quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Acabaram as desculpas

Esta semana acabou a novela do magnésio. Fiz uma compra pela internet de alguns equipamentos e magnésio, que chegaram na terça-feira. Assim sendo, sábado à tarde voltei ao Monte Várdia. Escalei as três vias de sempre, Louki Look, I Aspri e I Mávri, e armei um top na Mikrá Mistiká, todas um pouco mais 'fáceis' desta vez (ver Pausa).

Para minha surpresa quando chegamos na 'área' de estacionamento, tinha um carro ali. Quando chegamos na falésia tinha um jipinho e quatro caras praticando bouldering na primeira parte da falésia. Cumprimentamos a todos e só não fomos respondidos por um cara que depois se mostrou um boçal. Fui para minha escalada e depois três deles passaram por ali para ir em outras vias e conversamos um pouco. Voltamos a escalar e antes de irem embora conversamos mais um pouco com dois deles, muito simpáticos. Ficaram espantados com a quantidade de lugares que já fui escalar aqui em Creta, alguns dos quais eles nem sabiam (aqueles no leste de Creta: Analoukas, Chochlakiés e Káto Zákros). Por conta do bate papo, limpei duas vias em que tinha deixado top já à noite, com lanterna.

Parece que na região de Chaniá não passa de 20 o número de escaladores e que o lugar que eles mais freqüentam é Thérisso. Além disso, dos quatro apenas um é de Chaniá, os outros moram aqui mas são de Atenas e Tessaloniki. Esclarece um pouco o fato de eu quase nunca ter encontrado ninguém. Trocamos os números de telefone e tudo indica que na minha última escalada antes de a Anamaria ir para o Brasil, consegui parceiros para escalar no próximo mês. Um deles disse que está escalando 7a (Francês) e o outro 8a, ou seja não estão fracos. E seu eu puder escalar com eles vai ser bom para parar de lenga, lenga e começar a me puxar para valer também. Ou seja, com parceiros de escalada e com magnésio, acabaram as desculpas.... Pensando melhor, minha sapatilha está gasta e frouxa...

Link para o álbum desta pulicação: Acabaram as desculpas

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Etapa final

Fugindo um pouco da "rotina", participem e prestigiem a etapa final do ranking catarinense de escalada 2008. Já participei de vários como "atleta" ou assistindo, e sempre foi muito legal. É uma ótima oportunidade para conhecer escaladores ou rever amigos de outras pedras do estado. (cliquem na imagem para ampliar).

domingo, 24 de agosto de 2008

Pausa

Este final de semana, após vários finais de semana consecutivos escalando, fiz uma pausa. Não deu de ir escalar. Aproveito então, para falar rapidamente do último final de semana. Na sexta-feira dia 15 agosto, foi feriado e consegui escalar no Monte Várdia tanto na sexta como no sábado, dia 16 de agosto.

Na sexta-feira comecei na Mikrá Mistiká (pequenos segredos), uma via de VII-/VII que começa ao lado direito da Louki Look em uma parede levemente negativa e de inclinação constante. Ela começa com agarrões e após a primeira chapeleta vai de reglete até o final. Fui até a primeira chapeleta e foi o suficiente para os braços ficarem tijolados. Desescalei e parti para o de sempre e escalei a Louki Look, a I Aspri e a I Mávri, a primeira guiando e as outras duas em rop-rope. Já falei delas em várias ocasiões aqui no blog. Acho que este foi o primeiro dia que me senti verdadeiramente bem escalando por aqui, apesar do "fracasso" na via negativa, com confiança nos pés e nas mãos, mesmo sem magnésio (que por sinal acabo de comprar pela internet).

No sábado, entusiasmado pelo "sucesso" de sexta, repeti a dose (as mesmas três vias) e ainda guiei a Zestáma e escalei em top a Mh-Nus, as quais já falei a respeito também várias vezes aqui no blog. Acho que este foi o dia que mais escalei vias desde que cheguei. Estabeleci que cada vez que for escalar, farei pelos menos estas cinco vias, até me sentir em condições de escalar outras, senão ficarei estagnado no grau atual. Mas neste final de semana já não cumpri o estabelecido... e em menos de duas semanas a Anamaria vai para o Brasil ficar um mês. Se eu não arrumar um parceiro até lá, vou cumprir o estabelecido, só após uma longa pausa.

Link para o álbum desta publicação: Pausa

domingo, 17 de agosto de 2008

Enjoei

No final da tarde de domingo, ainda antes do anoitecer saímos de Chochlakiés e fomos em direção a Zákros onde começa a Garganta da Morte que vai até Káto Zákros. Paramos rapidamente no acesso à garganta e continuamos até Káto Zákros, por uma estrada que contorna um precipício belíssimo na beira do mar.

Káto Zákros tem dois setores de escalada (que eu sei). Um fica no costão norte da praia e também tomei conhecimento pelo site Climb in Crete. O outro fica na entrada da Garganta da Morte e fiquei por um site de uma pousada.

Káto Zákros é um lugar bonito, mas não chega a ser impressionante. O cansaço decorrente de um dia de viagem somado à busca por vias e escalada em Analoukas e a caminhada/escalada de Chochlakiés começava a bater e a atenção se voltou a encontrar um lugar para ficar. Percorremos praticamente todas as ruas de Káto Zákros pesquisando os preços de pousada. Sem saber (não lembrava o nome) estivemos também na pousada que divulga a escalada como um de seus atrativos, e ao contrário do que diz o site fomos muito mal atendidos e resolvemos procurar outra.

Nesta busca por pousadas acabamos passando em frente à garganta e parei para dar uma olhada. Uma placa indicava em que parte da garganta estão as vias, entre outros detalhes de toda a extensão da garganta. Logo na entrada, numa parede alaranjada e negativa estão as primeiras vias. Para ter uma idéia, o carro ficou mais perto das vias do que na Pedreira do Abraão. Dei uma olhada rápida e tirei fotos, mas já estava anoitecendo. Cansados e famintos continuamos a procura pela pousada.

Acabamos ficando em uma pousada na descida para Káto Zákros com uma vista muito bonita da praia e da garganta. O dono, um ex-marinheiro, como todo grego, tentou adivinhar de onde éramos e, como todo grego, errou. Acho que éramos italianos. Ficou empolgadíssimo que éramos brasileiros e, como todo grego (marinheiro) que esteve no Brasil, contou suas aventuras no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Jantamos na praia a luz de lamparinas e deitamos cedo para escalar e tomar banho de mar no dia seguinte (segunda-feira, 11 de agosto).

Ao contrário do dia anterior amanheceu ventando muito e a praia foi cancelada de imediato, restando apenas a escalada. Optei por ir escalar primeiro na garganta da morte e depois ver como era o costão. Sem mantimentos, tivemos que tomar café da manhã em um restaurante. Antes mesmo de chegar nas falésias, já estava enjoado. Algo não fez bem. Chegamos lá e além das vias que já tinha visto percorremos parte da garganta para ver as outras vias na esperança de que o ar fresco me ajudasse a melhorar do enjôo. Acabei não fotografando a segunda parede, maior e com vias mais longas e voltei para a parede menor. Acho que no total, deve ter umas 20 vias lá, algumas de duas enfiadas. E várias vias negativas.

Escalei uma via, a única não negativa e de certeza a mais fácil do setor. Bastante abatido pelo enjôo, desci e dei uma brincadinha na parte baixa dos negativos só para fazer fotos e ver que meus braços não aguentariam mais um metro de altura nestas condições. A escalada estava cancelada.

Acabei nem indo ver as vias do costão, nem a caverna que há em Káto Zákros. Sem nem mesmo ter ido ao costão, acho que vale a pena voltar a Káto Zákros para escalar na garganta e até para abrir vias, e claro, para sossegar um pouco. Guardei o equipamento e voltamos para o hotel para pegar nossas coisas. Tocamos viagem de volta para Chaniá, onde jantamos fora para celebrar 1 ano de casamento.

Link para o álbum desta publicação: Enjoei

sábado, 16 de agosto de 2008

Apavoro

Depois de relaxar na praia de Vai e dar uma circulada pela ponta Nordeste de Creta seguimos para o Sul em direção a Káto Zakros. A meio caminho em direção a Káto Zákros estava Chochlakiés, um vilarejo que dá acesso a uma garganta de mesmo nome onde tem outro setor de escalada. O planejamento era passar direto e deixar este setor para o dia seguinte. Mas quando passamos por Chochlakiés uma placa indicava a garganta a apenas 2,5 km e decidimos ir lá pelo menos para dar uma espiada.

Percorremos cerca de 500 metros de carro e encontramos um placa dizendo que era o ponto final e dali deveríamos seguir a pé. A verdade é que a estrada continuava, mas provavelmente é de uso exclusivo dos fazendeiros. Faltavam ainda 2 km até a garganta e não resisti; tirei o equipamento do carro e tocamos em direção à garganta. Chegamos em cerca de 20 minutos, não mais do que 1km de caminhada, depois de percorrer uma plantação de oliveiras e passar por uma cerca (entrada) e placa informativa. O trajeto entre as oliveiras era (mal) marcado, mas avistamos a garganta pouco depois de deixar a estrada de terra. Acho que forcei a barra duas publicações atrás em dizer que uma das escaladas (esta) teve aproximação, já que a caminhada no plano foi muito fácil e rápida. Por outro lado, foi esta a sensação ao ver as montanhas nos arredores e a garganta ficando cada vez maior.

Pelo meio da garganta corre o leito pedregoso de um "rio" que seca no verão e que no inverno pode até impedir o acesso à garganta. Só por isso já valeu o cenário diferente de outras gargantas que vi por aqui (não atravessei nenhuma ainda). O tipo de pedra é muito semelhante ao de Thérisso, predominando tons alaranjados.

Mais uma vez as informações foram retiradas do site Climb in Crete. Dos dois setores indicados fui logo no primeiro e escolhi a via mais fácil, é claro. Como era de se esperar das três vias indicadas apenas uma era protegida com chapeletas, de V grau, chamada Itanos. À esquerda dela, de IV grau e chamada Zakros pode ser feita em móvel até se juntar com a Itanos no final. Esta três vias começam sobre uns blocos de pedra de onde a Anamaria fez segurança para mim. Acabei fazendo um pouco de cada, escalando entre elas para tirar proveito do IV grau e costurando nas chapeletas da via de V. Ainda sem magnésio, tive sorte que até eu começar a escalar a via já estava toda na sombra. Em alguns momentos superprotegi a via colocando um friend na fenda da via de IV quando eu saía muito para a esquerda e ficava longe da chapeleta.

Como nas informações do site dizia que as chapeletas eram todas "rust proof", levei um susto quando cheguei na parada. Dupla, com duas chapeletas e cada uma com um destes anéis de aço, como os que mostrei na publicação anterior, completamente enferrujados. O oposto em qualidade do que vi em Analoukas no mesmo dia de manhã. Foram as chapeletas mais podres que vi. Arrisquei a ficar em alto, mas deu um apavoro em decidir como descer, se desescalava ou arriscava o rapel. Voltei para a pedra e comecei a dar uns puxões psicológicos nas chapeletas para ver se aguentavam. Por fim decidi armar o rapel, mas mantive a segurança até o último minuto.

A escalada foi muito legal e deu vontade de experimentar as vias do outro setor, mas estava ficando tarde e ainda não tínhamos hospedagem confirmada. Seguimos um pouco mais a frente para ver um pouco mais da garganta e para tentar ver o outro setor, mas provavelmente estava mais a frente ainda. Mais 45 minutos de caminhada nos levariam a uma praia isolada. Voltamos com o sol já baixo deixando as montanhas com uma cor dourada muito bonita e um clima agradável para o retorno.

Link para o álbum desta publicação: Apavoro

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Outro tipo de rocha

A primeira vez que escalei em conglomerado foi em Rio dos Cedros/SC. A segunda vez foi em Analoukas, no último domingo 10 de agosto. O tipo de rocha foi certamente o que mais me atraiu ao setor, além da grande quantidade de vias fáceis e, claro, o fato de que ele estava exatamente no trajeto que pretendíamos percorrer para conhecer o lado leste de Creta.

Saímos de Chaniá no sábado ao meio dia e no final da tarde paramos em Siteía, a última cidade "importante" na direção leste de Creta. Acordamos no domingo e continuamos na direção leste. As poucos informações que consegui sobre o setor, peguei no site Climb in Crete. A cerca de 13 km a leste de Siteía as falésias ficam dentro das terras do Dyonisos Village Hotel.

Da estrada que acompanha a costa pude ver ao longe o hotel que parece uma pequena cidade a beira-mar. Diversas falésias por todos os lados mostravam também que tem muita via por abrir para todo lado. Chegamos na portaria e entramos direto, com certo desapontamento, pois achei que conseguiria algum "beta" na portaria. Ao contrário de fotos que vi no Google Earth (Panoramio), o lugar está decadente e ao mesmo tempo parece novo e velho.

Vi uma estrada de terra indo para a falésia que chama mais a atenção e seguimos para lá. Paramos o carro num lugar onde o corte da estrada não deixava o barranco tão alto em relação ao morro onde está a falésia, para podermos subir com facilidade. O lugar é árido mas muito bonito, e durante a subida já era possível ver os fragmentos de conglomerado, formado por pedra pequenas e bem diferente daquele de Rio dos Cedros.

Chegamos numa parte da falésia perfeitamente escalável, mas sem uma via sequer e o "instinto de montanha" falhou e nos levou para a esquerda onde também não achei vias. Com uma base acidentada o deslocamento era lento, até que achei uma acesso fácil para o topo da falésia onde literalmente corri em busca de vias, desta vez para o lado direito.

Acabei achando dois anéis jogados no topo de uma via, destes que usam muito por aqui e não inspiram confiança nenhuma. Do mesmo lugar vi outras duas paradas com maillons em um bloco de pedra de frente para a falésia. Voltei para buscar a Anamaria e fomos até lá pela base. Por coincidência chegamos na base do bloco de pedra que eu tinha visto com as paradas. De cara vi uma via numerada com "1" e que parecia muito fácil, e que se confirmou um III ou IV quando a escalei. No mesmo bloco vimos mais três vias sem números. Encarei uma delas, de V num sol de rachar e com as mãos praticamente inutilizadas pelo suor. Armei um top-rope e escalei a via do lado, um pouco mais difícil.

Devido ao calor parei por aí, mas fui ver as vias na parede de frente para o bloco. Achei mais 7 vias numeradas do 2 ao 8, todas com chapeletas em bom estado e paradas duplas com chapeleta e maillon rapid. Trabalho de primeira! Infelizmente não tinha condições de escalar. Percorri mais para a direita para ver se achava mais vias e não achei nada.

Depois voltamos para o carro e fui em mais uma falésia, pequena, mais próxima do hotel. Por falta de visibilidade acabei só olhando a parte esquerda dela, sem vias, e nada posso afirmar sobre a parte da direita. A falésia onde escalei se dobrava numa forma de "L" no sul e dali fui até a parte menor do "L" em busca de vias, não percorri tudo e não achei mais nada.

Para ter uma idéia não consegui nem identificar o setor que escalei. O fato de ter oito vias numeradas e de que está voltada para leste, leva a crer que era o "West Wall", mas a via 1 era fácil demais, e portanto do setor "Mouses" ou do setor "Mainades", ou outro. Enfim, se olharem as fotos (localizadas no mapa) verão que a falésia continua para o norte e tem muita pedra que não vi.

Assim, das mais de trinta vias listadas no site, achei onze e escalei três. Sem falar que é provável que três delas (sem números) tenham sido abertas mais tarde. Os negativos e tetos em conglomerado ficarão para a próxima. Deixamos por isso mesmo e seguimos viagem. No extremo leste de Creta, tomamos banho de praia em Vai, onde está a maior floresta de Palmeiras da Europa....

Link para o álbum desta publicação: Outro tipo de rocha

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

1 ano de casado

Para celebrar um ano de casados, viajamos por três dias para o lado leste de Crete. Depois de estabelecido o roteiro da viagem, selecionei quatro setores pelos quais gostaria de passar. Obviamente priorizei os setores mais distantes, todos no distrito de Lasithi, já que as chances (e o interesse?) de voltar ao lado leste de Creta são menores.

Apesar das poucas informações disponíveis, consegui escalar em três diferentes setores. Escalei pouco em cada um deles, mas foram escaladas bem diferentes das que vinha fazendo aqui em Chaniá, inclusive com um tipo diferente de rocha num setor e uma caminhada de aproximação em outro!

Leiam as próximas três publicações (em doses homeopáticas) para saber mais!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Uma perspectiva diferente

No último domingo no final da tarde fui escalar no Monte Várdia. Não consegui encontrar magnésio para vender por aqui. Sulfato de Magnésio e até talco foram oferecidos com a "mesma" funcionalidade. Terei que comprar pela internet, mas vou esperar para comprar algumas fitas junto e compensar o valor do frete.

Na chegada tentei escalar a via A Preta, como "prometido" na publicação anterior, mas sem magnésio, primeira chapeleta alta e sol batendo ficou meio arriscado. Desisti e resolvi escalar a Zestáma e a Mi-nus, uma guiando e a outra em top-rope. Já falei destas vias antes, então não vou me estender aqui.

Para tentar fazer algo diferente, tirei algumas fotos das agarras que usei na via Zestáma para dar uma idéia de como é a via e a pedra. Reparem as mãos "limpas". Acho que vale a pena dar uma olhada no álbum. Espero que apreciem.

Link para o álbum desta publicação: Uma perspectiva diferente