domingo, 15 de novembro de 2009

Guerra no Monte

Sábado fui com o Kostas escalar no Monte Várdia. Além dele, foi também um amigo escalador da Anastasia, o Manolis, que eu não conhecia. Logo que cheguei o Manolis foi embora e ficamos apenas eu e o Kostas. Não vou me prender em muitos detalhes das vias exceto uma que foi novidade. Primeiro fiz top-rope na Pedevousin Tékna (VI). Em seguida, achei que estava inspirado e resolvi tentar a via 44 (VIIa) que já tinha guiado uma vez, mas amarelei de novo a meio caminho entre a segunda e a terceira chapeleta. O Kostas não quis nem tentar. Depois escalei a via 40 (VI) em top-rope. Por alguma razão desconhecida resolvi levar o top-rope para a via do lado que eu nem sabia o grau, a 42, um  VIIb com poucas agarras, nem sempre boas e com um início negativo. E esta é a única novidade. De movimento em movimento e queda em queda fui até a terceira chapeleta, a qual não faço idéia de como costuraria se estivesse guiando, e acho que o crux era logo na sequência. Muitas tentativas serão necessárias até poder completar um rop-rope nela, quanto mais guiar. Para encerrar o dia fiz um top na Mikrá-mistiká (VIIa) com a corda dos americanos (uns 10 deles) da base que tinham ido escalar um pouco (alguns pela primeira).

Domingo fui de novo com o Kostas e com o Yorgos Agrônomo e ficamos na água com açucar. Guiei a Louki Look (V) e fiz top-rope na Mikrá Mistiká (VIIa). Na foto, o Yorgos fora da linha na Mikrá Mistiká. A curiosidade do dia vem de um senhor, com seus bons 70 anos, que mora nas redondezas e veio prosear com os escaladores (ver na foto o senhor e o Kostas super atento na segurança).  Papo vai, papo vem ele explicou que aquele lugar onde escalamos não se chama Monte Várdia (que fica mais para cima), mas sim Grabouka. E acrescentou que nem o Monte Várdia se chama Monte Várdia, mas sim Profiti Ilias (Profeta Elias - como todo ponto alto de algum lugar na Grécia). O nome Grabouka de acordo com ele, se deve ao fato de que o local era provido, há muito tempo, de diversas cavernas* que foram destruídas durante a operação de uma pedreira. Isto é novidade e explica a má qualidade da pedra na parte onde não há vias, bem como os inúmeros blocos de pedra barranco abaixo (ver foto). Ele não explicou a etimologia do nome e o Kostas e o Yorgos não fizeram nenhuma relação com alguma palavra grega.

Outra curiosidade que o nosso inesperado visitante contou e fica difícil saber se é fantasia ou não, é que os alemães passaram  por ali para se deslocar daquela parte da cidade até o porto de Souda (porto que serve Chaniá) durante a desocupação de Creta. Nada de especial se ele não tivesse acrescentado que como os alemães não tinham como levar as armas de volta (e não houve explicação de por quê), eles aproveitaram para explodir granadas e morteiros no barranco (ver foto do barranco).

*Até onde me lembro, por definição, as cavernas tem até 30 metros de profundidade, e a partir disto são chamadas grutas. Isto me faz lembrar que a publicação anterior chamada Caverna Szemlohegyi deveria na verdade se chamar Gruta Szemlohegyi.

2 comentários:

  1. Que massa, deu uma bela incrementada na história do point ! Essa de não levar armas não faz sentido, será que iriam embora em botes ? Quando tiver atoa por la, vá procurar fragmentos hehe.
    falo
    Eduardo

    ResponderExcluir
  2. Pensei em procurar fragmentos, mas acho que vai estar soterrado. Já encontrei cápsulas de rifle por lá só que dos cretenses modernos que não dispensam atirar a esmo.

    ResponderExcluir