sexta-feira, 5 de junho de 2009

Um pouco de escalada tradicional

Já escrevi sobre Stavrós em quatro oportunidades: Stavrós. Em uma delas, contei sobre a escalada que fiz de uns 20 m só para sentir um pouco o setor, com segurança da Anamaria. Depois de muita enrolação finalmente voltei a Stavrós. Desta vez com o Kostas e com um rack um pouco menos incompleto. Foi no último domingo, 31 de maio pela manhã.

Subimos a trilha que dá acesso à base da pedra em 28 minutos. Ficou combinado que apenas eu guiaria e que o Kostas subiria de segundo, pois não tem experiência em montar paradas. Fiquei mais tranquilo assim, pois ainda não tenho muita confiança nas colocações de peças móveis que ele faz. Guiei a primeira enfiada sem muita demora, protegendo menos do que da última vez. Porém demorei um bom tempo até montar a parada, em um local onde a montagem é mais do que evidente.

O Kostas se juntou a mim e segui para a nossa segunda enfiada de corda, uma travessia horizontal de uns 8 metros, também fácil que depois segue para o alto. Protegi bastante, principalmente depois que a travessia termina pois a pedra ficou um pouco mais vertical. A maior parte das proteções são com fitas e logo elas acabaram. Cheguei num ponto em que tinha uma colocação perfeita para um nut, uma colocação média para boa para um friend e um arbusto fajuto meio elástico. Usei os três para fazer um parada que também não foi montada na melhor das velocidades. Mais uma vez o Kostas veio e ficou num platozinho mais confortável um pouco abaixo com a auto-segurança dele bem longa.

O setor de Stavrós pega sol pela manhã e a sombra começa a nos perseguir mais de perto. Parti para a terceira enfiada. Esta enfiada não é muito legal. O grau continua baixo, possivelmente IV com um crux de V ou Vsup, mas com bastante vegetação e poucas colocações. Encarei o lance e cheguei num platozão com uma árvore grande e toquei para a esquerda até um local apropriado para a terceira parada. Entrei no espírito e montei a parada rapidamente desta vez, usando mais uma vez um friend, uma laçada em alça de pedra e um arbusto.

Chamei o Kostas que chegou meio ansioso com o horário, porque tinha que ir trabalhar. Para falar a verdade eu estava cansado e um pouco nervoso para encarar o lance seguinte que parecia um pouco exposto. A falta de tempo jogou a meu favor e começamos a planejar a descida.

Passei uma fita pela alça de pedra e pelo arbusto coloquei uma anilha de ferro que o Kostas tinha trazido. Enquanto o Kostas subia, achei sem querer um piton entalado numa fissura também com uma anilha de aço nos arredores do local da parada. O piton parecia em bom estado e passamos a corda pela anilha do piton e pela anilha da fita. Deixamos a parada como backup, peguei todo o equipamento e desci em direção a nossa primeira parada para o caso de a cordar não chegar no chão.

Como minha corda tem 70 m (na verdade um pouco mais) mais a elasticidade da corda, consegui chegar na base com a ponta da corda a meio metro do chão. Desfiz o nó e deixei a corda toda passar pelo aparelho e refiz o nó. O Kostas desfez a parada e desceu voando. Só que como eu não tinha descido reto, a corda se prendeu em arbustos e a pressa dele fez as coisas demorarem mais. Quando ele chegou no chão ele quase soltou a corda depois de tirar do freio. Descendo em linha reta ele chegou numa parte mais baixa e a corda ficou a pouco mais de um metro do chão. Se ele soltasse, a gente não conseguiria alcançar a corda para puxar. Gritei a tempo.

Nem arrumamos o equipamento, só jogamos tudo nas mochila e descemos. Caí duas vezes durante a descida sem me machucar e a completamos em 11 minutos. Tudo que não tínhamos suado durante a escalada suamos durante a descida da trilha.

Nossa escalada foi demorada, principalmente na montagem das paradas e nas trocas. Por sinal talvez seja melhor ir até o ponto onde fomos com apenas duas paradas, para não perdermos muito tempo. Mas a travessia atrapalha um pouco essa idéia. Acho que agora escalaremos tradicional com mais frequencia e aos poucos vamos ficando mais agilizados.

Durante a escalada fiquei bastante nervoso. Enquanto estava nas paradas, principalmente na segunda que era mais vertical só ficava olhando para o nut e o friend. Por mais que soubesse que eles estavam bem colocados ficava aquele medo de que um deles pipocasse. Durante a escalada cheguei a pensar se realmente estava afim de escalar tradicional, e olha que só subir uns 40 metros... Mas depois de passado e já relaxado, dá bastante vontade de voltar e terminar a via para então tentar as outras que Stavrós oferece.

Link para o álbum desta publicação: Um pouco de escalada tradicional (mais fotos quando o Kostas me enviar)

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