Depois de relaxar na praia de Vai e dar uma circulada pela ponta Nordeste de Creta seguimos para o Sul em direção a Káto Zakros. A meio caminho em direção a Káto Zákros estava Chochlakiés, um vilarejo que dá acesso a uma garganta de mesmo nome onde tem outro setor de escalada. O planejamento era passar direto e deixar este setor para o dia seguinte. Mas quando passamos por Chochlakiés uma placa indicava a garganta a apenas 2,5 km e decidimos ir lá pelo menos para dar uma espiada.
Percorremos cerca de 500 metros de carro e encontramos um placa dizendo que era o ponto final e dali deveríamos seguir a pé. A verdade é que a estrada continuava, mas provavelmente é de uso exclusivo dos fazendeiros. Faltavam ainda 2 km até a garganta e não resisti; tirei o equipamento do carro e tocamos em direção à garganta. Chegamos em cerca de 20 minutos, não mais do que 1km de caminhada, depois de percorrer uma plantação de oliveiras e passar por uma cerca (entrada) e placa informativa. O trajeto entre as oliveiras era (mal) marcado, mas avistamos a garganta pouco depois de deixar a estrada de terra. Acho que forcei a barra duas publicações atrás em dizer que uma das escaladas (esta) teve aproximação, já que a caminhada no plano foi muito fácil e rápida. Por outro lado, foi esta a sensação ao ver as montanhas nos arredores e a garganta ficando cada vez maior.
Pelo meio da garganta corre o leito pedregoso de um "rio" que seca no verão e que no inverno pode até impedir o acesso à garganta. Só por isso já valeu o cenário diferente de outras gargantas que vi por aqui (não atravessei nenhuma ainda). O tipo de pedra é muito semelhante ao de Thérisso, predominando tons alaranjados.
Mais uma vez as informações foram retiradas do site Climb in Crete. Dos dois setores indicados fui logo no primeiro e escolhi a via mais fácil, é claro. Como era de se esperar das três vias indicadas apenas uma era protegida com chapeletas, de V grau, chamada Itanos. À esquerda dela, de IV grau e chamada Zakros pode ser feita em móvel até se juntar com a Itanos no final. Esta três vias começam sobre uns blocos de pedra de onde a Anamaria fez segurança para mim. Acabei fazendo um pouco de cada, escalando entre elas para tirar proveito do IV grau e costurando nas chapeletas da via de V. Ainda sem magnésio, tive sorte que até eu começar a escalar a via já estava toda na sombra. Em alguns momentos superprotegi a via colocando um friend na fenda da via de IV quando eu saía muito para a esquerda e ficava longe da chapeleta.
Como nas informações do site dizia que as chapeletas eram todas "rust proof", levei um susto quando cheguei na parada. Dupla, com duas chapeletas e cada uma com um destes anéis de aço, como os que mostrei na publicação anterior, completamente enferrujados. O oposto em qualidade do que vi em Analoukas no mesmo dia de manhã. Foram as chapeletas mais podres que vi. Arrisquei a ficar em alto, mas deu um apavoro em decidir como descer, se desescalava ou arriscava o rapel. Voltei para a pedra e comecei a dar uns puxões psicológicos nas chapeletas para ver se aguentavam. Por fim decidi armar o rapel, mas mantive a segurança até o último minuto.
A escalada foi muito legal e deu vontade de experimentar as vias do outro setor, mas estava ficando tarde e ainda não tínhamos hospedagem confirmada. Seguimos um pouco mais a frente para ver um pouco mais da garganta e para tentar ver o outro setor, mas provavelmente estava mais a frente ainda. Mais 45 minutos de caminhada nos levariam a uma praia isolada. Voltamos com o sol já baixo deixando as montanhas com uma cor dourada muito bonita e um clima agradável para o retorno.
Link para o álbum desta publicação: Apavoro
Essa dos puxões psicológicos foi boa! Um dos poucos casos onde o rapel deve ter sido mais emocionante do que a escalada.
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