Na sexta-feira à noite recebi uma mensagem do Kostas, aquele que conheci na semana passada. Estava me convidando para irmos para Kalipso no domingo e que combinaríamos melhor no sábado. Sábado acertamos de sair às 9h.
A previsão do tempo não era das melhores, tempo nublado, ventos N de 30 km/h e rajadas de 50 km/h. Não nos abalamos e saímos no domingo com meia hora de atraso e com alguns pingos de chuva. Fomos eu e a Anamaria em um carro e o Kostas, a irmã (Mariana) e um amigo dele (Giorgos) em outro.
Ir para o sul de Réthymno é sempre muito legal. A estrada, a mesma que dá acesso ao balneário de Plakiás e à praia de Préveli, é muito bonita. A medida que vamos para o sul a estrada começa a passar por entre as montanhas e subita e inesperadamente faz uma curva fechada ao redor de uma paredinha de pedra. Atrás desta paredinha está o cânion de Kourtalitiko com paredes que ultrapassam os 500 metros de altura e por onde corre o rio que irá desembocar no mar, na praia de Préveli. É fantástico.
A viagem foi boa e conhecemos melhor nossos amigos ao chegarmos no nosso destino. O Giorgos é muito gente fina e fala inglês muito bem em virtude de ter passado um tempo nos EUA. Ele e o Kostas se conheceram no inverno passado quando fizeram juntos o curso de escalada. A Mariana também é muito simpática e foi escalar pela primeira vez, com a intenção de fazer umas fotos para impressionar o novo namorado....
Kalipsos fica logo atrás do paredão de Plakiás entre Plakiás e a baía de Damnoni (ver localização no álbum de fotos), onde estão as praias de Ammoúdi e Mikró Ammoúdi, locais onde se pratica nudismo. Apesar de o carro parar tão perto da pedra quanto na Pedreira do Abraão, fiquei levemente desapontado com o lugar. É uma falésia relativamente extensa, mas surpreendentemente há apenas 15 vias numa pequena área. As vias são um pouco mais extensas que no Monte Várdia e no mesmo tipo de rocha. Todas parecem bem protegidas e são de grau fácil a moderado. Mas não posso descrever nada mais do que isso; não experimentei nenhuma via. Acho que a previsão do tempo estava errada e o vento era de 50 km/h com rajadas de 30. Era impossível ficar ali.
O Giorgos sugeriu de irmos à uma pequena parede de pedra na baía de Damnoni, mais protegida do vento, onde eles aprenderam a fazer rapel. Cheguei lá a frustração foi maior ainda, uma parede com uns 12 metros de altura e potencial para duas ou três vias com a base transformada num lixão. Não me deixei abalar, armamos dois top-ropes nos pontos mais promissores da parede, uma via de III grau e outra de VIsup. Armar os top-ropes mostrou que o Kostas e o Giorgos estão relativamente despreparados para montar ancoragens e seguir as regras básicas que coincidemente relatei aqui, mas não se matariam. Usamos todas as fitas que tínhamos e um cordelete de 7mm que eu tenho com cerca de 8 m para evitar arrasto e equilizar tudo. Com duas fitas que sobraram ainda usei um friend para fazer um "backup" numa das paradas.
Além da natureza exuberante e de vermos vários furacõezinhos se formando no mar, a via de VIsup foi o que fez valer a viagem. Mandei à vista e repeti mais uma vez para mostrar para eles que ainda não tinham conseguido (me achei!). Ela começa com um trecho positivo que entra num negativo de agarras não muito boas. Passei o lance colocando o pezão bem alto para ajudar a me erguer e alcançar uma agarra salvadora. Ainda assim, é preciso mais um ou dois movimentos para sair do negativo e entrar numa parte bem vertical e bem abrasiva que estilhaçou as mãos. Neste trecho o mais difícil não era encontrar agarras, mas sim encontrar aqueles não detonassem muito a mão.
Depois de todos tentarem, exceto a Anamaria, O Kostas ainda insistiu que passássemos de novo no outro setor para ver se ainda estava batendo vento. Era óbvio que estava, mas fomos mesmo assim. Ele não se conformou que nenhum de nós quis ficar. Mas fomos embora e fica a expectativa de voltar lá e escalar todas as 15 vias num só dia (ahammm!?).
Link para o álbum desta publicação: Rajadas de 50 km/h
O Kóstas virou teu amigo do peito?
ResponderExcluirTrocadalho do carilho.
Daniel
Que bom que fizestes novos amigos e estás conhecendo novos lugares.
ResponderExcluirNão esqueça do ditado que todo homem deveria conhecer um lugar novo por mês.
Aproveita a oportunidade que estás tendo.
Acho que o ditado é um lugar novo por ano.
ResponderExcluirMas aí é muita vadiagem, tem que se ligar. Quem fica parado é veado.
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