domingo, 20 de setembro de 2009

A Garganta de Imbros


A segunda garganta mais frequentada da região de Chaniá é provavelmente a Garganta de Imbros. Ela fica mais a Leste do que a Garganta de Arádena e a Garganta da Samariá, esta última a mais frequentada. A Garganta de Imbros tem início no vilarejo de mesmo nome à leste da Léfka Óri, a cadeia de montanhas de Chaniá, e termina no vilarejo de Komitades nos arredores de Sfakiá, ao sul de Creta.

Apesar de não ter a fama e muito menos a imponência da Garganta da Samariá, Imbros é de fácil acesso e de baixa dificuldade. A estrada que liga o Norte de Creta com Sfakiá, ao Sul, margeia a garganta em todo o seu trajeto. Por sinal, nos dois kilômetros que antecedem a entrada da garganta, os estabelecimentos comerciais (tavernas) indicam consecutivamente as diferentes entradas (que cada um criou) para a garganta.

Começamos nossa caminhada na última, onde fica a taverna de uma amiga da Natasa e do Stéfanos. Isso nos poupou um bom trecho de caminhada num plano árido e desinteressante. Além dos dois, de mim e da Anamaria, nos acompanhou no passeio o Ian, um amigo tcheco da Natasa.

Saindo da taverna, uma escadaria nos levou até a entrada da garganta que para minha surpresa não era de graça. Com uma simpatia também surpreendente um típico cretense nos cobrou o ingresso (2 euros) e ofereceu uma rodada de ráki para todos (para ele inclusive, hehe).

Logo após a entrada, uma placa mentirosa sugere que ao final, é possível encontrar táxi e ônibus para retornar à entrada onde deixamos o carro. Minha sugestão era irmos com dois carros e fazermos como fizemos em Arádena, mas gregos gostam de complicar as coisas e deixaram que a sorte decidisse (sabíamos que não tinha ônibus nem táxi no final).

Não tenho vocabulário e talento literário para descrever a garganta de maneira completa e atraente e por isso tentarei apenas notar algumas marcas dela em relação às outras que visitei.

Esta garganta tem sete kilômetros de extensão é bem pouco íngreme (acho que começa a 700 m do nível do mar e termina quase nele). É mais aberta que as outras e na maior parte dos trechos não se percebe paredes verticais, mas sim positivas, aos lados. Poucos trechos estreitam, dois ou três apenas, e esta é a que tem o trecho mais estreito entre as que já percorremos. Outro diferença  grande é a vegetação que é bem diferente, principalmente de Arádena. Posso estar falando bobagem pois me baseio apenas na minha observação de leigo, mas esta parece ser bem mais arborizada que Arádena e de certa forma até mais arborizada que a Samariá (apesar do longo trecho com cedros logo no início desta última).

A maior parte do percurso se dá pelo leito seco e pedregoso da garganta e em alguns pontos a trilha vai por um trecho mais alto. Tivemos, se muito, um obstáculo que exigiu o uso das mãos para ser transposto, muito menos do que em Arádena. Claramente alguns trechos foram facilitados pela ação do homem, e com isso quero dizer ação proposital e planejada, e não apenas pelo fato de homem passar por lá há muito tempo. Diga-se de passagem em vários pontos há ganchos nas paredes de pedra que imagino serviam para passar linhas telefônicas ou fios elétricos há pouco tempo atrás (não fotografei). Um único trecho de uma vintena de metros é calçado com pedras.

A infraestrutura se resume à guarita de entrada, placas de proibido fumar e à uma choupana numa área mais larga e plana da garganta mais ou menos na metade do percurso, onde supostamente é feita a verificação de bilhetes e a venda de refrescos para os turistas. O final de agosto já é também final de temporada e a frequencia na garganta é bem menor do que no auge da estação, apesar de termos cruzado com algumas pessoas, a maioria subindo. Já ia esquecendo de escrever que fizemos o passeio no dia 30 de agosto de 2009, um domingo.

O trecho mais estreito da garganta e usado como atração turística do local tem 1,60 m de largura. Fica num corredor de pedra muito legal que em certo ponto forma uma canaleta de pedra. Aproveitamos, evidentemente, para fazer fotos típicas e cafonas de pontos como este.

Pouco antes do final, botecos em condições precárias oferecem bebidas e comida a preços módicos e "serviço de táxi". A pressão é grande para aceitar o serviço deles que na verdade é a caminhonete de alguém em que vamos na carroceria até o ponto onde deixamos nosso carro. Não aceitamos, mais pelo jeito das pessoas do que pelos 18 euros (dividido por cinco) que queriam para nos levar de volta.


Talvez tenha sido um erro. Não conseguimos oferta melhor no vilarejo, na verdade não conseguimos oferta alguma. Optamos por caminhar até um cruzamento mais a frente 2 km em direção à Sfakiá. Para nossa sorte o sol que estava tímido atrás das nuvens resolveu aparecer bem nesta hora. No cruzamento consegui uma carona com um espanhol, mas foram o Stéfanos e a Natasa para pegar o carro e voltarem para nos buscar. Anamaria, Ian e eu, ainda percorremos uma parte do trajeto morro acima até encontrar uma parada com sombra, onde esperamos o resgate.

Encerremos o passeio com uma refeição medíocre na taverna onde tínhamos começado a caminhada e onde o nosso amigo da portaria ofereceu mais uma rodada (na verdade uma garrafinha) de ráki para nós.

Link para o álbum desta publicação: A Garganta de Imbros

Nenhum comentário:

Postar um comentário