sombra para comer nosso almoço. Confesso que foi difícil achar. Não comentei até agora, pois não queria parecer reclamão, mas o que Ágiofárago tem de bonito, tem de sujo ou pior. A quantidade de lixo é imensa. Dezenas de pessoas vão acampar e não são capazes de levar a própria merda e o próprio lixo embora. Sim, havia cocô e papel higiênico e tudo quanto é canto que tivesse um arbusto para esconder o cagão. Lixo nem se fala... O Yorgos separou as sacolas de lixo deles numa área sombreada e razoavelmente protegida de uma espécia de abelha que estava rasgando as sacolas. Menos de 15 minutos depois foi deixar mais lixo no mesmo lugar (que depois levaria embora) e algum imbecil passou e jogou quilos de cascas de melancia (sem sacola) no mesmo lugar.

Depois de um descanso que seguiu o almoço subismo o costão esquerdo por um caminho excessivamente exposto para alcançar um buraco que se liga por baixo da terra com o mar. Eu e a Anamaria ficamos olhando do alto, enquanto o Yorgos, a Kália e a Maria, arriscaram irresponsavelmente suas vidas para descer o barranco e se banhar. O Yorgos foi além, e cruzou, com o uso de nadadeiras o túnel por baixo da água. Enquanto eles se banhavam nós voltamos para o local do acampamento por outro caminho, bem mais longo e seguro, que saiu perto da igreja. Tomamos água do poço e visitamos uma caverninha onde moraram alguns eremitas. Dizem que os eremitas volta a cada ano em determinada data para se encontrar. Aquele que não aparece é dado como morto. Nossa chegada de volta à praia coincidiu com a chegado do Yorgos após a travessia por baixo d'água. Ele estava exausto e claramente abalado e depois revelou que achou que não fosse conseguir atravessar o túnel. Mas não aprendeu a lição e certamente se arriscaria de novo.

Esperamos a Kália e Maria voltarem e nos despedimos. Em cerca de meia hora estávamos no estacionamento, espantando os bodes.

Link para o álbum desta publicação: Ágiofárago

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Deu bode!

Há várias maneiras de estragar um dia que poderia ser dito agradável não fosse o calor insuportável mesmo à sombra e à beira da praia. No nosso caso foi a cena cômica, ainda que trágica, de um bode que subiu no nosso carro para alcançar as até então inalcançáveis folhinhas verdes de uma árvore que nem sombra fazia. Turistas fotografavam com alegria a nossa tragédia. Certamente não foram os primeiros, mas com a nossa chegada eram enfim os últimos. A aproximação pelo lado errado espantou o caprino também pelo lado errado, que do teto saltou para o capô e a seguir foi ao chão como vários outros provavelmente já tinham feito ao longo do dia. O capô nada sofreu, nós ainda sofríamos. As marcas de pata e os amassados no topo indicavam que horas antes se deu no mesmo lugar o que agora víamos acontecer sob outra árvore e sobre outro carro: uma briga de chifres pela folha mais verde. Ótimo, os turistas poderiam continuar fotografando, e com outro cenário, com outros atores. Não posso dizer que não fomos avisados, mal avisados, ainda que tarde, mas talvez cedo o suficiente para voltarmos e corrigirmos o erro. Não voltamos. Quando voltamos, desolados desamassamos o que pudemos com as próprias mãos. Foi um dia que poderia ser dito agradável não fosse o calor insuportável mesmo à sombra e à beira da praia, mas deu bode!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dois dias, duas escaladas

Sábado no final da tarde fui com o Kostas no Monte Várdia. Ele estava louco para ir para Thérisso, mas acabou se atrasando no trabalho e fomos par ao Monte depois das 19h30. Por um lado foi bom porque a escalada foi bem agilizada. Escalamos a Louki Look, a Mávri guiando. Depois o Kostas encarou a Pedevousin Tékna guiando. Ainda não chegou a minha vez e fiz top-rope mesmo.

No domingo, como criança pequena o Kostas quis ir de novo em Thérisso. Tentei dissuadí-lo, mas não teve jeito, parecia criança pequena. Para ter uma idéia no jardim aqui de casa a temperatura era de 30 graus Celsius às 9h00 da manhã. Chegamos em Thérisso e como esperado as vias estavam no sol. Tentei mais uma vez convencê-lo de desistir para irmos ao Monte Várdia, mas não teve jeito. Ele escalou a via e chegou detonado no final, mas satisfeito. Eu já estava de saco cheio de ficar cozinhando no sol e nem escalei. Finalmente fomos para o Monte Várdia.

Lá, estavam o Vassílis e o Mixális que deram risada quando eu disse que estava em Thérisso com o Kostas. Logo o Kostas chegou e agilizamos a escalada antes de o sol começar a bater. Guia a via 31 (que não lembro o nome) e passei um trabalho no início, mas escalei tranquilo. O Kostas estava tão detonado que não quis escalar. Resolvi tentar encarar a Mikrá Mistiká que agora, com a nova grampeação ficou mais segura. Fui super bem até a quarta chapeleta, o que significa que passei o crux inclusive. Mas por alguma razão amareli entre a quarta e a quinta chapeleta. Desescalei e desci. Subi a Look Louki para colocar um top na Mikrá Mistiká e refazer o lance onde amarelei. O Kostas ainda escalou em top-rope a Aspri antes de irmos embora.

Sem fotos desta vez, mas deixo aqui registradas as escaldas deste final de semana.

King Lines

O calor de 35 graus Celsius nesta tarde de domingo impedia de fazer qualquer coisa que exigisse o mínimo de esforço físico. Enquanto o sol não baixava para ir para a praia assisti ao King Lines, também da Sender films, lançado cerca de um ano antes do filme que comentei na publicação anterior.

Vendo este filme, percebe-se que o The Sharp End é uma versão melhorada em termos de produção, abordando outro tópico. O King Lines é basicamente sobre o Chris Sharma e mostra um pouco como que ele elevou o nível de dificuldade da escalada mundial e a busca dele por rotas cada vez mais difíceis e bonitas, a busca pela linha perfeita.

Achei este filme um pouco mais monótono que o outro, mas como também tem uma hora de duração, é de bom tamanho. De maneira geral parece que exceto por Palma de Mallorca, todos os lugares em que eles passaram ficou faltando algo. Achei tudo meio desconexo. Foi muito legal ver ele escalando com o instrutor da academia onde ele escalou pela primeira vez. A escalada em boulder foi bem sem graça, mas foi legal para ver que ele sente medo e tem suas preocupações. As filmagens em Palma de Mallorca ficaram um pouco extensas, achei cansativas, e a passagem pela Grécia pouco relevante. Basicamente não acharam nada muito legal, mas mesmo assim mantiveram no filme.

Em termos de imagens o filme é inferior ao The Sharp End, mas ainda assim oferece muitas cenas bonitas. As filmagens na Venezuela foram muito legais, mas em termos de escalada ficou fraco. Achei uma pena que a maioria dos escaladores ficaram de escanteio, como o Dave Graham por exemplo, centrando apenas no Chris Sharma.

Apesar de o filme se enquandrar bem em um dos meus preconceitos com filmes de escalada, ficar mostrando só escalada difícil, esse era o tema do filme e a abordagem não ficou pedante. O Chris Sharma parece um cara sério, quando comparado a outros figuras que aparecem em outros filmes de escalada. Esse aspecto profissional dele e o papel dele no filme deixam este filme mais atraente do que os demais filmes de escalada do gênero dificuldade.

sábado, 18 de julho de 2009

The sharp end

Em geral acho filmes de escalada entediantes e não figuram entre os meus estilos preferidos de filme para se assistir. Principalmente quando ficam mostrando aqueles estereótipos de escalador malucão, ou querendo mostrar o lado filosófico da escalada, ou valorizando a escalada de dificuldade (no estilo rockeiro que fica vibrando com a movimentação dos dedos do guitarrista).

Assisti há pouco o filme The sharp end da Sender films e a história não foi muito diferente. Tenho que reconhecer que com apenas uma hora de duração o filme passou voando e gostei de tê-lo assistido, embora esta "busca" pelo sharp end que eles focam no filme se enquadra dentro da minha classificação de "mostrar o lado filosófico da escalada" e também da "valorização da escalada de dificuldade". Por outro lado a maneira como apresentaram foi interessante e pelo menos evitaram bastante estas figuras sem graça do mundo da escalada.

As imagens do filme são espetaculares e só isso já faz valer a pena assistí-lo. São imagens da natureza em vários lugares nos Estados Unidos, no Hymalaia, e na Europa que dispensam a presença de escaladores. Não entendo muito de filmes, mas a produção como um todo ficou muito boa.

Eles tentam mostrar a busca pelo Sharp end em várias modalidades e isso foi legal. Achei que a cobertura sobre high balls ficou fraquinha. A escalada em big wall também foi sem graça e acho que a única que mostrou um destes bobalhões que gostam de fazer graça em frente às câmeras e é totalmente dispensável. Mesmo as imagens de Yosemite não chamaram a atenção. E por fim, base jump e modalidades relacionadas ficaram para a parte final do filme e tive a sensação de que queriam mostrar isto como o ápice, mas como o tema não me interessa achei dispensável também. Numa das cenas me parece que o Dean Potter fez de conta que caiu para os caras filmarem a queda.

O ponto alto do filme são as imagens em Adrspach, na fronteira da República Tcheca com a Alemanha. Foi também nesta parte do filme que a escalada foi mais interessante. Provavelmente porque é um lugar que já ouvir falar várias vezes e que foge um pouco do padrão de escalada que estamos acostumados.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Um dia de sorte (cont.)

Hoje recebi um e-mail do Dave, o canadense com quem escalei em Atenas, episódio que contei em Um dia de sorte.

Como era de se esperar, a estadia dele em Kalymnos foi espetacular e ele confirmou que o lugar é imperdível e que não posso deixar de ir.

A seguir, a única foto que fizemos em Atenas, com a máquina dele (do buraco atrás de mim que saiu o maluquinho enquanto escalávamos).

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Domingo em Kalypso

Domingo Anamaria e eu fomos para Kalypso e nos encontramos com o Yorgos e a Kália. Também estava por lá o Vangélis, dando aula para três alunos. Escaleis as vias 5, 7, 9 e 10. Tinha fôlego para mais, mas tínhamos combinado de ir para praia também. Fomos para uma praia chamada Srrinária.

O legal de ir para Srrinária, é que a estrada que leva a esta praia passa ao lado um morro que tem um potencial enorme para vias e que a muito já namorava de longe. Esta passagem ao lado da parede indica que vale a pena uma visita exclusiva à pedra, com mais calma para avaliar o lugar.

Link para o álbum desta publicação: Domingo em Kalypso

terça-feira, 7 de julho de 2009

Mas é difícil mesmo

Domingo poderia ter ido para Kalypso escalar com o Yorgos, com o Vangélis e com o Spýros, mas não me entusiasmei com a viagem de 1h30. Durante a manhã conversei com o Kostas que ficou de me ligar para irmos para Kalathás no final da tarde, mas ele não ligou e no dia seguinte soube que foi por problemas estomacais.

Acabei indo apreciar o entardecer na Praia de Ágios Apóstolis com a Anamaria. Nesta praia tem uma caverninha com uma via muito legal que apresentei aqui, com um videozinho inclusive. Como quem não quer nada e sem muita expectativa, levei meu equipamento para fazer minha primeira tentativa da via.

Fomos a Anamaria e eu, e ficamos cerca de 30 minutos relaxando na praia antes da tentativa. Vimos top-less, vimos pessoas trocando de roupa na frente de todo mundo como se fosse a coisa mais normal, e ficamos pensando que depois nós, os brasileiros, é que somos promíscuos...

Vamos então à escalada. Como já fiz uma publicação sobre a via, só vou acrescentar algumas coisas. A via está graduada no guia como VIII+/IX UIAA, o que transformado para escala do Brasil, conforme uma tabela que tenho, daria algo entre VIIIa e IXa, ou seja, bem difícil. Não tenho condições de confirmar o grau mas a via é

A via já começa difícil. Há apenas um abauladão cheio de areia (como as demais agarras) que se desprendem da própria pedra e uma agarrinha. O pé é tranquilo para fazer a primeira costura. Daí para frente a coisa já complica e exige uma ginástica para alcançar o primeiro agarrão não muito bom e também cheio de areia. Trazer os pés para o alto e ficar completamente paralelo ao chão já acabou comigo. Apoiei um pé na parede e o outro entalei numa fenda, posição em que poderia ter feito a segunda costura. Como não vislumbrava ir mais longe que isso nem costurei e voltei para não complicar mais ainda a retirada das expressas depois.

Fiz duas ou três tentativas só para me divertir e abandonei. Escalei o comecinho de novo para tirar a primeira costura.

A base da via é formada por uma areia fina que, até o final da escalada, tomou conta de todo o equipamento.

A sensação de escalar o teto é muito legal e gostaria de voltar lá mais vezes para tentar ir mais longe. Para escalar esta via só tem um jeito, tentar escalá-la.

Link para o álbum desta publicação: Mas é difícil mesmo

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Reforma


Este final de semana escalei no Monte Várdia no sábado e no domingo. Para variar um pouco estava me sentindo muito bem, provavelmente por conta das duas escaladinhas de 20 ou 30 minutos que fiz durante a semana depois do trabalho. Sábado escalei com o Yorgos e com a Dáfni. Fizemos cinco vias, guiei duas (28 e 30) e top-ropeei as outras três (26, 27 e 29), e ainda esperei o Kostas chegar para fazer segurança para ele em duas ou três vias. No domingo escalei de novo, com o Kostas e com a Eléni. Guiei a 37, a 38 e a 45. Fiz top-rope na 46 e entrei guiando na 44, mas desisti. Já tinha tentado a 44 no passado com segurança da Anamaria. Mas o movimento da segunda para a terceira chapeleta dá medo. Vou tentar em top-rope da próxima vez para ver como é (estou colocando o número das vias para meu registro porque estou com preguiça de escrever os nomes).

Nas últimas semanas o Monte Várdia passou por uma reforma. Já tinha notado a troca de duas ou três paradas, mas no último final de semana as diferenças chamaram mais a atenção.

Foram trocadas as paradas de pelo menos 7 vias. Todas tinham paradas de cabo de aço ou de correntes "caseiras" que foram substituídas por conjuntos chapeleta-corrente-anel-mosquetão. Há ainda algumas por trocar, mas não sei quanto dinheiro o Clube de Montanhismo de Chaniá liberou para a empreitada.

Mas o que chamou a atenção mesmo foram as chapeletas adicionadas no início de quatro vias:
- A Mávri (via 30): já escalei esta via várias vezes e guio ela sem problemas. É uma via de sexto grau, mas a primeira chapeleta ficava bastante alto e um pouco difícil de chegar. Colocaram uma chapeleta mais baixa. Já tinha visto algumas pessoas guiando ela só depois de alguém costurar na primeira chapa. A via ficou bem mais acessível agora. Estava via também teve a parada trocada.
- A Mikrá Mistiká (via 27): esta via é muito legal e já escalei algumas vezes em top-rope. A primeira chapeleta ficava bem longe do chão e a segunda bastante afastada da primeira. Uma queda de qualquer ponto entre o chão e a terceira chapeleta era por demais perigosa. Nesta via as duas primeiras chapeletas foram removidas e trocadas por três chapeletas. A via ficou bem mais segura e até daria para encarar guiando agora (já tentei uma vez antes da reforma, mas parei na primeira chapeleta).
- A via 41: nunca escalei, mas é um VIsup. O motivo de eu nunca ter tentado era a parada em estado deplorável. A parada foi trocada e foi adicionada uma chapeleta no começo. Não posso opinar sobre a chapeleta, mas é mais uma via para ser escalada.
- A Pedevousin Tékna: Esta via é uma das que já chamei a atenção para o problema de subgraduação de vias no Monte Várdia. Já escalei estava via alguma vezes em top-rope e já estava começando a ter vontade de escalar guiando, mas a altura da primeira chapeleta após um lance difícil deseconrajava qualquer tentativa. Agora as desculpas acabaram e vamos ter que encarar.

Se por um lado as vias ficaram mais seguras, por outro a colocação das chapeletas parece ter sido feita sem consentimento (na verdade com reprovação) do cara que abriu as vias. Pelo menos foi o que o Kostas me informou. E inclusive, foi tudo feito com recursos dados pelo clube de montanhismo local. No Brasil isto já teria dado um bafafá danado, mas por aqui parece que vai ficar assim sem problemas. O Kostas por exemplo, não tem a menor noção destes aspectos de "ética"(?) na escalada e o tal do "direito autoral"(?) da via.

Link para o álbum desta publicação: Reforma