


Irrelevante dizer, mas direi assim mesmo, que o conteúdo do livro compreende o conteúdo básico necessário para se iniciar na escalada e versa ainda sobre alguns tópicos avançados. As ilustrações em geral são boas, mas foram prejudicadas pela qualidade da impressão. O texto é corrido e de fácil leitura, mas achei um pouco desorganizado; muitos assuntos aparecem como pré-requisitos para outros, antes de terem sido devidamente apresentados. Por texto corrido, quero dizer que lê-se o livro como uma história e em várias partes falta "parar" o texto e realmente focar na técnica, apontar a figura e sistematizar o procedimento. O único capítulo que faz isto de fato é o de Auto-resgate, provavelmente pelo fato de ter sido baseado no livro de mesmo título (Self-rescue) do David Fasulo (Ed. Falcon Press). Isto pode tornar o livro bom para quem está acompanhando um curso, e de fato parece este o propósito, mas não o faz um bom livro de referência.
Os autores dão várias dicas interessantes, nem tão comuns em livros do gênero, reflexo da experiência deles. Além das dicas, gostei muito do capítulo Uma breve história do montanhismo e também dos capítulos finais sobre Treinamento, Nutrição, Prevenção de acidentes, Graduação e Meio-ambinente e ética. Longe de esgotarem os assuntos, estes capítulos alertam desde o princípio (supondo que se leia o livro todo antes de começar a escalar) para questões que poucos dão importância ou só sofrem cobrança quando já estão "viciados", lesionados e relaxados. Diga-se de passagem alguns destes capítulos deveriam estar no começo antes que o leitor se canse da leitura, claro que sob o risco de frustrar-se por querer logo aprender a usar o equipamento.
O grande diferencial que espero hoje de um livro de escalada é explicar as coisas e seus "porquês". Todos os livros sempre falam do julgamento que o escalador deve fazer baseado em seu conhecimento, criatividade e experiência nas mais diversas e adversas situações. Por isso acho que não basta saber como se faz, mas porque se faz. O escalador deve ser capaz de raciocinar para resolver problemas como um matemático, um físico ou um engenheiro fazem, e não consultar no cérebro uma gama de procedimentos assimilados. Este livro ainda não chegou lá, pelo menos não de forma objetiva.

Concordo com as críticas. Mas penso que nossa literatura de montanha esteja evoluindo, mesmo que lentamente.
ResponderExcluirQuando tiveres tempo, poste críticas sobre os filmes.
Abraços