Por volta de 17h00 decidi empacotar o equipamento para ir escalar sozinho no Monte Várdia, já que não recebera um resposta para a mensagem que enviei ao Christos ao meio-dia. Levei todo o equipamento na expectativa de encontrar alguém lá e assim me "auto convidar a mim mesmo" para me juntar a este alguém, ou "alguéns". As chances eram muito pequenas, claro.
Comecei na primeira via do setor, um 'V' classificado no guia como boulder. O crux é na entrada e mal o sangue começou a correr forte nas veias, passou por mim uma moto com dois caras que não hesitaram em cumprimentar. Interrompi minha "promissora" ascenção para ir falar com eles, o Apostólis e o Elefthérios. Nem deu tempo de a gente conversar muito e já me ofereci para me juntar a eles. Concordaram imediamente, mas estavam ali só para fazer boulder. A verdade é que o Apostólis está retomando a escalada depois de passar por duas cirurgias, uma na mão e outra no pulso, e está trazendo junto o Elefthérios, iniciante na arte de subir pedras, para ele aprender alguns movimentos na rocha.
Acabei ficando sozinho e deixei eles escalando. Fiz a parte baixa de alguns boulders e achei um acesso fácil para o topo da falésia, que poderei usar em outras oportunidades para ir até o topo de uma via para armar top-rope.
Certa hora acabei indo escalar na mesma parte da pedra que eles e voltamos a conversar. O Apostolis desandou a falar. Ele reclamou que muitas vias aqui em Chaniá têm as chapeletas longe demais uma das outras e que recentemente algumas vias, do Monte Várdia por exemplo, receberam mais chapeletas para melhorar a segurança. Por conta disso, ele disse que prefere escalar nas regiões de Réthymno ou de Heráklio, onde as vias são mais protegidas
Deixou claro portanto, que para ele o importante é segurança, e deu a entender que era um aviso caso eu queira escalar com ele. Na última publicação, bem no finalzinho, comentei sobre a segurança (dar segurança). Mencionei como os escaladores parecem distraídos e têm fé no grigri. Curiosamente ele tocou neste assunto, sem mencionar ninguém, e vejam a seguir os dois "causos" que ele me contou.
O Apóstolis é amigo do Manólis Kampourakis. Este último é mencionado no guia de escaladas de Kapetanianá como a pessoa que estava encabeçando a proliferação de vias nessa região, atualmente. Além disso foi ele que equipou/abriu várias em Plákias (além de Kapetanianá), que resultou em elogios de vários dos melhores escaladores da Grécia. Ele, o Manólis, está com metade do corpo paralisado e hospitalizado; a pessoa que estava descendo-o de baldinho deixou o final da corda passar pelo aparelho. Em outra publicação comentei sobre a ida ao Festival Grego de Filmes de Montanha, aqui em Chaniá. Um dos filmes que vi, era uma homenagem de cerca de 5 minutos a um escalador daqui que morreu escalando no Paquistão. Ele morreu porque o amigo/parceiro dele também deixou o final da corda passar pelo aparelho e o cara caiu.
Comentei brevemente na penúltima publicação que as vias que os caras escalaram no Jardim Suspenso são de duas enfiadas, mas que fizeram em uma. Ou seja, na hora de descer de baldinho, eles são baixados até um nó na ponta solta da corta bater no freio e depois o segurança sobe enquanto o outro desce, até se juntarem numa parte da via que pode ser descida desescalando sem muita dificuldade. Outro erro de segurança que não comentei foi o fato de que mais de uma vez vi eles unindo duas costuras para diminuir o arrasto. Até aí tudo bem, mas ao invés de retirar um mosquetão de uma para uni-las -três mosquetões e duas fitas- eles costuravam uma na chapeleta e depois outra na costura de antes, algo que é errado.
Fora questões de segurança, perguntei sobre outros setores em Chaniá que não estão no guia, e ele me falou de Zurvas, um setor além de Thérisso onde a outra turma estava na primeira vez que liguei para eles, antes de irem para o Jardim Suspenso. Comentou também que uma dupla de bons escaladores, irmãos, têm uma cafeteria em Sougia, um balneário turístico importante ao sul de Chaniá. Este dois começaram a abrir vias na Garganta de Lissós, próxima a Sougia, que já conta com duas vias.
Depois da conversa fui para outro local escalar mais um pouco e quando voltei, já decidido a ir embora, vi eles fazendo uma travessia na parte de tetos do Monte Várdia. Botei a sapatilha de volta e escalei um pouco com eles. Fiz a travessia nos dois sentidos. Bem legal, com uns 6 metros de extensão. Boas agarras para os pés, e nem tão boas agarras (bastante agressivas) para as mãos, sempre empurrando o escalador para fora.
Anotei o telefone do Apostólis e ele vai me ligar amanhã se for escalar, provavelmente em Thérisso. Ele também disse que provavelmente vai escalar em Réthymno no próximo final de semana e que me avisa se for. Saí do Monte Várdia por volta de 20h00, já noite. Incrível que há menos de um mês eu saia às 21h00 com os últimos raios de sol. Já em casa chegou uma mensagem do Christos dizendo que não escalou hoje, mas que me liga se for amanhã à tarde. Ou seja, as chances de escalar no domingo são bem grandes.
P.S. Apesar dos comentários "maldosos" que fiz, não acho que seja perigoso escalar (esportiva) com o Christos e etc., tanto é que continuarei indo se me chamarem. Mas até o momento não encaro uma parede com algum deles e verificarei sem piedade os meus parceiros.
P.S.2 Enquanto estava relendo o texto chegou um mensagem do Apostólis dizendo que não vai mais escalar amanhã, mas que me liga no próximo final de semana. As chances para este final de semana voltaram a diminuir...
Link para o álbum desta publicação: Grandes Chances
Tomara que o Cristos vá, então!
ResponderExcluirBoa escalada!!
Tomara que o Cristos vá, assim tu vai estar escalando com o Filho do Pai!
ResponderExcluirDaniel
LEgal narigones! Parece que esses novos amigos são bem mais prudentes e cautelosos! Essa do segurança não se ligar no fim da corda é o fim da picada!
ResponderExcluirabraço
E mais, escalando com o filho do pai, não precisas te preocupar com a segurança.
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