quarta-feira, 14 de maio de 2008

Espírito de montanha

A expressão "espírito de montanha" vez ou outra surge em conversas, notícias e listas de discussão. Na maioria das vezes que a expressão vem à tona o assunto é a falta de "espírito de montanha", e não demoram a vir exemplos vindos de relatos a respeito de expedições comerciais no Everest e Aconcágua, e mais recentemente em setores de escalada esportiva. A expressão é muito subjetiva e há quem ouse dar definições. Mas o máximo que eu poderia fazer aqui, é dar exemplos da minha vivência no montanhismo.

Já tinha passado algumas vezes pela frente do Clube Grego de Montanhismo de Chaniá, mas estava sempre fechado. Como outros problemas me assolavam, não tinha muita cabeça para pensar em escalada. Finalmente um mês depois da nossa chegada, no dia 18 de outubro de 2007, voltando do centro a noite, passamos na frente do clube e as luzes estavam acesas. O clube fica localizado num meio-subsolo numa rua movimentada da área central de Chaniá, de frente para o parque municipal.

Resolvemos entrar. Toquei o interfone e a porta se abriu! Descemos as escadas e entramos no clube. As três pessoas presentes, além de nós, se olhavam e ninguém dizia nada. Quebrei o gelo saudando-os em grego e perguntando se alguém falava inglês.

O Yannis, um senhor talvez com seus 65 anos respondeu em inglês e nos convidou para sentarmos. Apresentamos-nos e fomos muito bem acolhidos. Os outros dois, um pouco mais novos não se manifestaram em momento algum, talvez por não saberem falar inglês, mas prestavam atenção na conversa. Expliquei melhor quem eu era e porque estava ali. Também me informei sobre as atividades do clube.

Em tudo isso, foi muito legal o fato de que eu ter dito que sou associado de um clube no Brasil, ter sido o suficiente para eu ter o mesmo direito de participação de um sócio nas atividades externas do clube, inclusive pagando o mesmo valor que o associado! Mesmo não sendo necessário, fiz questão de mostrar minha carteirinha. Disse o Yannis: "Se és membro de um clube no Brasil, és membro do nosso clube".

É claro que ele exagerou um pouco. Mas para mim, este é o "espírito de montanha".

Um comentário:

  1. É uma pena saber que poucas pessoas com menos de 50 anos têm o tão falado espírito de montanha. Mas ainda assim tem. Mesmo que seja um grito de resistência, é bom saber que pessoas ainda se preocupam com a união e reunião de montanhistas em torno de um mesmo objetivo, pois atitudes como essa elevam o nome do clube/associação.
    Ainda temos muito que evoluir e aprender por aqui, pois imagino um gringo chegando por aqui e tentando se explicar, em frente à sede da ACEM, aos bandidos da Vila Aparecida que faz parte do Clube Alpino Francês, ou de outro qualquer.

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