sábado, 13 de junho de 2009

Arádena-Mármara-Loutró - Parte 2

Pelo menos uma vez comentei neste blog a respeito do setor de escalada em Mármara, onde quase fui na oportunidade que descrevi aqui.

De acordo com o guia de escaladas de Chaniá, o setor de Mármara é pequeno, com apenas cinco vias, mas com um potencial para mais vias. O grande atrativo, eu diria, é a dificuldade de acesso e a bela praia de Mármara.

Mas a realidade é dura e o setor de Mármara é uma farsa. A praia de Mármara é interessante e bonita. Bastante pequena com costões rochosos de mármore que formam pequenas cavernas banhadas por água azul claro absolutamente transparente. Seria perfeito se a praia não estivesse tomada por espreguiçadeiras e guardas-sol para aluguel, por um restaurante no alto de um dos costões e por dezenas de lanchas "estacionadas" por ali.

Quando avistei por acaso uma chapeleta durante a descida de garganta de Arádena, achei por um instante que era uma via perdida fora do setor principal, pois esperava que o setor fosse mais perto da praia. Por via das dúvidas procurei por mais vias sem sucesso o que a princípio confirmava minha suspeita. Para ter certeza mesmo, peguei o guia na mochila e a foto mostrou que eu estava errado, mas certo. Quero dizer, estava no lugar certo achando que estava no errado.

Das quatro vias que deveriam existir na parede em questão, apenas uma tinha chapeletas. O guia dizia que as chapeletas velhas tinham sido trocadas por chapeletas novas, mas apenas duas chapeletas novas foram colocadas, sem que as antigas fossem retiradas. Os outras três vias indicadas no guia não existiam. Parece que por alguma razão eles colocaram as vias no guia achando que depois voltariam para equipá-las, mas nunca voltaram. Uma outra via que usava um buraco com uma fita como primeira proteção e outra chapeleta a seguir parecia inacabada e não constava no guia. Do outro lado da garganta, outra via também possuía chapas velhas. O potencial mencionado no guia é inexistente, exceto pelas vias que deveriam existir.

O Kostas criou uma fissura por friends e desde que comprou alguns para ele, quer usar em toda e qualquer oportunidade. Por isso carregou na mochila os dele, pelos tantos quilômetros de caminhada. Apesar não haver nenhum sinal de que houvesse parada para as vias inexistentes e nem mesmo sinal da possibilidade de colocar equipamento móvel, ele fez questão de se equipar e tentar chegar no suposto local da parada das vias. Ele poderia ter se quebrado todo ou morrido tentando, e várias vezes tentei dissuadí-lo de continuar. Mas ele foi e com isto perdemos pelo menos uma hora. Quando ele finalmente desistiu sugeri tentarmos a via com chapeletas, um 7a.

Ele não botou muita fé, mas já que estávamos ali, não custava tentar. A parede é um pouco negativa e a primeira chapeleta estava bem alta e todas as demais bastante espaçadas uma das outras. Coloquei a sapatilha, um sacrifício uma vez que meus pés estavam bastante inchados por causa da caminhada e do calor. Consegui chegar à primeira chapeleta com ajuda do Kostas que me apoiou pelas costas e depois pelos pés. Depois de clipar na chapeleta deu de ver melhor o estado dela, principalmente do parafuso e ver que uma queda por ali não era a coisa mais segura para se arriscar. Tentei rapidamente o lance seguinte para ver como era, mas o nível continuava alto (acho que mais do que 7a) e abandonamos. A via na face oposta era impraticável pelo estado das proteções e pelo calor (sob o sol).

Enfim, o lugar foi um desapontamento e certamente o pior setor de escalada que já visitei na minha vida (pelo menos dada a expectativa promovida pelo guia). Fomos para a praia e nos juntamos aos demais.

Na parte 3, descreverei a caminhada de Mármara para Loutró.

Link para o álbum desta publicação: Arádena-Mármara-Loutró - Parte 2

Um comentário:

  1. Que tristeza heim ! Pelo menos agora pode dizer que esteve em todos os setores de escalada da ilha.

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